O método CED ajuda a controlar população de gatos que vivem em colônias urbanas, de forma mais saudável e segura
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O método CED ajuda a controlar população de gatos que vivem em colônias urbanas, de forma mais saudável e segura

O abandono e o descaso com animais domésticos já é um grande problema na maioria dos centros urbanos há muitos anos. Com o tempo, esses animais passam a se reproduzir desenfreadamente e formam as chamadas colônias de gatos – na maior parte dos casos, são felinos que já nasceram em condição de rua e não estão habituados ao convívio com seres humanos e ambientes domésticos.

Quando esses gatos não recebem atenção, podem se tornar um problema de saúde pública – além do barulho causado pelos felinos em seus rituais de acasalamento. Para resolver esse problema da melhor forma possível, e tornar essas colônias de gatos um ambiente saudável – tanto para as pessoas, quanto para os próprios felinos, foi criado o método conhecido como Captura, Esterilização e Devolução (CED).

Como o nome sugere, os gatinhos são capturados, castrados e devolvidos ao seu local de origem. Desse modo, os animais continuam vivendo em um ambiente livre, como estão acostumados, mas de uma forma mais segura, saudável e controlada - sem os riscos de desenvolverem superpopulação, de se envolverem em brigas, adquirirem certos tipos de doenças, entre outros.

O CED foi idealizado pela ativista de proteção animal Ruth Plant, no começo da década de 1950, na Inglaterra. Ruth foi considerada uma pioneira no bem-estar animal e teve sua história contada no livro “Ruth Plant: A Pionner in Animal Welfare” (Ruth Plant: uma pioneira do bem-estar animal, em tradução livre), escrito por Janny Remfry e publicado em 2001.

O procedimento pode ser dividido em quatro etapas básicas:

  • Estudo da área: a ONG estuda a área, identificando as colônias de gatos que lá residem, o número de animais e seus hábitos alimentares;
  • Captura de animais: com todas as informações coletadas, a organização captura os gatos usando técnicas de manuseio totalmente seguras (geralmente atraindo os animais com comidinhas e petiscos), evitando assim que os pets se machuquem;
  • Castração e vacinação: os animais são levados para clínicas especializadas. Lá, a castração nas fêmeas é feita por meio de uma "cirurgia minimamente invasiva", que consiste em pequenas incisões (geralmente de 1 centímetro cada) na região do tórax do animal; permitindo que o cirurgião cauterize e corte o ligamento do ovário com o mínimo de sangramento. Com esse processo o animal sente menos dor, tem menor risco de infecção, suas cicatrizes são menores e o tempo de recuperação é mais rápido. Os veterinários também fazem um corte na ponta da orelha do pet, sinalizando assim que ele já foi submetido ao procedimento, e o vacinam contra raiva.
  • Devolução : por fim, em um período de 12 a 24 horas após a captura, o gato é devolvido completamente desperto para o seu ambiente de origem. A devolução rápida é necessária para que ele se readapte completamente à sua colônia e evite a contaminação de outras doenças no ambiente clínico.

A polêmica por trás do CED

É realizado um corte cirúrgico na orelha dos felinos para identificar quais já foram devidamente castrados
Gabriel Siqueira/Pexels
É realizado um corte cirúrgico na orelha dos felinos para identificar quais já foram devidamente castrados

Apesar de ser comprovadamente um método seguro, inteligente e humano para tratar gatos em situação de rua, o CED é mal interpretado por muitas pessoas, que acreditam que todos esses gatos deveriam ser adotados ou levados para uma ONG ou centro público, mas esse não é o caso.

Primeiro é preciso entender que muitos dos gatos de rua já nasceram assim, ou seja, não estão habituados à convivência com seres humanos – são conhecidos como gatos ferais, ou asselvajados. Em sua maioria, eles não vão se adaptar a um novo ambiente, sem a mesma liberdade, e podem entrar em um estado de estresse e depressão.

O efeito psicológico afeta diretamente seu sistema imunológico, baixando a imunidade e facilitando a manifestação de uma série de doenças – em muitos casos, esses gatos morrem em pouco tempo, por isso a melhor opção é devolvê-los ao seu ambiente de colônia. A domesticação de um gato adulto feral é muito complicada e nem sempre traz resultados satisfatórios.

Outra questão é, em uma colônia controlada, esses animais vivem livres e sem causar nenhum problema – e nada impede que recebam ajuda humana, como gatos comunitários , por exemplo.

No caso de serem transferidos para ONGs ou órgãos públicos, como o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses), eles irão causar uma superlotação e dificultar ainda mais a vida de animais que já estão nesses ambientes em busca de um lar – em muitos casos, um animal mais velho é sacrificado para a chegada de um novo, como apontado pelo protetor animal Eduardo Pedroso, na revista Bom Criador.

O polêmico corte das orelhas e como é realizado

As colônias são formadas por gatos que foram abandonados e felinos que já nasceram em situação de rua, nesse caso, se tornam os gatos conhecidos como ferais
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As colônias são formadas por gatos que foram abandonados e felinos que já nasceram em situação de rua, nesse caso, se tornam os gatos conhecidos como ferais

Como os gatos são castrados e devolvidos para suas colônias, é preciso identifica-los para que um mesmo animal não seja capturado duas vezes – mesmo que seja feito de forma responsável e não agressiva, essa captura causa estresse ao felino.

Para isso, os médicos-veterinários que realizam a castração dentro do CED realizam um pequeno corte cirúrgico em uma das orelhas do gato (cerca de 1 cm para gatos adultos e 0,5 cm para filhotes), para que ele possa ser identificado como um gato já castrado, mesmo que esteja à longa distância.

O corte é feito no mesmo momento da castração, enquanto o felino está sedado e não causa dor ou sofrimento ao animal e a cicatrização é rápida, por ser feito em uma região de baixa vascularização - ao contrário de cortes comumente realizados em orelhas de algumas raças de cães (conchectomia), que são puramente estéticos e considerados crime por lei.

A identificação pelo corte da orelha é um meio seguro e permanente, que não gera mais custos e não requer nenhum equipamento ou treinamento específico por parte do médico-veterinário.

As vantagens do método CED

Em alguns casos, como gatos abandonados e ainda habituados ao contato humano, os felinos podem ser encaminhados para adoção, mas para animais já ferais, essa não é uma boa opção. Além disso, a devolução de animais para suas colônias se torna necessária por questões de saúde e segurança.

A remoção desses pets para abrigos pode causar problemas de saúde por estresse e não resolve o problema de superpopulação de animais em situação de rua. Uma colônia controlada, com animais devidamente castrados e vacinados, é comprovadamente mais segura e eficaz.

Ao remover os animais de uma colônia acontece o chamado conceito de nicho vago, vulgarmente conhecido como “efeito vácuo”. Em uma explicação resumida, quando se retira a população de uma colônia, o território livre é tomado por outra que não passou pelo mesmo tratamento e a reprodução descontrolada – uma vez inibida pela castração – volta a ser um problema.

Quem pratica o método CED?

O CED é realizado por órgãos públicos e, na maioria das vezes, por ONGs de proteção animal.

Nos Estados Unidos, o abrigo Cats of San Bernardino realiza um grande trabalho ajudando gatos de rua e compartilha parte desse processo nas redes sociais - como pode ser visto no vídeo abaixo, o momento de soltura de alguns dos felinos que passaram pelo CED – ou  Trap-Neuter-Return (TNR) , em inglês.

No Brasil, na maioria das vezes, o trabalho é feito por ONGs comandadas por ativistas e profissionais da área. As ONGs costumam realizar uma triagem, quando os animais têm condições, são encaminhados para adoção responsáveis, do contrário, são devolvidos para suas colônias de origem.

Algumas das ONGs brasileiras que realizam o método CED para controle populacional de animais de rua, conheça:

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