Simpático lagarto de origem no Oriente Médio, o Gecko Leopard tem o corpo bege com pintas pretas que se assemelham às de um leopardo — daí vem o seu nome popular: Gecko Leopardo — ou lagartixa leopardo, como é mais conhecida no Brasil. Seu nome científico é Eublepharis macularius, da família Eublepharidae.
Os animais dessa espécie podem chegar a até 25 cm de comprimento; seus olhos têm cor castanho claro confundidos às vezes com dourado. Sua aparência também pode lembrar a de uma lagartixa, e assim como esses pequenos, o Gecko Leopardo é um ótimo alpinista.
Seus dedos são independentes, sem ventosas, com garras não retráteis e um formato pontiagudo e curvado. Seus hábitos são noturnos, portanto, na natureza, só saem em busca de alimento durante a noite. No geral, têm um comportamento calmo e dócil, mas como se trata de um animal territorialista, a espécie pode se tornar agressiva na presença de outros machos.
Comum nos Estados Unidos , o Gecko Leopardo prefere viver em um ambiente árido ou semiárido, sem muita vegetação. Como pet, é importante que seu viveiro seja adequado a essas condições.
É legal ter um Gecko Leopardo no Brasil?
Pela internet é comum encontrar a informação de que não existe a possibilidade de se obter um Gecko Leopardo no Brasil, devido a uma proibição do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Porém, a informação não é verdadeira, conforme checado pelo Canal do Pet.
Importante ressaltar que, para se ter um animal silvestre ou exótico é preciso comprar em um criatório devidamente licenciados pelo Ibama, que ofereça todos os documentos, como nota fiscal, GTA (Guia de Transporte Animal) e microchip de identificação.
A venda, no entanto, só é permitida em alguns estados, seguindo as normas da LC 140, que permitem a criação e comércio legal desses animais em estados como Alagoas e Paraná.
- Paraná com Portaria IAP n.º 246 DE 17/12/2015
- Alagoas com Lei n.º 7841 DE 30/11/2016
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“A Lei Complementar 140 passou o poder de licenciamento de criatórios para os estados. Com isso, hoje, a gestão de fauna já não é mais feita pelo Ibama”, diz o biólogo Tai, ao Canal do Pet .
Ele continua: “Hoje, cada estado brasileiro tem o seu próprio órgão ambiental, que regulamenta o que pode e o que não pode. Por isso, em alguns estados é proibida a venda, e em outros é permitida.”
Além de Alagoas e Paraná, o biólogo aponta o Rio de Janeiro como outro estado no qual a legislação permite a venda em criatórios legalizados. “No Rio, por exemplo, é permitida a venda de apenas de animais silvestres, ou seja, somente do Brasil. Já em Alagoas e no Paraná é permitida a venda de animais silvestres e exóticos.”
Esses animais são criados e reproduzidos no local. O Ibama e o Cetas (Centro de Triagem de Animais Silvestres) apreendem muitas vezes animais de tráfico, ou que estão sob maus cuidados, e os direcionam aos criatórios, que cuidam e reproduzem esses animais.
“Dessa reprodução de animais, só é possível vender os filhotes que já nasceram em cativeiro, e esses já são microchipados, recebem um certificado de origem e nota fiscal. Mesmo que não seja permitida a venda em todos os estados, os estados que permitem vendem e enviam a documentação para qualquer lugar do Brasil”, completa o biólogo.
A vida com um gecko leopardo
Leonardo Cabral Lopes Minardi é tutor da Tina, uma fêmea de espécie Gecko Leopardo. Ao Canal do Pet , ele conta que queria ter um animal exótico, e sua primeira ideia era adquirir um axolote, uma espécie de salamandra aquática.
“Elas vivem em aquário e, por coincidência, eu já tinha um em casa, que estava vazio”, conta Leonardo. “O maior problema é que, infelizmente, é muito difícil você achar um axolote, então comecei a pesquisar sobre outros animais que poderiam viver naquele espaço, foi quando cheguei até o Gecko leopardo, que é meu bichinho hoje em dia.”
Tina, segundo o tutor, tem cerca de 4 anos de idade, e na natureza, a espécie tem uma expectativa de vida de até 15 anos.
“Eu a escolhi como pet porque é um animal muito simples de ser criado, até mesmo para quem nunca teve contato. Inclusive, é um animal muito comum nos Estados Unidos e na Europa . É uma criação muito difundida, o que facilita muito, pois torna a criação bem mais fácil por conta da quantidade de informações”, aponta Leonardo.
Os cuidados com um gecko leopardo
Alimentação
“Os cuidados em relação à alimentação é que você precisa saber exatamente como funciona a dieta desse animal”, afirma Leonardo. “É diferente de um cachorro ou um gato, que tem rações específicas. A alimentação de um animal exótico costuma ser bem mais natural.”
A dieta de um gecko leopardo consiste basicamente de insetos, como grilos, baratas e gafanhotos. Evidentemente, não basta encontrar os insetos pelo jardim e oferecer ao pet.
“Eu, por exemplo, costumo dar insetos vivos — mas não são os que achamos na rua, principalmente por conta da sujeira neles ou até mesmo algo que possa causar problemas de intestino”, alerta o tutor. “Costumamos dar algumas comidas que são semelhantes a alguns alimentos de passarinhos, por serem mais fáceis de serem encontradas.”
Ele complementa: “Por conta disso, também sempre acaba acontecendo uma suplementação vitamínica específica. No caso do meu pet, a gente costuma dar cálcio adicionado à vitamina 3.”
A alimentação desse pet deve ser feita de maneira espaçada. Quando filhotes precisam comer a cada 24h ou 48h, já os adultos devem se alimentar de até quatro insertos entre duas ou três refeições por semana.
Interação com o pet
Leonardo afirma que a relação costuma ser mais de observação, “porque o manuseio excessivo gera muito estresse a esse animal”.
“Você pode pegá-lo na mão, mas sempre com cuidado, até mesmo para mostrar para alguma visita — principalmente crianças, que têm muita curiosidade. É preciso fazer com cautela e de forma bem regrada para preservar o bem-estar do animal. No geral, é mais uma relação de observação”, diz.
Cuidados com a saúde
”Os animais exóticos, de forma geral, dificilmente precisam de uma visita ao veterinário, contanto que você forneça a ele ambiente e alimentação adequados”, diz Leonardo. “Na única vez que tive dúvida em relação ao meu pet, tive a sorte de ter um cunhado que está se especializando justamente em animais exóticos. Então, ele fez a consulta e me tirou as dúvidas.”
Leonardo reforça, no entanto, que é importante pesquisar sempre por um médico-veterinário especializado em animais exóticos, para ter acesso a um especialista em casos de emergência.
“É sempre bom já ter pesquisado onde tem um veterinário especializado em animais exóticos perto da sua casa, caso esteja pensando em adquirir um. Infelizmente, são profissionais muito raros em nosso mercado”, completa.
Cuidados profissionais com um lagarto como pet
A médica-veterinária Adriana Helena de Almeida aponta cuidados importantes que os tutores devem ter ao pensar em adquirir um lagarto como pet, independentemente da espécie.
“Dentre as muitas espécies presentes na natureza, apenas algumas podem ser mantidas como pets”, diz Adriana, que exemplifica as duas mais comuns no Brasil: Teiú e Iguana.
“O mais importante é adquirir os animais de fontes legais, como criadouros registrados e autorizados. Além da aquisição de animais retirados da natureza ser proibida, ele pode trazer consigo diversas doenças”, alerta a profissional.
Cuidados com a higiene
“Em relação a questão de higiene, é importante fazer a limpeza do terrário com frequência, removendo fezes e restos de comida, fornecer água limpa em recipientes higienizados, lavar a mão antes e depois do contato com os animais, limpar as escamas e cascos [se necessário] e ficar atento a qualquer anormalidade como mudança de comportamento, falta de apetite e problemas respiratórios”, alerta Adriana.
É preciso cuidado com as unhas e higiene bucal de um lagarto?
“Sim, em alguns casos as unhas podem crescer excessivamente e precisam ser cortadas para evitar problemas como ferimentos auto infligidos ou dificuldade de locomoção”, afirma Adriana.
“Em relação a higiene bucal, embora nem todos os répteis tenham dentes, alguns têm estruturas bucais que merecem atenção. Para isso, é recomendada uma dieta adequada, que previne o acúmulo de placa bacteriana. Em certas espécies a limpeza regular com uma escova de dentes macia é o indicado”, reforça.
Como adequar o ambiente para um pet lagarto de forma saudável
“Os lagartos são animais selvagens”, aponta a veterinária. “Sendo assim, ao mantê-los em cativeiro é importante conhecer o máximo possível de seu modo de vida e de seu hábitat na natureza, para que se possa fornecer condições adequadas e garantir o seu bem-estar.”
Por isso, diz a Adriana, os lagartos “devem ser mantidos em viveiros [terrários] que simulem, o máximo possível, as características do meio ambiente em que vivem na natureza, incluindo alimentação, abrigo, espaço, temperatura e umidade relativa do ar, além de acesso à radiação solar para síntese de vitamina D [ou às lâmpadas UVB, que proporcionam os benefícios do banho de sol].”
Esses viveiros devem ser equipados com substrato, abrigos e objetos de enriquecimento, como troncos, pedras e plantas artificiais, acrescenta Adriana.
Alimentação indicada
Os lagartos são onívoros e consomem uma variedade de proteínas de origem animal, como insetos, vermes, pequenos mamíferos, aves e ovos. Também apreciam frutas — como as cítricas, manga e banana — e verduras.
“Também é importante fornecer suplementos específicos de cálcio e vitaminas para garantir uma dieta equilibrada”, aponta a veterinária, que destaca: “As iguanas são herbívoras e devem ser alimentadas principalmente com vegetais frescos, como folhas verdes, cenouras, abóbora, brócolis, entre outros.”
A água deve ser servida em um recipiente raso, mas algumas espécies — como a iguana —, pode preferir tomar água de borrifadores ou de gotas d'água em folhas.
Espaço mínimo e atividades que o tutor de um lagarto deve proporcional
“O terrário deve ser espaçoso e adequado ao tamanho do animal, sendo que o tamanho mínimo recomendado deve permitir que o pet se movimente e explore seu ambiente”, diz Adriana. “É importante saber que estes animais gostam de áreas para se esconder, portanto é importante criar um ambiente variado em seu terrário.”
A temperatura deve ser mantida entre 26°C e 32°C, com uma área de aquecimento mais quente, como opção para os animais. Não existe uma medida ou tamanho padronizados para o viveiro, de modo que devem ser ajustados de acordo com o crescimento do animal.
O comportamento dos lagartos varia de acordo com a espécie e o ambiente em que vivem. Estes são alguns dos comportamentos típicos, lista Adriana:
- Os lagartos são animais de sangue frio (ectotérmicos) e dependem do ambiente para regular sua temperatura corporal. Eles passam parte do tempo tomando sol para se aquecer e se escondendo na sombra ou em buracos para se resfriar;
- Muitos lagartos são excelentes escaladores e podem subir em árvores, rochas e outras superfícies com facilidade. Isso é frequentemente usado para escapar de predadores ou para encontrar comida;
- Os teiús são bons escavadores. Eles cavam buracos para se esconder, proteger seus ovos ou encontrar comida;
- Os lagartos usam uma variedade de sinais para se comunicar com outros lagartos. Isso pode incluir exibir cores brilhantes na pele, movimentos de cabeça e corpo, vocalizações (se forem geckos, por exemplo) e agressões como a inflação do corpo;
- Eles podem usar sua língua para detectar cheiros e localizar presas;
- Podem ser territoriais, por isso é prudente mantê-los isolados de outros animais domésticos;
- Alguns lagartos mudam de pele regularmente à medida que crescem. Isso é semelhante à muda de pele em serpentes.
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Propensão a doenças e visitas ao veterinário
A veterinária aponta, ainda, que esses répteis também são suscetíveis a várias doenças e problemas de saúde, assim como qualquer outro animal de estimação.
“Realizar exames de saúde regulares é importante para prevenir e detectar problemas precocemente”, afirma Adriana. “Caso o animal apresente alteração de aparência ou comportamento, é fundamental procurar um médico veterinário especializado em répteis o mais rápido possível. A prevenção é essencial, incluindo uma dieta adequada, boas condições de habitat, exposição adequada à luz UVB e um ambiente limpo.”
“É preciso estar ciente dessas possíveis condições e sintomas para garantir a saúde e o bem-estar de seu réptil”, Adriana lista as principais:
- A desidratação pode ser um problema comum, e os sinais incluem pele enrugada, olhos encovados e letargia; Certifique-se de fornecer acesso constante à água limpa e fresca;
- Infecções respiratórias podem ocorrer devido a temperaturas inadequadas ou falta de ventilação adequada. Os sintomas incluem respiração ofegante, secreção nasal ou oral e espirros;
- Os répteis podem ser afetados por parasitas internos, como vermes, e externos, como carrapatos e ácaros. Exames regulares e tratamentos prescritos por um veterinário podem ser necessários para controlar infestações;
- Podem ocorrer doenças metabólicas, devido a uma dieta inadequada ou a falta de exposição à luz ultravioleta (UVB) apropriada, como por exemplo, a osteodistrofia metabólica, que afeta a saúde dos ossos;
- Infecções bacterianas, fúngicas ou lesões na pele podem afetar lagartos e iguanas. Os sintomas incluem inchaço, vermelhidão ou descamação;
- Alimentação inadequada e falta de exercício podem levar à obesidade, o que pode causar uma série de problemas de saúde, incluindo problemas cardíacos;
- Alguns lagartos, como iguanas, podem ser suscetíveis a doenças hepáticas devido a dietas inadequadas ou acúmulo de gordura no fígado;
- A estomatite, também conhecida como "boca suja", é uma inflamação da boca e pode ser causada por infecções bacterianas, levando a dificuldades alimentares;
- Traumas, tais como quedas, mordidas de outros animais ou lesões durante o manuseio inadequado podem resultar em lesões;
- Pode ocorrer problemas relacionados à ovulação, como ovos retidos.
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