As colônias são formadas por gatos que foram abandonados e felinos que já nasceram em situação de rua, nesse caso, se tornam os gatos conhecidos como ferais
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As colônias são formadas por gatos que foram abandonados e felinos que já nasceram em situação de rua, nesse caso, se tornam os gatos conhecidos como ferais

Em muitos ambientes urbanos é possível encontrar “comunidades” de felinos que vivem em uma espécie de sociedade. Essas são as chamadas colônias de gatos, que são formadas devido a falta de controle populacional e, principalmente, pelo abandono desses animais, que acabam se reunindo em locais que se assemelham ao que um dia foi o habitat natural da espécie, como parques, praças e, em alguns casos, até  condomínios e cemitérios.

Devido a falta de castração (controle populacional), os felinos se procriam nesses ambientes e, em muitos casos, os gatos “moradores” das colônias nunca tiveram contato com seres humanos — estes são chamados de “gatos ferais”. Como as felinas podem ter de três a quatro gestações em um ano, esse número acaba crescendo de maneira muito rápida.

É comum que muitos desses felinos acabem se tornando pets comunitários, ou sejam cuidados por protetores independentes e ONGs de proteção animal que , mesmo fazendo um trabalho voluntário, muitas vezes são alvo de críticas.

Como identificar uma colônia de gatos?

“Uma colônia felina pode ser identificada por um grupo de gatos que compartilham um território e muitas vezes exibem interações sociais”, diz Alessandra Zanotto, voluntária da Ong Fla.Gato, ao Canal do Pet . “A interferência humana [para a formação dessas comunidades] é a do abandono e maus-tratos.”

Os cuidados com a saúde de gatos de colônia

Na colônia na qual a Fla.Gato atua, conta Alessandra, são organizados turnos de alimentação diários e “tudo é feito de forma voluntária, contando apenas com recursos obtidos por meio de doações.”

Alessandra explica que os cuidados com os felinos variam de acordo com a gravidade: “Contamos com veterinários parceiros e quando os problemas de saúde são leves, os gatinhos são cuidados no próprio local; já quando a situação é mais delicada, buscamos lar temporário ou recorremos a hospedagens.”

Os gatos ferais, que são felinos que já nasceram em condição de rua, podem demorar um pouco mais para se adaptarem ao ambiente doméstico pela falta de contato com seres humanos, mas, ao contrário do que algumas pessoas pensam, eles podem viver como animais de estimação — sendo mais seguro do que viver em colônias, ainda que recebam cuidados de voluntários.

“No caso da colônia na qual atuamos não é seguro eles viverem ao ar livre”, comenta Alessandra. “O parque muitas vezes é idealizado, mas há alto risco de atropelamento, além de maus-tratos e ação dos agentes atmosféricos.”

Ela complemnta: “Tivemos casos de gatinhos que demoraram muito a se adaptar, mas com paciência e contando com o auxílio de comportamentalistas, na nossa experiência, até gatos muito medrosos se adaptaram a seus novos lares.”

Controle populacional por CED

O método CED ajuda a controlar população de gatos que vivem em colônias urbanas, de forma mais saudável e segura
Alexander Nadrilyanski/Pexels
O método CED ajuda a controlar população de gatos que vivem em colônias urbanas, de forma mais saudável e segura

Um meio de tentar controlar a superpopulação de animais de rua é o chamado método CED (Captura, Esterilização e Devolução) , no qual animais de colônia são capturados, castrados e, depois de recuperados, devolvidos para as colônias — ou disponibilizados para adoção, quando possível.

Esse método é muito utilizado pelas ONGs, que podem bancar tudo com a ajuda de doações, ou com campanhas promovidas por prefeituras, como é o caso da Fla.Gato.

“Sim, recorremos às campanhas da prefeitura e, às vezes, recebemos doações para efetuar as castrações em clínicas parceiras ou da confiança dos doadores”, comenta Alessandra lembrando, na sequência, que não há condições para se realizar a castração de todos os felinos.  “Temos um setor da ONG que organiza essa logística e que avalia quais gatos são prioritários para castrar naquele momento”, diz ela.


Um trabalho valioso que nem sempre é bem-visto

Alessandra afirma que, de forma geral, o trabalho realizado pela ONG é elogiado e respeitado, no entanto, a desinformação generalizada faz com que muitas pessoas critiquem o trabalho de proteção desses animais.

“Sobretudo nas redes sociais”, diz a protetora. “Há pessoas que reclamam dos felinos e atribuem aos mesmos a culpa de outras problemáticas do local, como a presença de excrementos, que se devem também a humanos que fazem suas necessidades por lá. Há também [casos de] fake news [notícias falsas] sobre doenças supostamente transmitidas por eles”, comenta.

Um caso neste sentido ocorreu neste ano com a doença esporotricose, que foi associada aos felinos como “doença transmitida por gatos” , — notícia falsa considerada uma grande irresponsabilidade pelos protetores da causa animal.

Gato que vive em colônia cuidada por voluntários da ONG Fla.Gato
Gato que vive em colônia cuidada por voluntários da ONG Fla.Gato
Gato que vive em colônia cuidada por voluntários da ONG Fla.Gato
Gato que vive em colônia cuidada por voluntários da ONG Fla.Gato
Gato que vive em colônia cuidada por voluntários da ONG Fla.Gato

Vitória De Giuseppe, voluntária responsável por cuidados de gatinhos de colônia da Fla.Gato, confessa que, por questões de segurança, a ONG prefere não divulgar o local das colônias.

É comum, inclusive, que as pessoas aproveitem esses locais para abandonar novos animais, principalmente filhotes, além de maltratar os animais que vivem nas colônias. Vale ressaltar que o abandono de animais é crime no Brasil, de acordo com a Lei Federal 9.605/98.

Desde 2020, por meio da Lei Federal 14.064/20, a pena contra maus-tratos é de dois a cinco anos de reclusão, multa e proibição da guarda de cães e gatos.

Como ajudar?

Além de atuar como voluntário em ONGs de proteção animal, é possível ajudar com doações — seja de valores em dinheiro, ou mesmo com serviços (como veterinários, por exemplo), com alimentos e produtos de saúde e higiene.

Para ajudar o trabalho realizado pela Fla.Gato, Alessandra Zanotto indica entrar em contato com a ONG pelas redes sociais. “Atualmente estamos no Instagram , Facebook, Twitter e TikTok mas os contatos preferenciais são com as duas primeiras redes.”

“Temos muitos tipos de voluntariado, tanto remoto, quanto presencial, e qualquer ajuda será muito bem-vinda. Para doações, é possível doar alimentos, medicamentos ou demais insumos. Além disso, é possível contribuir por Pix (chave: pixflagato@gmail.com). Temos também modalidades de doação mensal”, completa.

Para esta matéria, o Canal do Pet entrou em contato com a Toca dos Bichos , um porta-voz da ONG informou que, devido às condições financeiras, não estão mais conseguindo ajudar de gatos de colônias. “Estamos sem conseguir alimentar os nossos [animais do abrigo]. Nossa situação está muito difícil”, confessou a porta-voz.

Para ajudar a Toca do Bicho, é possível fazer doações pelo Pix (chave: ong.tocadobicho@gmail.com) ou pelo Apoia.se . Além de cães e gatos, a Toca do Bicho resgata animais como porcos e cavalos.

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