Usar brinquedos como varinhas ajudam a manter o pet a uma distância segura das mãos, ao mesmo tempo em que ele se diverte tentando capturar uma 'presa'
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Usar brinquedos como varinhas ajudam a manter o pet a uma distância segura das mãos, ao mesmo tempo em que ele se diverte tentando capturar uma 'presa'

Os gatos são animais domésticos que ainda mantêm os instintos de seus antepassados selvagens – que, inclusive, os ajudam a sobreviver quando vivem em abandono ou em situação feral .

O principal deles é a caça e, mesmo em ambientes domésticos, onde têm alimento em abundância, precisam ser estimulados, especialmente para gatos que vivem em apartamentos, que nem sempre têm oportunidades para exercitar seus instintos. Dessa vez, não por uma questão de sobrevivência, mas por exercícios físicos e diversão, que ajudam a manter o pet saudável e feliz.

Estimular os instintos de predador do gatinho é, além de saudável, uma forma de interação entre o pet e o tutor. Contudo existem certas brincadeiras que muitas pessoas fazem, mas não são recomendadas por especialistas – com um pet filhote, pode ser realmente divertido, mas com o pet já adulto, será algo doloroso, principalmente para as crianças.

A médica-veterinária comportamentalista Cintia Pinheiro afirma que brincar com o gatinho é, além de divertido, um exercício valioso para gatos de todas as idades. Além disso, essa interação também fortalece a relação entre os tutores e os felinos, melhorando o bem-estar da família como um todo.

“É muito importante evitar usar as mãos quando brincar com seu gatinho porque a brincadeira pode machucar, quando o pet se torna um adulto”, diz Cintia ao Canal do Pet . “Ao invés disso, utilize varinhas que permitem brincadeiras interativas sem causar agressão”.

Ao usar as varinhas, o gatinho ficará a uma distância segura das mães do tutor e permitirá que ele se sinta como se estivesse atacando e perseguindo uma presa.

Em relação aos brinquedos, mais do que ter os brinquedos certos, é preciso saber a “maneira certa” de usar. Não basta deixar apenas tudo espalhado pela casa e esperar que o gato brinque sozinho, é preciso que o tutor participe – do contrário, em vez de ver como uma presa em potencial, o felino verá o brinquedo como uma criatura morta e perderá o interesse rapidamente.

“Faça o objeto se movimentar como um rato ou um pássaro para despertar a curiosidade do seu gato”, orienta a comportamentalista. “Mas deixe seu gato ditar o ritmo”.

O tutor não pode forçar o gato a brincar, mas pode tentar abordagens diferentes para ver o que gera o interesse do gato, sem deixar que se torne algo repetitivo.

“Lembre-se de guardar as varinhas após as sessões de brincadeira. Se um brinquedo está sempre disponível, pode se tornar monótono e irreal para um gatinho”, avisa Cintia.

Outra dica importante é fazer a interação com o pet em horas mais propícias para ele, se possível. “Os gatos são mais ativos ao amanhecer e ao anoitecer, então criar uma rotina de sessões de brincadeiras nesses horários pode ajudar a mantê-los mais interessados”, aponta a especialista.

“O tempo total de brincadeira varia de acordo com o nível de atividade do pet, mas toda atividade deve ser prazerosa para o gato, então o ideal é manter sessões curtas e observar sempre a linguagem corporal do gatinho  para decidir se devemos continuar a interação.”

Tenho mais de um gato, posso brincar com todos ao mesmo tempo?

Brincar com o gato, além de divertido, fortalece os laços entre pet e tutor
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Brincar com o gato, além de divertido, fortalece os laços entre pet e tutor

É comum que se recomende que os tutores brinquem com um pet de cada vez – desde que ofereça a mesma atenção para todos. Mas, ainda assim, ao brincar com um felino, o outro pet poderia se sentir ignorado.

Para Cintia, essa é uma questão que deve ser avaliada de caso a caso. Ela explica que “se existem múltiplos gatos com diferenças de idade, talvez os mais novos possam querer brincar mais do que os mais velhos ou prefiram determinadas brincadeiras sobre outras”.

Nesse caso, o tutor deve levar em consideração quais são as limitações e preferências de cada gato individualmente.

“Às vezes, se faz necessário brincar em cômodos separados para que todos recebam estímulos físicos e mentais de acordo com cada necessidade. Ao respeitarmos as preferências individuais, promovemos o bem-estar felino”, afirma.

O famoso laser para gatos é realmente uma boa?

É importante manter uma variedade em relação aos brinquedos disponíveis para o gato
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É importante manter uma variedade em relação aos brinquedos disponíveis para o gato

Um brinquedo popular entre os tutores de gato é o laser, que projeta uma luz no chão ou na parede, atraindo a atenção do gato que tentará capturá-la. Apesar de promover uma boa diversão, por não existir um objeto físico, pode vir a frustrar o gato com o tempo.

“Os lasers são naturalmente estimulantes para os nossos gatinhos pelo que representam: caça em velocidade. Conforme o laser se move pela sala, o gatinho o interpreta como uma pequena presa tentando correr e se esconder”, explica Cintia.

Dessa forma, como explica a especialista, certos comportamentos felinos naturais surgem, “como o desejo inato de caçar, capturar e matar a presa em questão”.

Para que a diversão não acabe em frustração, além de tornar a brincadeira com o laser mais saudável, Cintia sugere que se acrescente um brinquedo físico ou um petisco no local onde será o “ponto final” da caça ao laser.

“Dessa forma, o gato terá a satisfação da ‘captura’ do brinquedo. No entanto, devemos oferecer outros brinquedos, certificando-se de que ele tenha acesso a muitos outros brinquedos para caçar e se divertir”, diz ela.

A veterinária ainda alerta para riscos que o laser pode causar. “Nunca devemos direcionar a luz do laser diretamente nos olhos do gatinho, já que mesmo os lasers de brinquedo emitem uma luz incrivelmente brilhante que podem causar problemas de visão, além de lesões oculares se usadas indevidamente”.

Os “brinquedos vivos” podem ser uma boa opção

É importante estimular os instintos de caça dos gatos, mesmo para aqueles que vivem em ambientes domésticos
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É importante estimular os instintos de caça dos gatos, mesmo para aqueles que vivem em ambientes domésticos

Ao contrário dos brinquedos tradicionais, que precisam da interação do tutor ou que o próprio gato se interesse em brincar, podem ser encontrados no mercado tipos diferentes, como brinquedos eletrônicos, como cobras e peixes que se movimentam sozinhos – ou mesmo pássaros, que podem ser amarrados por uma corda em ventiladores de teto e ficam “voando” pela sala.

Esses brinquedos não dependem do gato para se movimentarem, e podem despertar ainda mais a atenção do bichano por estarem “vivos” – ao menos enquanto suas baterias estiverem carregadas.

Ainda assim, antes de adquirir um brinquedo do tipo, o tutor deve entender o felino, pois cada animal é único e nem todos aceitam esse tipo de brinquedo da mesma forma.

“As preferências sociais entre os gatos variam muito, e são influenciadas por fatores como genética, o ambiente e suas experiências de vida. Então, se o gatinho gosta desse tipo de brinquedo, ótimo! Se o gatinho é medroso, por exemplo, cuidado. Pode ser que ele não goste de brinquedos desse tipo”, pontua a veterinária.

Quando a falta de interesse em brincadeiras pode se tornar um problema?

Cintia ressalta que muitos tutores deixam os brinquedos disponíveis o tempo todo e o animal perde o interesse, o que é natural. Ela indica que o tutor faça um revezamento dos brinquedos disponíveis no ambiente, para trazer mais atratividade ao brinquedo e mantenha o pet interessado.

Porém, caso note uma alteração incomum no comportamento do pet, é sempre importante procurar ajuda de um profissional

Estímulos e dicas de brinquedos para o seu pet

Oferecer brinquedos e estímulos ao gato ajuda a manter a saúde física e mental
Unsplash/Ferenc Horvath
Oferecer brinquedos e estímulos ao gato ajuda a manter a saúde física e mental

Cintia indica brinquedos com estilo “quebra-cabeça”, que mantêm o gato ativo e fornece reforço positivo ao mesmo tempo. “São ótimos estímulos físicos e mentais para gatos ativos e um excelente passatempo”, considera.

Outro estímulo natural para gatos é a planta Nepeta Cataria, base da popular erva-do-gato (catnip) que pode ser usada individualmente, assim como está presente em diversos brinquedos.

+ Conheça 5 benefícios de oferecer catnip para o seu gato

“É uma planta da família da menta e da hortelã que, diferente do que muitos pensam, provoca uma euforia suave e agitação nos felinos. Por isso, ela é muito utilizada na confecção de brinquedos dos gatinhos, mas não causa dependência”, explica a comportamentalista.

“O óleo nepetalactona da planta é liberado quando ela é amassada ou mordida e se liga aos receptores nasais do gato, estimulando uma resposta que afeta várias áreas do cérebro, incluindo o hipotálamo e a amígdala, duas regiões que são fundamentais na regulação das respostas emocionais e comportamentais”, pontua a veterinária.

Apesar de ser natural e segura, é preciso tomar certos cuidados em algumas ocasiões específicas, como Cintia esclarece: “A sensibilidade à Nepeta cataria é, em parte, herdada geneticamente e depende de um gene autossómico dominante, podendo variar com o sexo, idade e estado emocional do gato. A erva de gatos pode trazer benefícios para o animal sendo utilizado na forma e na quantidade correta, porém se seu gatinho apresenta algum distúrbio comportamental, a indicação é sempre procurar um profissional especializado para auxiliar a família com a melhora do comportamento do gatinho”.

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