O tratamento humanizado provoca muito problemas comportamentais e de saúde no animal
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O tratamento humanizado provoca muito problemas comportamentais e de saúde no animal

É cada vez mais comum que as pessoas que amam seus animais de estimação se autodenominem como “pais e mães de pet”, tratando os bichinhos de estimação como verdadeiros membros da família e direcionando aos animais sentimentos semelhantes aos que se teria com um filho biológico – dando quarto, cama, roupinhas, levando à viagens, entre muitos outros.

A antropomorfização - dar características ou tratamentos humanos a algo que não é humano – dos animais tem seus lados positivos, mas também pode trazer prejuízos bastante significativos aos animais.

A médica veterinária Mayra Susenko explica que o ato de humanizar os pets tem um lado positivo, já que assim os animais recebem carinho, amor, atenção e são respeitados como os seres sencientes que são.

“Os animais também sentem frio, dor, fome, sede, medo... trazer essa realidade para o dia a dia com a interação com os pets e suprir todos estes anseios e sentimentos é importante (para eles e para os humanos também)”, diz a veterinária ao Canal do Pet.

Mayra acrescenta que esse tratamento especial, porém, não deve inibir hábitos e instintos que os pets herdaram de seus ancestrais, que viviam na natureza.

“Os pets têm necessidades muito diferentes dos humanos. É importante manter isso em mente. Humanizar no quesito de dar carinho, conforto, cuidado, chamar de 'filho' não tem problema”, explica. Mayra alerta que, a partir do momento em que se começa a tratar o pet como se ele fosse um pequeno ser humano peludo, isso pode trazer prejuízos físicos e psicológicos ao animal.

Mayra diz que o processo de humanização passa a ser ruim quando ele anula a natureza do animal, instintos ou comportamentos naturais da espécie. Um exemplo é fornecer uma alimentação sem proteína para os felinos – que precisam dessas proteínas e seus aminoácidos específicos para diversas funções vitais.

“Porque é escolha de estilo de vida dos tutores, ou estimular o pet a ‘andar de pé’ por muito tempo, como humano, ignorando a anatomia quadrupedal dos animais”, diz a veterinária.

Existem tutores, por exemplo, ou por serem veganos tentam impor uma alimentação também sem proteína de carne aos pets que, naturalmente, se alimentariam de carne. Algo que,  até certo ponto, é possível, mas requer todo um acompanhamento com um médico veterinário.

Como a perda de hábitos naturais afeta os animais

O tratamento humanizado provoca muito problemas comportamentais e de saúde no animal
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O tratamento humanizado provoca muito problemas comportamentais e de saúde no animal

“A perda dos hábitos e instintos naturais gera problemas comportamentais nos animais, como a ansiedade de separação, compulsões, comportamentos agressivos, e em casos extremos (como citados anteriormente) promove problemas físicos por má nutrição ou por lesões ósseas e articulares”, alerta Mayra.

Quando um pet já perde parte do comportamento que o torna o que é, ou deveria ser, transtornos comportamentais afetam drasticamente a vida do pet. Alguns cães, por exemplo, deixam de querer andar na coleira e preferem estar no colo ou em  bolsas e carrinhos, semelhantes aos de bebê.

O adestrador comportamental André Almeida diz que é preciso voltar na educação do animal, revendo suas necessidades como um pet, “para que ele volte a entender a vida como membro de um grupo que tem responsabilidades e deveres”.

André lembra sobre um estudo conhecido como "Teoria da dominância", que usava o comportamento de lobos que viviam em alcateias como base para o comportamento de cães domésticos, “algo que foi mostrado pelos próprios pesquisadores estava errado e fez com que os cães passassem por muitas situações que não deveriam. Essa humanização traz ao pet um sofrimento igual, ou ainda maior, em alguns casos”.

Para evitar ou controlar esses aspectos, o adestrador afirma que se deve ofertar aos animais uma alimentação adequada à espécie, em quantidade e horários específicos, para estimular o animal.

Alguns dos tratamentos “humanizados” também são positivos, como os passeios diários (que também ajudam na socialização), o uso de dogwalkers (passeadores de cães), creche para cães, pet sitter e planos de saúde para cães e gatos.

“Brinquedos e ossos ajudam o pet para não desviar necessidades individuais, como mastigar ou destruir móveis, além de dar sensação de prazer e bem estar. Esses estímulos ajudam que, no fim do dia, o animal esteja mais tranquilo e carinhosos com os tutores”, diz André.

A humanização prejudicial ou benéfica dependerá muito de como o tutor trata o pet no dia a dia. “Todo o comportamento será reforçado - ou vai perder força - dependendo do que o indivíduo recebe, então nos primeiros sinais de comportamentos incomuns, é importante um profissional da área para ajudar, como um nutrólogo canino para a alimentação, um treinador para comportamentos, um médico veterinário, de acordo com a necessidade”, completa.

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