Tutortores de animais com rotinas intensas e que passam muito tempo fora de casa têm preocupação redobrada com pets, já que os bichinhos ficam sozinhos em casa
durante longos períodos. Não é o caso de Tom Zé, uma
calopsita
que ganhou atenção principalmente de quem frequenta o centro histórico da cidade de São Paulo com olhos atentos.
O motivo: sua dona, a assistente de produção Paulinha Portes, o leva sempre consigo em uma mochila adaptada especialmente para ele, com visão panorâmica. Foi a maneira que ela encontrou para manter o amigo pássaro sempre por perto.
Antes da pandemia, os dois costumavam fazer longos passeios pelo Minhocão, em casas de amigos e em restaurantes que permitem a entrada de animais em São Paulo . Tom Zé também ajuda a produtora a fazer compras no supermercado e até a acompanha em um cafezinho na padaria preferida dela.
O dia a dia de Tom Zé, das andanças e aventuras até momentos de cantoria em casa, é registrado e postado pela dona em um perfil no Instagram . “Tom é um carinha muito sociável, adora receber e estar no meio de pessoas. Tem uma personalidade bem forte e é super amigável, além de fotogênico”, define Paulinha, em entrevista ao Canal do Pet.
Paulinha explica que Tom Zé foi um presente de namoro. “Ele [Tom Zé] foi escolhido por mim em um criadouro. Eu queria o mais despachado e cantor”, lembra. Apesar de ter sido vendido como manso, a dona conta que demorou pelo menos um mês para conseguir ganhar a confiança da calopsita e acariciá-la. “Ele morria de medo de humanos e atacava qualquer aproximação com as mãos. Começamos a proximidade no ombro e aí fluiu”, diz.
Tom Zé não foi o primeiro pássaro que Paulinha teve. Ela já criou um galo
e uma outra calopsita. A criação desses dois outros bichinhos eram similares a de Tom Zé, de forma mais livre possível. O galo chegava a atravessar a rua ao lado de Paulinha, enquanto a outra calopsita
passeava pela cidade em seu ombro.
Paulinha tentou fazer o mesmo com Tom Zé, mas uma série de viagens de trabalho fizeram com que o pássaro passasse mais tempo com a mãe dela, a "avó" do pássaro. “Ela não tem o mesmo manejo que eu e não teve coragem de sair com ele. Acabou que Tom Zé ficou medroso. Minha mãe mora a 65 km daqui e como não tenho carro, nem sempre arrumo um boa carona em que caiba a gaiola dele, minhas coisas e eu”.
Ela conta que a primeira tentativa de deslocamento mais confortável foi com uma sacola de mão. “Era quadrada e devia servir para hamsters , não sei bem. Então não era tão confortável. Tom Zé mal cabia lá e ficava todo corcunda, tadinho”, relata.
Até que um dia, uma "tia" de Tom Zé mandou uma foto de uma mochila para Paulinha. Pensou que seria uma boa ideia adaptá-la para levar a calopsita por aí. Apesar de ter adorado a mochila, a peça tinha um muito preço acessível.
“Um ano depois encontrei a mesma mochila por um preço melhor. Eu tinha acabado de concluir um trabalho e decidi me presentear com ela. Foi a melhor coisa que fiz”, conta.
Ao levar seu melhor amigo para todos os lugares, Paulinha sente que não só seu laço com Tom Zé melhorou, mas também a sua própria forma de encarar seus trajetos. “Precisei reduzir a velocidade ao caminhar para ele não chacoalhar tanto e comecei a dar mais atenção para as aves que estão ao redor”, explica.
Existem pessoas que não olham com bons olhos a locomoção de Tom Zé na mochila, mesmo que ela seja totalmente adaptada para ele. De acordo com a tutora, muitos afirmam que ela está tirando a liberdade da calopsita.
“Teve gente que já falou que estou aprisionando o pássaro dessa forma, mas nem todo criador é uma pessoa legal e consegue pensar no que o pet precisa”, diz. Para ela, a mochila representa o contrário. É a maneira que ela encontrou de conseguir fazer com que Tom Zé pudesse ver o mundo, além de ser o que o transporta com segurança.
“Eu tento dar a melhor vida para o Tom Zé. Quero que ele esteja presente na maior parte dos momentos, preferencialmente solto”, ressalta. “Dentro de casa, a gaiola é o apartamento”.