Muito se fala sobre a ansiedade de separação e os males que essa doença pode trazer para os animais de estimação, que se habituaram a uma nova rotina, muito mais próxima dos tutores. Com a convivência mais estreita, a relação entre pet e tutor atingiu um novo nível, não apenas eles ficaram mais apegados, como os tutores também passaram a “precisar” muito mais da presença dos bichinhos.
Com isso, muitos cães e gatos ficaram muito mais apegados aos humanos, o que é perfeitamente natural; o problema é quando esse apego se torna uma dependência – o chamado hiperapego – que pode ser prejudicial para a saúde do pet caso o tutor não saiba lidar com a situação adequadamente.
O Canal do Pet, junto ao médico veterinário Carlos Augusto Carvalho, traz dicas de como identificar que o pet está “hiperapegado” ao tutor e o que fazer para que o animal não sofra quando o dono precisar se ausentar por algumas horas do dia.
Como saber que o pet está superapegado e como evitar o sofrimento
Conforme explica o veterinário, um animal que está superapegado ao tutor normalmente será mais dengoso e apresentará um comportamento que visa chamar a atenção do tutor, buscando estar mais próximo, sempre no mesmo ambiente em que o tutor está.
“Em alguns casos, animais hiperapegados aos tutores vão preferir comer e fazer as necessidades sempre na presença do dono. Fato que merece atenção especial, pois com a ausência do tutor o animal pode restringir a alimentação e ter problemas relacionados à nutrição/alimentação inadequada”, alerta.
Para evitar que os pets venham a sofrer com o hiperapego, o especialista indica que seja estabelecida uma rotina em que o animal tenha uma atividade, com a qual possa se distrair.
“Deixe brinquedos disponíveis, especialmente aqueles em se esconde um petisco para que o animal, sozinho e brincando, alcance o petisco”, diz.
Para gatos, o tutor pode deixar arranhadores espalhados e pontos de acesso elevados, como nichos na parede, por exemplo. Para os cachorros, ossos para roer e mordedores também podem ajudar.
O que fazer quando o pet está superapegado
Para minimizar os efeitos negativos desse apego excessivo, além de oferecer os brinquedos interativos, o veterinário indica, como uma opção interessante, que o tutor leve o animal regularmente para creches de pets.
“Lá eles interagem com outros animais, são acompanhados por profissionais treinados e isso acaba controlando a ansiedade do animal, a dependência dele do tutor e uma série de outras questões, não só relacionadas ao comportamento”, explica.
Além disso, o especialista ressalta que pode ser feito o uso de florais, que ajudam a minimizar esse apego. “Em casos mais extremos, em que o animal acaba ficando doente, recomenda-se levar ao médico veterinário para que ele possa fazer a melhor avaliação e adotar a conduta que ele julga mais adequada ao caso”, alerta.
Uma alternativa válida para as creches de animais, também há o serviço de “babá de pet”, no qual uma pessoa é contratada para ir até a casa do tutor e dar os cuidados necessários para o pet, esta é uma alternativa a ser considerara especialmente para os gatos, que não precisarão sair do ambiente que são acostumados, evitando o estresse para os bichanos.
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Quando o tutor é o “culpado” pela dependência do animal
Principalmente por consequência da pandemia, que deixou as pessoas muito mais tempo em casa, os tutores também ficaram muito mais próximos aos animais de estimação, emocionalmente falando. Muitos tutores se acostumaram e, por consequência, também acostumaram os pets a dormirem e acordarem juntos aos animais e a passar o dia inteiro juntos, com essa convivência é natural que os pets tenham se acostumado com esse relacionamento mais próximo.
“Antes, a maioria das pessoas saía para trabalhar pela manhã, deixava a água e a alimentação disponível, e só voltava à noite. O animal também se acostumava a ficar sozinho. Então, é uma questão de estabelecer uma rotina para que o animal se acostume”, diz o veterinário.
Carlos Augusto sugere que, antes de voltar ao trabalho presencial, o tutor estabeleça uma rotina mais próxima ao que será quando isso efetivamente acontecer, como deixar brinquedos disponíveis para a interação; estabelecer horários para colocar o alimento e definir horários para uma interação mais próxima e intensa com o pet.
“Pouco antes do horário que você terá que sair ou no horário que será a sua volta para casa, brincar com o pet, dar carinho, atenção. Fazer a hora pet”, exemplifica.
É comum vermos em alguns lugares que ignorar o animal antes de sair e não retribuir a festa que o animal faz com o retorno do tutor para casa é algo positivo, para não estimular a carência do animal, porém, de acordo com o veterinário, isso pode não ser o melhor.
Conforme o veterinário explica, sempre que sair o tutor pode “avisar” ao pet que estará se ausentando, converse com o pet e diga que irá voltar, como se estivesse falando com uma criança. É melhor pensar antes de simplesmente fingir que não está vendo a alegria do animalzinho ao ver o retorno do humano favorito dele para casa. “É importante não deixar o animal desconfortável demais”, alerta o profissional.
Adestramento comportamental, o que pode ser feito em casa?
O veterinário afirma que o adestramento do animal favorece bastante o ajuste do comportamento e aprendizado, principalmente enquanto ainda são filhotes, pois estão em uma fase que apresentam mais facilidade – ou curva – de aprendizado.
Além disso, os brinquedos inteligentes, como já mencionados anteriormente, e objetos com o cheiro do tutor (como roupas) podem ajudar a diminuir a carência do animal de estimação.
Em casos em que se precise de medicação, os mais indicados são tratamentos com aromaterapia, com florais, outros homeopáticos e até mesmo tratamentos medicamentosos – estes sempre adotados unicamente por recomendação de um médico veterinário. “Assim como nos humanos, a automedicação é perigosa, portanto requer prescrição médica”, alerta o profissional.
Um tutor muito apegado ao pet, pode prejudicar o animal?
A convivência ao lado do bichinho de estimação não afeta apenas o animal, muitas pessoas também acabam se tornando apegadas ao pet. Segundo Carlos Augusto, essa relação não prejudica os animais que, no geral, gostam de receber carinho e atenção, o que faz bem para eles e essa é uma troca que favorece muito mais do que atrapalha, mas também é preciso ter alguns cuidados.
“Talvez, uma boa conduta seja estabelecer as rotinas, para que os animais não sintam tanto a ausência temporária do tutor, além de, como falado, deixar brinquedos e outros objetos para entretenimento do animal”, completa.