Existem situações em que as pessoas são colocadas frente a situações em que, mesmo que sequer se entenda o motivo, sentem medo ou até repulsa por algo bem específico. O que muitas pessoas talvez não imaginem é que os traumas psicológicos também podem atingir os animais, como os cachorros, e isso precisa ser tratado com cuidado, pois pode afetar diretamente na qualidade de vida e bem-estar do animal.
Uma situação que pode gerar trauma, por exemplo, é quando um cão é atacado por outros na rua e ele fica com medo de sair para passear no futuro.
Na natureza, quando um animal tem algum tipo de trauma ou medo que o impede de viver e realizar atividades plenamente, não sobrevivem por terem essa fraqueza. “A seleção natural se encarrega de tirar os membros do grupo que não têm predisposição ou habilidades natas para algumas funções específicas dentro desse núcleo”, diz o adestrador e especialista em comportamento canino André Almeida ao Canal do Pet.
“Quando os cachorros começam a fazer parte da vida dos humanos, não importa qual é o problema dele, os humanos tentam resolver, e às vezes não dá muito certo devido à falta de experiência na leitura do comportamento do cão e dos sinais que o animal está passando”, conta o adestrador.
Para o tratamento de possíveis traumas, André ressalta a importância de reforçadores e punidores de comportamento, dos quais o cão associa determinados acontecimentos a situações, objetos e comportamentos – como a forma que o próprio tutor age, por exemplo.
“Lembrando que, para alguns indivíduos, o reforço está já no ambiente, o ato de passear já é reforçador para alguns cães, às vezes um olhar é o que o cão precisa, ou carinho, brinquedos, petiscos, tudo que para aquele indivíduo for reforçador”, explica.
André explica que para a punição funciona da mesma forma, o que determinará se um comportamento vai ou não se repetir – lembrando que a punição se trata de tirar algo que o cachorro gosta, como não dar o petisco ou retirar um brinquedo, por exemplo.
Muitas vezes o que pode ajudar um cachorro a superar um trauma é acrescentar um prêmio a cada evolução, quando ele ignora aquela situação que para ele é difícil, como ensina André, “em alguns casos o nervosismo é tão grande que o cão não tem concentração, até que uma punição bloqueie o comportamento e o coloque em uma situação em que dê atenção ao tutor”.
Tendo isso em vista, é importante entender que, antes de expor o pet a qualquer situação que gere incomodo, é necessário trabalhar o foco e o mínimo de obediência para que o tutor tenha como se comunicar plenamente com esse cão. Não basta expor o pet a uma situação que para ele é traumática e esperar que isso vá ajudar a superá-la de alguma forma.
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“Isso é um pouco complicado, pois depende do que a pessoa tem em casa. Alguns cães têm medo de água na mangueira, por exemplo, mas eles bebem água no pote normalmente, então não é exatamente a água que gerou esse trauma e sim aquela situação como a água e a mangueira foram apresentadas para ele. Isso também pode acontecer com ferramentas de treinamento, como o peitoral, enforcador e outros”, afirma o adestrador.
André exemplifica o medo que alguns cães sentem de carros, quando os tutores os colocam no veículo apenas quando é para levar ao veterinário e nunca para um passeio de lazer, o cão acaba criando um trauma em relação ao carro e não vai querer mais entrar, podendo até passar mal quando é obrigado a isso.
A hora do passeio é um dos momentos favoritos para a maioria dos cães, mas até isso pode ser afetado por algum trauma, mas pode ser resolvido ao mostrar para o pet que tudo ficará bem.
“Nós podemos tornar a rua um local bom desde que algum recurso essencial seja entregue para este indivíduo nessa situação. Podemos começar pelo pote de ração, deixando próximo da porta, no quintal, no portão, na calçada. ‘Mas agora o cão não quer comer porque está na calçada’, então, a partir de então ele só vai se alimentar se ele estiver na calçada”, exemplifica.
Em determinados locais onde os cães passam por barulhos ou situações fora do comum podem ser um pouco mais complicadas o que ajuda é o foco e a obediência. André afirma que, nessas situações, o cão deverá ficar olhando para o tutor – ou treinador – e com o foco no comportamento que será passado para ele, assim o cachorro saberá que tudo ficará bem. Porém, é importante que o tutor saiba a hora certa de dar a recompensa para o animal, para não acabar causando um efeito contrário do que pretende.
“Se você sai com o cão que tem um problema com a rua e no momento que ele tenta fugir você apresenta para ele um prêmio, se corre um risco muito grande desse cão entender que aquele comportamento, naquele momento, gerou uma recompensa. Dessa forma, esse comportamento negativo ganhará força”, alerta o adestrador.
Por fim, André afirma que para ajudar um cão que tem um trauma é preciso mostrar a ele que existem situações melhores (ou até piores, se necessário) que o trauma que sente em determinadas situações. “Quando eu digo ‘pior’ não quer dizer que esse cão precise sofrer, pois o trauma já o deixa em um sofrimento muito grande”, completa.
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