Encontrar um passarinho caído em casa é algo relativamente comum, principalmente para quem mora em áreas mais arborizadas, contudo nem sempre a gente sabe o que fazer para ajudar na recuperação do animal. O Canal do Pet conversou com a bióloga e graduanda em medicina veterinária Tabatha Mascarim Oliveira dos Santos que traz algumas orientações sobre quais medidas tomar ao encontrar uma ave no seu quintal.
“Quando encontrar um filhote de passarinho, caído do ninho , o ideal é verificar se este não está machucado, se bate as asas, patinhas inteiras ou feridas aparentes. Caso esteja machucado, procure imediatamente o serviço médico veterinário”, explica Tabatha.
Procure em volta do local onde o passarinho foi encontrado, para ver se o ninho ainda está perto. Caso não consiga encontrar e seja necessário cuidar desse animal, saiba que precisará de tempo e muita disposição. “Coloque a ave em uma caixa de sapatos ou a mantenha aquecida (lâmpadas de aquecimento ou garrafas ou bolsas de água morna), compre e forneça apenas papinhas de qualidade, preparada de forma correta e limpa e água fresca. A forma de alimentá-los vai de acordo com a idade aproximada do animal e sua condição momentânea”, ensina.
Para identificar se há algum ferimento nas asas, como possíveis fraturas mais sérias, basta observar se elas estão caídas, com dificuldade de batê-las e, ao abri-las, pode ter alguma diferença. Caso perceba que a asa do pássaro realmente esteja de fato quebrada, não dê nenhum medicamento sem orientação, pois eles são sensíveis a remédios humanos.
É importante estar atento ao que não seja identificado à primeira vista, pois, pela altura da queda, a ave possa ter apenas machucados internos, como explica a bióloga ao Canal do Pet.
“Dependendo da altura da queda, talvez ele não tenha nada aparente, nenhuma asa quebrada, nenhuma pata quebrada, nenhum machucado visível, nada assim, mas tenha ferimentos internos. Então o passarinho até sobrevive um ou dois dias, mas depois morre de causa desconhecida. É muito comum isso acontecer.”
Aves de maior porte
Caso a ave que encontre não seja um passarinho, mas uma ave de maior porte, como aves de rapina, por exemplo, a bióloga Tabatha explica que tratamento é mais fácil.
“No caso de aves de rapina, como corujas, é um pouco mais fácil por serem animais carnívoros. A gente não vai precisar dar papinhas para ela, porém, é preciso alimentá-las conforme a cadeia alimentar delas. A gente oferece ratos para elas. São ratos abatidos e congelados”.
Caso não consiga devolver o animal ao ninho, ou ele esteja machucado, leve-o imediatamente à um médico veterinário.
“Na clínica [onde trabalho] há duas corujas em recuperação: a menorzinha caiu do ninho, não tinha machucado nenhum, ela simplesmente caiu, e como os ninhos são muito altos as pessoas que a encontraram não conseguiram devolvê-la. Então decidiram trazer para cá porque a maioria das pessoas sabem que o custo para alimentar é muito caro, ou não sabem como fazer. Já a maiorzinha chegou machucada, com a asinha fraturada. Então o veterinário fez uma contenção e colocou a asinha no lugar. Imobilizou a asinha dela por um período e agora ela já está 100% recuperada! Só estamos aguardando para a reabilitação. Por enquanto, damos animais abatidos para elas e mais para frente vamos começar a soltar animais vivos, para ver se elas têm a capacidade de caçar”, explica a bióloga ao Canal do Pet .
Os animais de rapina costumam ser mais tranquilos, porém são perigosos. A coruja, por exemplo, usa um bico para rasgar, mas a sua maior força está nas garras. Por isso não é aconselhável que qualquer pessoa pegue uma ave como essa.
Procure órgãos ambientais
O ideal é sempre destinar as aves para órgãos competentes como: IBAMA , Viveiro Manequinho Lopes, dentre outros. É recomendado que, mesmo tomando todos os cuidados, continue buscando um local para destinar esses animais, por ser crime ambiental criar aves silvestres sem licença, como rege o art. 29, III, da Lei no 9.605, de 12.02.98.