Alguns fatores como o clima frio provocam a migração de animais sinantrópicos (não domésticos que se adaptaram à convivência com humanos), como ratos, que procuram abrigo dentro das casas em busca de temperaturas confortáveis, boa oferta de alimentos e um local seguro para morar e procriar. Essa invasão pode ser nociva à saúde de pessoas e, principalmente, dos pets, que são estimulados a interagir com esses roedores.
De acordo com a coordenadora do curso de Medicina Veterinária da Faculdade Anhanguera, professora doutora Janaína Duarte, são inúmeras as doenças que podem ser transmitidas nesses encontros e a principal delas é a leptospirose, provocada por uma bactéria presente na urina do rato, que pode causar a morte de seres humanos e animais domésticos.
“Por instinto, cães e gatos podem atacar ou caçar esses pequenos invasores e ficam expostos ao risco de contaminação”, explica a especialista.
A leptospirose é uma zoonose infecciosa aguda potencialmente grave que causa lesões crônicas. O contágio pode ocorrer por meio do contato com água (caixas de esgoto ou chuvas, por exemplo), ou solo úmido (lama ou barro em enchentes, por exemplo) contaminados.
“A bactéria pode estar presente no sangue dos roedores, portanto, é preciso tomar cuidado caso o seu pet ataque um rato”, alerta a veterinária. “Além disso, esses animais podem ter ingerido raticidas e, indiretamente, intoxicarem os pets após contato pela mordida ou, até, pela ingestão dos mesmos”, completa.
Segundo a acadêmica, em casos de mordidas ou arranhões, é importante lavar as regiões que entraram em contato com o roedor com água e sabão neutro e, em seguida, levar o animal para avaliação de um médico veterinário.
Esse contato pode ocasionar outras doenças como a raiva , sarnas e micoses , triquinose e salmonelose , por exemplo: “Dependendo da gravidade da situação, somente um profissional qualificado poderá realizar curativos e receitar remédios para o tratamento adequado”.
Doença agressiva
A protetora de animais independente, Conceição Vigliotti, tem há 16 anos um projeto de resgate e adoções de animais, o
Anjo de 4Patas
. Ela conta que durante todo este tempo de trabalho teve contato com pelo menos três animais infectados com a zoonose, mas um caso em especial ficou marcado em sua lembrança.
“O Luck, um filhote vira lata de cerca de oito meses, teve uma morte lenta e sofrida. Ele estava na rua, uma vizinha o resgatou e me pediu ajuda. Logo levamos para o veterinário. Ele estava com dor, febre e quase não parava em pé”, começa a ativista.
Conceição conta que a veterinária suspeitou que o caso poderia ser leptospirose, mas que aguardava os exames para dar o diagnóstico. Contudo, o animal não poderia ficar internado.
“Na clínica não tinha ala de isolamento, então ele não pôde ficar internado. Cuidamos dele em casa, mas com muita atenção porque essa doença é uma zoonose, ou seja, é transmissível para os humanos e outros animais. Todo o contato com ele era feito com luvas e usávamos um produto antibacteriano em todo a casa”, diz.
A protetora lembra que o quadro do animal não teve melhoras e que logo a doença tomou conta de todo o corpo do pet.
“Em uma semana ele desidratou muito, vômitos constantes, taquicardia ... o mais horroroso de ver foi a falência dos rins e do fígado. Ele começou a ficar todo amarelo, o corpo, o branco do olho, a gengiva... essa doença é terrível. Em menos de duas semanas ele morreu”, conta.
Com a ajuda de uma parceira voluntária, Conceição mantém a sede do projeto em uma Chácara em Vinhedo, no interior de São Paulo. No momento há 75 cachorros e dois gatos sob os cuidados das protetoras, que contam com ajuda de doações para manter os gastos.
“É tudo mantido por ‘madrinhas fixas’, que fazem doações mensais que garantem, pelo menos, o pagamento do aluguel e das rações. Tenho ainda uma farmácia solidária, que é abastecida também por doações. Para despesas extras eu tento pagar com rifas, que faço todo mês, além de vender produtos e fazer campanhas para tratamentos específicos”, conta.
Na casa de Conceição, ela ainda abriga outros animais que são marginalizados, como idosos e com doenças crônicas , que não despertam o desejo da adoção de possíveis tutores.
“São 14 gatos e 14 cachorros, com média de idade entre 18 e 20 anos. Eu não tenho vida, não saio de noite, não viajo, vivo para eles, acho que é um chamado de Deus”, finaliza.
Como evitar o contato dos pets com os ratos urbanos
Janaína Duarte elenca as principais dicas para evitar encontros indesejados entre pets e animais sinantrópicos:
Limpeza
Segundo a especialista, recolher o lixo diariamente e manter as áreas da casa limpas são ações que podem evitar que ratos sejam atraídos para o ambiente doméstico.
“Materiais de construção, como tijolos e telhas, latas de lixo abertas e outros itens abandonados em quintais podem se tornar o abrigo ideal para pequenos roedores”, afirma Janaína.
Alimentação
Rações a granel não são recomendadas para armazenagem. É preciso que os restos de comida dos pets sejam devidamente descartados, assim como a embalagem de petiscos e pacotes de ração: “A água dos bichinhos também deve ser trocada diariamente”, completa a especialista.
Felinos
Embora sejam mais resistentes à leptospirose, os gatos devem ser desestimulados a caçar roedores, pois podem contrair essa e outras enfermidades.
“Assim como como os cães, o adestramento com um profissional para evitar esse comportamento pode ser uma alternativa”, orienta a professora.
Vedação
Os roedores conseguem circular em tubulações de esgotos e encanamento, sendo assim, é aconselhável instalar telas e grades de proteção em ralos, assim como conferir periodicamente se as peças estão com boa fixação e firmeza.
“Portas com rodos também garantem a vedação completa na parte inferior do lar”, diz.
Vacinação
A carteira de vacinação dos pets deve estar sempre em dia, afirma a veterinária.
“A vacina múltipla polivalente imuniza o pet contra leptospirose e outras enfermidades, portanto, é necessário manter a atualização da rotina médica veterinária dos animais”, finaliza.
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