A ex-Fazenda e influenciadora Pétala Barreiros havia resgatado um cachorro vira-lata há apenas um mês [assista ao vídeo abaixo], adotou, deu o nome de Perigoso e, no último fim de semana, anunciou nas redes sociais que havia desistido da adoção e que levou o animal para a casa de outra pessoa na cidade de Limeira, no interior de São Paulo. A justificativa, segundo ela, foi a falta de espaço dado ao cãozinho.
"Lá em casa a gente não tem espaço para ele brincar. E o espaço que a gente tem acabou ficando todo pra ele. Ele acabou tirando o espaço das crianças também, que é onde elas brincam na área da piscina. E a gente deixou totalmente para ele brincar. Mas acabou ficando ruim para as crianças e para o Perigoso também. Então a gente decidiu que a melhor opção seria achar outro lar para ele", contou.
Pétala também contou nas redes sociais que o cachorro começou a morder as próprias patas, o que é um sintoma clássico de ansiedade e depressão, e que a melhor solução foi levar o animal para este outro lugar onde terá a companhia de outros cachorros. A atitude dela foi duramente criticada na internet, mas o adestrador e comportamentalista André Almeida, que trabalha há 18 anos na área, acredita que essa realmente foi a melhor solução.
“O cachorro vive em grupo, então se neste novo lugar ele tem mais atenção das pessoas e de outros cães e faz mais atividade, com certeza esse cachorro vai ter uma vida muito melhor”, afirma. “Se o cachorro fica sozinho no quintal sem atividade, não passeia, não sai, não tem vínculo com outros indivíduos, principalmente outros cães, é pior para o animal. Ele entra em sofrimento. Então se esse cão tem uma família que proporciona a ele um grupo maior de indivíduos e esses indivíduos são bons para ele, a melhor coisa que ela fez da vida foi doar esse cachorro a essa família que pode dar mais atenção”, diz.
André explica que os cães têm uma memória aprendida por meio de repetição de comportamentos, então se ele tem uma boa experiência, vai guardar aquilo como algo bom e o mesmo acontece inversamente. Segundo o especialista, levar um cachorro para outro dono que possa cuidar melhor dele não afeta o psicológico do cachorro porque ele não vive de passado.
“Se uma pessoa pega o cachorro, leva para casa para fazer um teste, fica dois ou três dias com ele, não dá certo e volta para a ONG, ele não vai ter problemas psicológicos por causa dessa devolução. Ele não vai ter síndrome de abandono. A ansiedade por separação só vai acontecer depois de um longo período dentro daquele comportamento, mas se for um curto tempo não vai ficar doente. A menos que nessa residência tenha acontecido algo traumático porque seria um padrão de comportamento baseado em um acontecimento ruim.”
É importante entender como é forma de pensar de um cachorro: ele não sabe que tem um dono e cria apego a quem lhe dá mais atenção dentro de casa. Se essa pessoa for, por exemplo, um funcionário da residência e este lhe der atenção, passeios, comida, banho e carinho, o animal escolhe justamente essa pessoa como o seu preferido dentro da casa, ou seja, não importa quem o adotou de verdade.
“Geralmente os cachorros de ONG já convivem com humanos e outros cães, então não costumam sentir a separação. A não ser em casos em que o bicho seja acostumado a conviver apenas com a atenção dos tutores, então este vai sofrer quando for separado de sua família. Se o novo tutor der a ele mais atividades de valor do que a pessoa anterior, ele prefere ficar com a mais recente. Por mais que ele mostre felicidade e interesse na pessoa anterior, ele sempre vai preferir o que para ele é melhor. Não é uma questão de ‘eu dou o melhor’, é o que o meu cão acha que é melhor para ele mesmo. Rapidinho ele esquece a casa anterior, sem traumas, e vai ser mais feliz do que seria na casa anterior”, detalha André.
Quando devolver é a melhor solução?
Um cachorro adotado que se mostra agressivo principalmente na presença de crianças normalmente precisa ser devolvido. Este é um caso de uma adoção errada que poderia ser prevista pela ONG ou pelos protetores de animais que trabalham no recolhimento de animais de rua. O animal que é mais agitado não deveria ser colocado dentro de locais pequenos, como um apartamento, sem a ajuda de um profissional que trabalhe a adaptação dele.
O adestrador avisa que um cachorro com essa característica que não faz atividade, não tem um treinamento e que tenha um comportamento agressivo genético, ou criado por algum tipo de trauma, vai dar problema para essa família que o adotou e inevitavelmente precisará voltar para a ONG.
“Se não for um caso extremo como esse, eu não vejo motivo algum para devolver um cachorro para uma ONG. Se o tutor tem recursos, ele pode bancar uma vida melhor para o cachorro, investir um pouquinho mais em um treinamento e continuar com ele em casa. Já se a pessoa não tem condições de pagar um adestrador e se ele tiver uma vida melhor no outro local, esse seria o melhor caminho mesmo.”
O importante, segundo André, é não deixar que o animal sofra, independentemente de onde ele estiver morando. É preciso oferecer a ele atividades físicas diárias, contato com outros animais, dar um alimento de boa qualidade, brinquedos para distração enquanto os tutores não estiverem em casa e focar o máximo possível no comportamento natural da espécie para que ele tenha uma boa vida.
“Se você tiver recursos para dar a esse indivíduo atividades que são boas para ele, não vai ter problema algum. Eu tenho um cachorro que se chama Dom, meus amigos passam lá em casa e levam ele para passear. Eles me avisam pelo celular o levam para o parque, assim, formamos uma rede de pessoas que ajudam a dar mais atividades para nossos cachorros”, exemplifica.
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