Uma ação criada pela Petz, uma rede brasileira de pet shops, visa estimular a adoção de cães e gatos , e vem ganhando cada vez mais empresas adeptas: a Licença PETernidade. A iniciativa chamou a atenção não só do setor pet, como de todo o mercado, já que companhias de outros segmentos têm adotado o benefício.
A medida foi criada em 2021 e, segundo a Ana Cecilia de Paula e Silva, head de Marketing & CX do Grupo Petz, na empresa até o momento 50 colaboradores já usufruíram do benefício.
"Criamos a licença pensando no bem estar dos nossos colaboradores e de seus pets mas, acima de tudo, pensando na conscientização de todos sobre a adoção responsável. Torcemos para que cada vez mais empresas possam aderir a esse benefício, entendendo essa iniciativa como um movimento maior ligado à nossa bandeira do bem estar animal", afirma a executiva.
No site da campanha, a Petz explica que os dias de ausência no trabalho possibilitam que o novo tutor se dedique à chegada do pet "com foco e cuidados merecidos , além de ser o momento de conhecer e construir um vínculo com o novo amigo".
Além da rede brasileira de pet shops, mais oito companhias incluíram a licença em seus pacotes de benefícios e uma delas é a Vivo, empresa de telefonia. Em nota ao Canal do Pet, a organização informou que fornece a licença pelo período de dois dias desde maio de 2021.
"Ao realizar a adoção de um cão ou gato, os colaboradores devem apresentar à área de pessoas as documentações que comprovam a adoção, como certificado emitido pela ONG, por exemplo e, assim, passam a usufruir do benefício de dois dias livres para cuidar do pet", informa a nota.
A iniciativa foi bem recebida pelos colaboradores, segundo a empresa que afirma que enxerga a licença PETernidade como forma de estender o cuidado e a atenção também para os animais de seus colaboradores, além de estimular a adoção.
O benefício faz parte do movimento Vivo Pets, lançado pela Vivo em abril de 2021, que propõe conectar clientes a ONGs (Organizações Não Governamentais) de acolhimento animal cadastradas na plataforma de relacionamentos da operadora, Vivo Valoriza, incentivando a adoção consciente de animais.
Outra empresa que também aderiu ao movimento é a Petland&CO, que atua nos segmentos de pet shop, clínica veterinária, plano de saúde, produtos de marca própria , serviços financeiros, distribuição e logística.
A coordenadora da área de Gente & Gestão da companhia, Camila Godinho, explica que a marca já tinha a inicitiva no seu plano de benefícios em 2020, mas que a ação foi intensificada com mais força neste ano. Desde a implantação, ao todo 12 funcionários da empresa já utilizaram a licença, que é concecida por dois dias e uma vez por ano.
"É necessário que o colaborador informe ao [setor] Gente e Gestão, da adoção ou compra de um pet, com ou sem antecedência, pois entendemos que esta decisão é algo que pode surgir de forma repentina", informa a coordenadora, que finaliza dizendo que é importante que o colaborador negocie com o gestor os dias em que o benefício será aplicado.
"Também é importante que o colaborador combine com o gestor a melhor data para licença, que nem sempre vai acontecer no mesmo dia da adoção, apesar de ser a melhor forma de receber o novo pet", diz.
Isabelle Bertanha, coordenadora de marca exclusiva da Petland&CO, foi uma das colaboradoras que utilizou o benefício. Ela adotou a cadela Lugia, sem raça definida, e que hoje está com oito meses. A funcionária acredita que utilizar o benefício foi essencial em dias em que a pet precisou da companhia da tutora.
"A licença peternidade foi muito importante para que eu pudesse estar totalmente dedicada à Lugia. Eu a adotei numa ONG. Planejei usar a licença para estar com ela no dia em que foi castrada , quando ficou muito ansiosa, e para levá-la ao banho . Dois momentos em que ela se sentiu mais segura e feliz por ter a minha companhia”, conta.
Dois dias são suficientes?
Uma dúvida que pode pairar na cabeça dos tutores é a de questionar se apenas dois dias são suficientes para dar suporte ao pet depois de adotado. Segundo a clínica geral do Hospital Veterinário Taquaral (HVT), de Campinas, em São Paulo, Vanessa Genari, a resposta é sim. Ela explica os benefícios da licença no caso de gatos .
"A partir do momento em que ficamos em casa com o gato nos primeiros dias, ele cria uma ligação maior com o tutor. É possível entender o comportamento do animal, delimitar melhor os locais da casa onde ele vai ficar, onde é o melhor local para se colocar as
caixas de areia
e os potes de água e ração e, muito importante, fazer a adaptação adequada com os animais já existentes na casa", explica a especialista.
Com os cães o procedimento não é diferente, como explica Débora de Souza, especializada em clínica e cirurgia de pequenos animais e pós-graduanda em dermatologia veterinária. Ela salienta que, por muitas vezes, os tutores também estão vivendo uma adaptação já que podem ser "pais de pet de primeira viagem".
"O cão por vezes viveu anos dentro de gaiolas ou nas ruas e o novo responsável pode ser um
pai ou mãe de pet
de primeira viagem. Muitas vezes a pessoa nunca teve nenhum animal antes e por isso se trata de uma adaptação a ser realizada por ambos os lados. É importante nessa fase o preparo da casa, oferecendo um local acolhedor e seguro para o animal”, destaca a veterinária.
Preparando o ambiente
Algumas medidas precisam ser tomadas logo nos primeiros dias do pet em seu novo lar, conforme as especialistas. No caso dos gatos, um ponto requer atenção antes mesmo da chegada do animal.
"A medida mais urgente nos primeiros dias de adaptação, antes de se adotar um gato, é telar todas as janelas, sacadas e qualquer área externa da casa, para o animal não ter acesso à rua", explica Vanessa Genari, que também chama a atenção para a saúde do animal.
"Os gatos também devem ser testados para as retroviroses felinas, como FIV / Felv , para descobrir precocemente uma doença e evitar a contaminação de outros gatos que a pessoa já tenha em casa. Também é importante nos primeiros dias não colocar diretamente o novo gato junto com outros, e fazer muito gradualmente a adaptação entre eles”, orienta.
Já para os cães, é importante separar, nos primeiros dias, um ambiente onde o animal terá seus pertences, segundo a clínica geral Débora de Souza.
“É interessante definir um local mais acolhedor, onde o animal possa se esconder caso tenha medo nessa fase inicial, com caminha, brinquedos e potes de alimentação e água”, finaliza.