A melhor escolha sempre são produtos cujo ingredientes sejam naturais
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A melhor escolha sempre são produtos cujo ingredientes sejam naturais

Uma regra básica que todo dono de pet sabe é que não podemos dar chocolate para nossos amiguinhos de quatro patas. Contudo, no período de Páscoa, há sempre uma vontade em fazer com que eles sejam incluídos na comemoração.

Para que isso aconteça, é possível encontrar produtos específicos para que possamos emular as guloseimas típicas de épocas festivas e para que os pets também possam ter um gostinho da comemoração.

Próprio para cães

O chocolate, tão apreciado pelos humanos, é considerado um veneno para os cães. A  médica-veterinária  Mayara Andrade explica que, na realidade, o que deixa o alimento tóxico para os animais é uma substância no cacau chamada teobromina.

Ela é da mesma família da cafeína e, para os humanos, causa efeitos como aumento da energia e concentração. “O que para nós, humanos, em doses adequadas pode ser algo benéfico, para os pets é completamente diferente, porque — mesmo em doses mínimas — eles não são capazes de digerir ou metabolizar essa substância”, explica a especialista.

Por menor que seja a quantidade, os danos causados pela intoxicação podem ser catastróficos, como neurológicos, gastroentéricos e cardíacos. Os problemas aumentam com a concentração de cacau no doce, sendo os mais tóxicos os chocolates amargos.

A especialista em endocrinologia veterinária Katiane Rocha afirma que em caso de intoxicação, o tutor deverá levar o animal para um médico-veterinário o mais rápido possível para que um tratamento seja iniciado: “Mesmo em quantidades pequenas é preciso levar ao veterinário imediatamente, para que esse pacientes sejam examinados e fiquem em observação.”

Para tratar a intoxicação em si não há um “antídoto”, mas existe um protocolo que deve ser seguido para amenizar a situação. “Nós fazemos um tratamento com a reposição hídrica, com tratamentos sintomáticos caso [o pet] esteja com problemas de alterações neurológicas, como convulsões, vômito e diarreia. Precisa de uma assistência veterinária emergencial”, explica Katiane.

Então, não podemos incluir os pets nas comemorações?

Não necessariamente, informa a especialista. Diversas empresas vêm trabalhando com a produção de ovos de Páscoa próprios para cães , sem a adição de produtos nocivos aos bichanos.

A empresa de produtos para pets Petiko, por exemplo, desenvolveu um produto com base de farelo de aveia, lecitina de soja, leite em pó, sacarose, ácidos graxos, corante artificial de caramelo e aroma de baunilha para conseguir incluir os animais na comemoração.

Seguindo na mesma linha, a empresa Petz desenvolveu um ovo de Páscoa destinado a cães com composição baseada em proteína animal. Segundo o porta-voz da empresa, ele é feito com “a mesma massa dos bifinhos para cães, portanto todos os ingredientes são seguros”, ressaltando que não há a adição de chocolate na fórmula. 

Contudo, o tutor sempre deve estar atento aos ingredientes que compõem o produto, em caso de alergias específicas do animal. Os ovos de Páscoa da Petz são formados com “carne mecanicamente separada de aves, pulmão de suíno, hemoglobina desidratada de bovino, cloreto de sódio, farinha de soja desengordurada, farinha de carne e ossos de bovino, farelo de arroz”, entre outros itens, segundo o porta-voz.

A médica-veterinária Mayara Andrade explica que é “fundamental que os tutores observem os ingredientes presentes nestes alimentos”. Ela continua: “O ideal é que seja um alimento feito exclusivamente para pets, sem corantes, conservantes ou aromatizantes artificiais.”

Outro ponto observado pela especialista é o fato de os pets não terem a necessidade de comer doces: “Cães e gatos apresentam percepções em relação ao sabor diferentes de humanos. Enquanto humanos apresentam cerca de 9 mil papilas gustativas, cães apresentam 1.7 mil e  gatos apenas 450.”

Katiane completa a colega de profissão ressaltando os perigos da humanização extrema dos pets. “Nós precisamos respeitar as múltiplas espécies de cães e gatos que são carnívoros”, e tomar cuidado “com esses ovos de Páscoa que são ‘feitos para pets’”.

A especialista acresceta que o ideal é não dar aos animais nada que tenha o “aditivo de conservante, corante e saborizantes que se aproximem ao sabor de chocolate”. A oferta desses produtos pode ser perigosa, pois o pet “não tem que estar gostando do sabor de chocolate”. Caso ele venha a experimentar algo que emule o chocolate, ele entende que pode comer produtos com cacau.


Cuidados com a quantidade

O principal que devemos ter em mente quando falamos de ovos de Páscoa é que o alimento se trata de um petisco . Tanto a Petiko quanto a Petz são categóricas em dizer que os ovos não devem substituir a  alimentação do animal, e fazem recomendações da quantidade que deve ser oferecida.

Segundo o co-fundador e CMO da Petiko, Rodrigo Furtado, a “indicação é que o tutor ofereça o produto como petisco, para demonstrar carinho, ou como recompensa durante o adestramento .

As quantidades recomendadas variam de acordo com o porte do cachorro, segundo o executivo. Para porte pequeno (até 10 kg), a recomendação diária é de até 17g do ovo; para porte médio (até 20 kg), é de até 22g; para porte grande (mais de 20 kg), é de até 27g.

Já o porta-voz da Petz explica que o recomendado do produto da empresa é de 20g ao dia para cães de pequeno porte, 40g para porte médio e 60g para porte grande. O cálculo se “baseia em um consumo de 10% da energia que o cão pode comer no dia”, explica o porta-voz.

“Essa recomendação é feita para evitar obesidade e não desbalancear o alimento completo que ele consome. O consumo muito acima das recomendações pode causar obesidade e quadros de diarreia, obviamente dependendo do quanto se consumir acima do recomendado”, acrescenta.

A veterinária Mayara alerta, no entanto, que “qualquer alimento que esteja fora da dieta calculada para os pets, pode oferecer riscos à saúde do animal”.

“Tudo em excesso pode fazer mal, além de gerar dificuldades na manutenção do peso corporal adequado. Se o pet não está acostumado com petiscos, por exemplo, há o risco de termos desde recusa no consumo até, em casos mais raros, distúrbios gastrointestinais como vômito e diarreias”, acrescenta.

As especialistas alertam que a melhor forma de saber qual petisco escolher é achar um com o menor número possível de ingredientes. Uma opção são os petiscos cuja base são proteínas desidratadas, como o peito de frango por exemplo, que consegue ficar no formato de um ovo de Páscoa, contudo, feito apenas com um ingrediente.

Mayara finaliza explicando que é “importante que os tutores fiquem sempre atentos para evitar que cães e gatos acabem consumindo chocolate, além de orientar outras pessoas da família, principalmente idosos e crianças, que podem oferecer esse tipo de alimento para os pets como agrado ou recompensa.”

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