A mudança de hábitos alimentares tem sido algo presente na vida de muitas pessoas. De acordo com a Global Data, 70% da população mundial está diminuindo ou eliminando a carne da dieta. No Brasil, nos últimos seis anos o número de vegetarianos
quase dubrou, alcançando a marca de 22,9 milhões (cerca de 14%) em 2018, segundo pesquisa do IBOPE.
Mas, essa mudança na alimentação não está se restringindo aos humanos: os produtos vegetarianos e sustentáveis para pets estão ganhando fatia cada vez maior no mercado. Um estudo da Universidade de Guelph’s Ontario Veterinary College feito com 3.600 donos de cães e gatos, revelou que cerca de um terço deles desejam mudar a alimentação convencional dos pets para a vegana ou vegetariana.
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Algumas empresas brasileiras já perceberam esse movimento e estão crescendo impulsionadas pelo novo público. Um exemplo são os petiscos vegetarianos da BF Foods que já representam 30% das vendas da fábrica de alimentos pets do Rio Grande do Sul.
Ao mesmo tempo que o dono busca passar sua filosofia de vida para o animal de estimação há uma pergunta: isso é ralmente saudável para o pet? Júlia Guazzelli Pezzali, veterinária mestre em Grain Science pela Kansas State University, afirma que os ingredientes utilizados em alimentos vegetarianos não proporcionam problemas ao cão, mas alerta sobre a necessidade de formular uma dieta.
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"Cães são animais onívoros e adaptados fisiologicamente a dietas com variedade de ingredientes e altos níveis de carboidratos. Eles possuem requerimentos específicos de nutrientes (aminoácidos, vitaminas, minerais, etc), não de ingredientes. Assim, como toda dieta , a vegetariana deve ser formulada para atender as exigências nutricionais do animal", afirma Júlia.
Amanda Adriana da Silva, veterinária pós-graduada em Reabilitação Animal e pós-graduanda em nutrologia, concorda com Júlia e acrescenta: "Desde de que feita de forma correta, balanceada e suplementada, utilizando fontes proteicas que não sejam de origem animal, a dieta vegetariana pode ser uma opção. Porém é necessário o acompanhamento para evitar a deficiência e aparecimento de doenças pela restrição dos elementos no cardápio".
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Para os donos que desejam fazer a mudança na dieta do pet, Júlia dá algumas dicas. "Geralmente, recomenda-se em torno de sete dias para a troca de alimento e durante esse período o fornecimento da nova dieta deve aumentar gradualmente com a diminuição da oferta da dieta prévia. Outro ponto importante é que os ingredientes afetam consideravelmente a palatabilidade da dieta e cães possuem preferências alimentares, ou seja, nem toda dieta é aceita pelo animal – o que deve ser respeitado pelo tutor."
Vale ressaltar que o dono deve estar preparado e determinado para alterar a dieta do pet, já que as opções com fontes proteicas costumam ser difícies de encontrar e ter preços elevados. A saída pode ser os suplementos, mas Amanda alerta que os prontos do mercado não são individualizados e não suprem as necessidades, por isso é preciso manipulá-lo com a orientação de um veterinário.