Quem é tutor de gato provavelmente já se deparou com o pet miando em frente a uma porta, ou mesmo arranhando ou batendo com a patinha até que alguém finalmente abrisse.
O curioso é que, muitas vezes, o felino sequer estava interessado em realmente entrar no local ou, quando entra, ele logo está novamente em frente a porta querendo sair.
Muitos gatos simplesmente não aceitam que as portas dos cômodos da casa fiquem fechadas – nem mesmo, ou principalmente, a do banheiro -, mas por que isso acontece?
Os gatos são caçadores e territorialistas e têm a necessidade de manter o “controle” do ambiente, isso faz parte do instinto deles. Ao Canal do Pet , a especialista em comportamento felino Juliana Damasceno explica que “ter o controle de tudo o que acontece, inclusive dos odores do ambiente, é muito importante para o gato.”
De acordo com a comportamentalista , quando o felino não tem o controle desses odores, ou do que está naquele cômodo com a porta fechada, isso vai gerar ansiedade e fará com que ele peça para ter o acesso.
“Eu recomendo que dentro da casa o gato tenha acesso a todos os ambientes”, diz a especialista. “Mas o acesso às áreas externas deve ser evitado. Seja em apartamento – no corredor ou hall –, seja em uma casa ou condomínio com acesso à rua. Não é legal deixar que o gato saia por conta dos riscos, que são imensuráveis.”
Juliana lista perigos como “atropelamento, envenenamento, contrair doenças e se envolver em brigas com outros gatos”, entre outros. Para muitos tutores, faz parte das necessidades dos felinos sair para “dar uma voltinha”, mas isso representa perigo para a vida do pet.
“A qualidade de vida e até a expectativa de vida de um gato que tem acesso à rua é muito menor do que a de um gato que fica no ambiente da casa”, aponta a especialista. “Então nós devemos sempre evitar deixar que o gato saia.”
+ Os perigos que os gatos encontram ao sair na rua e como mantê-los em casa.
Embora pareçam ambientes sem grandes riscos, Juliana alerta que o hall de um prédio também apresenta perigos. “Tem hall com janela, com acesso a escadas... O gato pode se assustar e fugir, entre inúmeros perigos.”
Quando o tutor começa a dar acesso a esses lugares, o gato identifica que estes também fazem parte do território dele, e começa então a ter a necessidade de controlar esses espaços.
“A ansiedade dele por ter acesso a esses lugares vai ser alta e ele vai ficar pedindo por isso”, diz a comportamentalista.
Passear com o gato traz esse risco?
Quando o tutor tem o costume de levar o gato para passear com o uso de coleiras , essas saídas são controladas e o gato deve ser treinado para sair sob supervisão, usando uma guia apropriada para garantir a segurança do felino.
Com os passeios acontecendo de forma controlada – com horário certo para ocorrer – o gato entende que há uma previsibilidade para aquilo. O tutor deve ainda procurar não atender aos pedidos de saída do pet para além dos horários determinados.
Devo bloquear o acesso do gato a algum cômodo da casa?
Juliana Damasceno é enfática: “Não recomendo, em nenhuma situação!”. Ela explica que, quando nós convidamos uma espécie diferente para conviver conosco, precisamos entender as necessidades dela.
“O ideal é que o gato tenha acesso a todo o território. Não permitir isso vai frustrá-lo”, diz. Mas ela orienta que, caso exista uma necessidade momentânea, especialmente pela segurança do pet, o tutor deve fazer com que o felino associe aquele impedimento a algo positivo, gerando uma recompensa. Assim ele entenderá aquilo como um ganho, e não uma perda.
“O ideal é associar esse momento que ele não vai ter acesso àquele local a algo positivo , mas que seja breve”, ressalta. Outra dica para amenizar esse comportamento é fazer o enriquecimento ambiental, especialmente com a verticalização, ou, como é chamado, a “gatificação” da casa.
+ Como fazer enriquecimento ambiental e deixar a casa perfeita para gatos
Juliana destaca que o enriquecimento ambiental é uma necessidade comportamental dos gatos, mas não impedirá que o felino mantenha seu interesse em relação às portas. Para os gatos, ter o total acesso do ambiente é uma forma de controle para manter não apenas a própria segurança, como a de todos os que vivem por ali.
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