O tratamento para controlar a Síndrome de Addison é para a vida toda.
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O tratamento para controlar a Síndrome de Addison é para a vida toda.

A saúde dos pets é uma das maiores preocupações dos tutores e nem todas as doenças têm fácil diagnóstico ou resolução, o que por vezes demanda muita investigação e o acompanhamento de um  profissional especializado.

Este é o caso da Doença ou Síndrome de Addison , uma condição que afeta a capacidade das glândulas suprarrenais , localizadas na parte superior dos rins , como o nome sugere, de produzirem a quantidade suficiente de hormônios, como aponta a médica veterinária e mestranda em Ciência Animal pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Paula Caroline Vital Elias.

“Além de ser uma palavra de difícil pronúncia, o hipoadrenocorticismo (Síndrome de Addison) é também uma patologia complicada de se fechar o diagnóstico. Consiste basicamente na incapacidade das glândulas adrenais [também conhecidas como suprarrenais] em produzirem quantidades adequadas de hormônios, como glicocorticoides e mineralocorticoides, que são fundamentais para a sobrevivência”, diz a especialista.

Segundo a médica veterinária, estes hormônios têm diversas funcionalidades, como: “Manter os níveis de açúcar em equilíbrio, controlar os valores de sódio e potássio e o sistema imunológico ”. Ela salienta ainda que a patologia é “pouco frequente” e que, quando ocorre “acomete mais comumente cães jovens e adultos, entre quatro e seis anos de idade”.

O médico veterinário endocrinologista Gustavo Tranjan de Carvalho completa: “Nos cachorros, há uma predisposição em duas raças específicas: Poodle  e Collie ”.

A doença foi descrita pela primeira vez em 1855, pelo médico britânico Thomas Addison, que inspirou o nome da síndrome. 


Quais são os sintomas da doença e como ela pode ser diagnosticada?

Para a médica veterinária Paula Caroline Vital Elias, os sinais clínicos são “intermitentes e inespecíficos”.

“Podem se caracterizar inicialmente com episódios de perda de apetite e diminuição do peso, vômitos, letargia, queda de pelo , aumento da ingestão de água e apatia. Alguns aspectos que despertam a suspeita clínica do veterinário são o curso episódico da doença que pode inclusive agravar com o aumento dos níveis de estresse”, afirma a especialista.

Gustavo de Carvalho completa com outros sintomas como “fraqueza, diarreia, tremor e poliúria [quantidade excessiva de urina]”.

Quanto ao diagnóstico, Paula explica que ele é realizado por meio de um teste de estimulação de ACTH, que visa "quantificar os valores de cortisol [hormônio envolvido na resposta ao estresse] circulantes”.

“Preconizamos que o animal faça o teste de ACTH sem ter ingerido nenhum glicocorticóide ao menos por um período de 30 dias”, explica o endocrinologista Gustavo.


A doença pode levar à morte do animal? Como é realizado o tratamento?

Infelizmente a Síndrome de Addison pode levar à morte do animal , mas apenas em casos graves, como explica a médica veterinária Paula: “O animal pode apresentar insuficiência de adrenal aguda, quando a patologia evolui de forma rápida gerando um quadro hipovolêmico [perda de grande quantidade de líquidos e sangue], que pode causar o óbito do animal”.  

O estado mais grave da doença também é conhecido como "crise addisoniana", como aponta o endocrinologista Gustavo. Sobre o tratamento, Paula explica que varia de acordo com o grupo de sinais clínicos apresentado pelo animal.

“Em geral, consiste na reposição hormonal associada à suplementação, o que acontece pelo resto da vida, fazendo-se assim imprescindível o acompanhamento de um médico veterinário especializado”, afirma.

Outra informação pouco animadora sobre a Doença de Addison é que não há como preveni-la: “O ideal é que o diagnóstico ocorra de forma precoce, pela suspeita do veterinário clínico geral que deve encaminhar o animal para o especialista endocrinologista", afirma Gustavo.

O pequeno Paco

Paco é um West Highland White Terrier de um ano e 11 meses
Albino Esteves Couto/Arquivo Pessoal
Paco é um West Highland White Terrier de um ano e 11 meses

Paco é um West Highland White Terrier que, com pouco tempo de vida, já experienciou o que é conviver com uma doença de longa duração. Ele é paciente do médico veterinário endocrinologista Gustavo Trajan de Carvalho, que foi o terceiro especialista a analisar o animal. Foi o profissional, que trabalha em uma clínica da zona norte do Rio , que conseguiu chegar no diagnóstico de Síndrome de Addison.

O tutor do animal, o aposentado Albino Esteves Couto, explica que os sintomas apareceram quando o cão estava com nove meses idade.

“Os sintomas começaram em agosto do ano passado. Ele comia apenas ração e sempre comeu bem, três vezes por dia, mas começou a comer em menos quantidade e menos vezes, era superagitado também e do nada começou a ficar quieto, vomitava... O comportamento mudou radicalmente”, conta o tutor.

O aposentado lembra que o primeiro passo foi levar o animal a uma veterinária clínico geral, que começou uma investigação para entender os sintomas. Após esgostar as possibilidades, a médica encaminhou o paciente para uma especialista gastrointestinal.

“A gastro pediu para que não déssemos comida e apenas ração hipoalergênica (específica para o tratamento de alergias ) moderate calorie (de caloria moderada, em tradução). O Paco se deu bem com a ração e voltou a se alimentar com frequência”, diz Albino.

Sintomas não cessaram

O tutor conta ainda que, mesmo com o retorno do apetito, os vômitos não cessaram com a nova alimentação, o que o preocupou.

“Ficou nessa situação entre setembro e dezembro do ano passado. Neste período, fomos mudando a marca da ração e os horários de alimentação, mas não resolvia. A médica resolveu então fazer uma ultrassom, para checar se havia algo de diferente no organismo dele”, conta.

Na primeira ultrassom foi identificada uma alteração na região dos rins. Contudo, a médica não conseguia analisar o registro por não tratar da área. E, mais uma vez, foi necessário acionar outro especialista, que no caso foi o médico endocrinologista Gustavo.

“Ele suspeitou do histórico do Paco e pediu para fazer um exame para checar o cortisol com uma outra ultrassom. Com o exame, foi certificado que a glândula suprarrenal estava em tamanho menor, o que impedia a produção de cortisol suficiente, acarretando nos problemas que o Paco estava apresentando, que são sintomas da Síndrome de Addison”, conta o tutor Albino.

A partir do diagnóstico, o mais importante seria acertar a dosagem da medicação, que nas palavras do tutor só foi resolvido agora, em agosto de 2022.

“A partir de dezembro do ano passado começamos o experimento de dosagem da medicação e estamos até agora, em agosto de 2022, tentando encontrar a dosagem correta. Parece que agora conseguimos encontrar, que seria um quarto de prednisona 05 mg e 0,05 mg de cortisol, ambas medicações diárias”, finaliza.

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