Carolina Quaresma traz conteúdo inspirado em sua rotina como médica-veterinária, sempre com muito bom-humor
Reprodução/Arquivo pessoal
Carolina Quaresma traz conteúdo inspirado em sua rotina como médica-veterinária, sempre com muito bom-humor

A médica-veterinária Carolina Quaresma, de 30 anos, vem ganhando popularidade nas redes sociais com vídeos que retratam a rotina veterinária de uma forma educativa, descontraída e, principalmente, bem-humorada.

Na profissão há dois anos e dona da própria clínica, “Feito Gente”, a medicina-veterinária, na verdade, não foi sua primeira escolha de carreira, mas tudo mudou quando um acontecimento familiar a fez perceber qual era sua verdadeira vocação.

“Eu cursava Publicidade e Propaganda e não estava me sentindo realizada, já estava pensando em outras profissões que eu poderia seguir”, conta Carolina ao Canal do Pet . Ela diz que, na época, a gatinha de sua família foi  diagnosticada com FelV  (Leucemia felina) e precisou passar por tratamento, o qual ela acompanhou de perto.

“Acompanhando todo o tratamento, surgiu no meu coração uma vontade genuína de cursar veterinária. Costumo dizer que a veterinária que me escolheu.”

Os vídeos e a vida de uma estagiária

Carolina Quaresma mostra o dia a dia de uma clínica veterinária com muito bom humor
Carolina Quaresma
Recebendo 'lambeijos' de um paciente
Carolina Quaresma
Carolina Quaresma e sua equipe (Bruna Rafaella e Leonardo Vieira)
Carolina Quaresma em foto ao lado de paciente, o cão chamado Zeus
Cadela que estava com medo da vacina sendo acalmada pela veterinária
Gato após atendimento

Hoje com mais de 100 mil seguidores no TikTok e quase 60 mil no Instagram, ela  compartilha vídeos nos quais mostra um pouco do dia a dia da profissão. A ideia, segundo ela, surgiu quando ainda estava em seu estágio obrigatório, embora, naquele momento, não tenha levado a ideia para frente.

“Eu acabei me tornando amiga da veterinária responsável pelo meu estágio, e a gente costumava gravar alguns vídeos juntas, mas não postávamos”, conta.

Depois de publicar alguns vídeos sozinha, ela pediu para sua veterinária responsável para que gravassem um novo vídeo, mas que, dessa vez, seria publicado. E foi um sucesso.

“O vídeo chegou a 500 mil visualizações”, lembra Carolina. “Depois disso continuamos fazendo os vídeos juntas.”

Com o grande número de visualizações, veio também um sentimento de responsabilidade. “A partir disso, fomos recebendo muitos feedbacks de pessoas dizendo o quanto os vídeos estavam ajudando, o quanto a rotina veterinária tinha ficado mais leve quando assistiam ao nosso conteúdo”, lembra ela, que assumiu aquela visibilidade também como um propósito profissional.

“Ali vimos que tínhamos uma responsabilidade muito grande, não só de levar humor, mas também para conseguir ajudar outras pessoas.”

Vivências inusitadas da medicina-veterinária

A vida de um médico-veterinário, ou mesmo de um estudante, está longe de ser apenas “cuidar de bichinhos”, tendo muitas dificuldades, mas, também, seus momentos mais leves, divertidos e, até mesmo, inusitados - como pedidos "estranhos" de alguns tutores.

Os vídeos compartilhados mostram situações inusitadas, como pedidos de consultas por meio de fotografias ou as chamadas de pacientes com nomes que vãos dos mais fofos aos mais curiosos.

Carolina conta que, normalmente, as ideias para os roteiros vêm de situações que ela mesmo vivenciou, desde a sua época como estudante, até hoje, como uma profissional estabelecida na área.

“Inclusive, alguns vídeos eu faço como se eu ainda fosse estudante”, ela conta. “Também já peguei referências de situações vividas por amigos e outros colegas. As rotinas dos veterinários são muito parecidas, acredito que por isso tantas pessoas se identifiquem e assim conseguimos trocar ideias de conteúdo.”

Uma piada recorrente em vídeos compartilhados por veterinários na internet são os pedidos estranhos de tutores, como as consultas por meio de fotografias – seja a do próprio pet, ou mesmo de dejetos.

Carolina confirma que é algo real e muito comum de acontecer: “É muito comum a galeria de um veterinário estar cheia de fotos de fezes , urina , vômitos ... O curioso é que, geralmente, o tutor quer o diagnóstico pela foto, e isso é impossível!”

Ela acrescenta: “E, se não tem o diagnóstico, vem a famosa pergunta: ‘mas não dá para passar um remedinho então?’”

A recepção do público

Carolina diz que busca trazer um conteúdo leve e bem-humorado, mas não abre mão de oferecer também material para aprendizado, incluindo situações que podem gerar dúvidas para os tutores e, especialmente, para quem está cursando ou pensa em ingressar na medicina veterinária.

“A maior parte do meu conteúdo é focado do humor, mas costumo colocar, também, conteído sobre os casos que eu atendo, e crio semanalmente um quiz sobre algum tema da área veterinária”, ela conta.

A ideia é que os estudantes que a acompanham consigam  aprender com o que ela produz em seu perfil, e a resposta é positiva.

“A interação é constante, seja por comentários nos vídeos, ou resolução de casos clínicos juntos — contando o problema e perguntando aos seguidores qual seria a solução, como um jogo de perguntas e respostas — e, também, por mensagens. Alguns seguidores pedem conselhos e eu tento ajudar no que eu posso e consigo”, conta a veterinária.

E o conteúdo não é interessante apenas para os estudantes de medicina-veterinária, os tutores também acompanham e se divertem.

“Os tutores seguem, e já comentaram várias vezes em consultas [na clínica] sobre os vídeos e situações nas quais eles se identificam, é sempre divertido”, diz.

Humor, leveza e incentivo aos futuros profissionais

Por ter começado a fazer seus primeiros vídeos ainda como estagiária, Carolina sabe as dificuldades que os iniciantes na profissão passam e, por isso, se dedica a ajudar e trazer conselhos, mostrando situações reais, comuns no dia a dia de um consultório veterinário.

Em seus vídeos, ela retrata diversos momentos de interação entre um estagiário e um médico-veterinário, buscando incentivar os estudantes a perderem seus medos e, também, a motivar os profissionais, para que ajudem da melhor forma aqueles que estão apenas começando.

“No início, quando eu era a estagiária, os meus vídeos mostravam muito as situações vividas por mim, naquela rotina. Então, quando acontecia algo, eu pensava: ‘daria para fazer um vídeo com essa situação que eu vivi hoje’”, lembra.

“Hoje eu ainda faço alguns [vídeos com vivências de estágio], mas eu mesma faço o papel da estagiária e da veterinária, relembrando muitos dos momentos que eu já passei, os perrengues, tudo eu tento colocar e trazer em forma de humor”, conta Carolina.

Por experiência própria, ela conta que os estagiários têm muito medo de errar, ou de fazer algo que desagrade ao veterinário. “Então eu tento trazer um pouco de leveza, para que [os estudantes] saibam que, algumas situações que eles vivem, outras pessoas também viveram, e, com isso, trazer um pouco de autoconfiança para eles.”

“Eu era uma dessas estagiárias que tinha muita vergonha de perguntar, de fazer algo errado. Então eu tento incentivar as pessoas para que elas consigam se desenvolver mais no período de estágio”, afirma.

Carolina relembra ainda diversas situações que a marcaram durante esse período, desde as engraçadas, até as mais tristes.

“Lembro até hoje de um atendimento muito difícil de um gato de rua”, conta. “Ele não estava acostumado a ser manipulado, então só conseguimos atendê-lo com ajuda de uma veterinária de [animais] silvestres e com uso de sedação”, relembra.

“Até conseguir conter o gato foi uma aventura. No entanto, depois que dá tudo certo, esses casos viram histórias engraçadas para se recordar ou fazer um vídeo”, finaliza.

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