Muitos tutores levam seus coelhos de estimação para passeios ao ar livre, essa é uma prática segura? Entenda!
Ali Atakan Açikbas/Pexels
Muitos tutores levam seus coelhos de estimação para passeios ao ar livre, essa é uma prática segura? Entenda!

É relativamente comum de ver pela internet vídeos e fotos de tutores de coelhos que levam seus animais de estimação para passeios, fazendo o uso de guias e coleiras, em ambientes variados, como parques e até na areia da praia.

Em setembro a foto de uma banhista carioca se tornou viral nas redes sociais ao aparecer com um coelho branco em uma praia do Rio de Janeiro. A imagem foi compartilhada nas redes sociais pela fotógrafa Ana Carolina Fernandes, e gerou diversas dúvidas e críticas por parte dos internautas.

Em um dos comentários, a tutora afirmou “conhecer os limites” do coelho de estimação e que não expõe o pet ao calor intenso ou a locais muito barulhentos, saindo para passear somente em horários mais calmos. Mas passear com coelhos de estimação é realmente recomendável?

De acordo com a médica-veterinária Aline Ambrogi, para saírem para passear os coelhos precisam gostar e estarem habituados, mas não é uma atividade recomendada.

“A grande maioria dos coelhos não se acostuma com essa atividade e se estressa muito, podendo até vir a óbito por conta do estresse”, diz a especialista ao Canal do Pet .

Já Fabíola Soldado, bióloga especialista em coelhos, é mais enfática ao dizer que “coelhos não são cães” e que é muito perigoso levar um pet da espécie para passear.

“Coelhos são presas na natureza, portanto podem ficar traumatizados, se assustar e se estressar com barulhos, movimentos bruscos, odores, presença de humanos e de animais de outras [espécies] e, até mesmo, da mesma espécie”, diz a bióloga, que é tutora de um coelho de 8 anos da raça Lion, chamado Biolinho.

Fabíola explica que os níveis de estresse em coelhos podem ser altamente prejudiciais à saúde deles, “podendo afetar o sistema gastrointestinal [coelho pode desenvolver um quadro de estase intestinal], baixar a imunidade [desencadeando diversos problemas caso o coelho seja portador de algumas doenças] e até mesmo problemas cardíacos, podendo levar o coelho a óbito”, reforça a especialista.

Sobre os passeios ao ar livre, como no caso de praias e parques, Aline acrescenta: “Outra questão muito importante é o calor. Esses animais não suportam temperaturas muito elevadas e podem morrer em situações como passeios em locais quentes e estressantes.”

Além disso em ambientes externos “os coelhos podem se infectar por microrganismos presentes no ambiente, causando graves doenças”, reforça Fabíola.

Como identificar se o coelho está estressado ou com medo?

Biolinho, da raça Lion, de 8 anos
Fabíola Soldado e seu coelho de estimação, Biolinho
Fabíola Soldado e seu coelho de estimação, Biolinho
Fabíola Soldado e seu coelho de estimação, Biolinho
Fabíola Soldado e seu coelho de estimação, Biolinho

A bióloga aponta que é possível identificar estresse e medo em um coelho por meio de sua linguagem corporal. Segundo ela, o coelho pode paralisar, ficar com as pupilas dilatadas, narinas abertas com respiração ofegante, parte branca do olho exposta, orelhas fechadas e rentes ao corpo e agressividade.

O uso de coleiras em coelhos é seguro?

“Para levar um coelho de um lugar para outro, deve-se usar caixas de transportes porque eles se sentem mais seguros”, comenta Aline.

Fabíola reforça que coleiras e passeios em ambientes externos, não são recomendados para coelhos. “Este tipo de atividade não é um enriquecimento ou uma opção de entretenimento, uma vez que não está dentro do manejo adequado da espécie”. Além disso, ela aponta que coleiras no pescoço não trazem nenhuma segurança e podem causar graves acidentes. 

“Quando o tutor precisar transportar o coelho de um local para outro, como ir ao veterinário, por exemplo, deve utilizar caixas ou bolsas de transportes ideias para o pet”, pontua a bióloga.

Fabíola ainda destaca que espécies diferentes têm necessidades distintas e é importante entender isso: “Que saibamos respeitar a natureza de cada uma delas. Coelhos não são cães. Coelho feliz é solto dentro de casa, livre de gaiolas, cercados, viveiros e coleiras.”

Ambientes seguros para um coelho

Não é recomendável levar coelhos para passeios
reprodução shutterstock
Não é recomendável levar coelhos para passeios

“O melhor ambiente para um coelho é onde ele se sente seguro e confortável”, diz Aline. “Em casa, o indicado é que ele tenha um local bem arejado e com brinquedos que enriqueçam o ambiente para ele não se estressar. Além de ter o local espaçoso para que ele possa correr e brincar.”

Fabíola diz que, para casas maiores, com quintal ou jardim, não há problema em deixar o coelho solto para uma voltinha, desde que ele esteja protegido contra possíveis predadores e, de preferência, sob a vigilância do tutor. “E nunca deixar o coelho dormir do lado de fora, além de predadores, o coelho não deve ficar exposto ao vento e a chuva”, acrescenta.

A convivência com outros pets é possível, embora também não seja recomendada. “Não aconselho a convivência com cães e gatos”, diz Fabíola. “Já vimos muitos ataques de cães em coelhos. E gato tem uma bactéria nas unhas e se arranhar o coelho, causa a doença popularmente conhecida como arranhadura do gato.”

Para tutores que tenham pets de diferentes espécies, o ideal é que fiquem em ambientes separados,  como o caso do coelho Nicolas Tomilho.

Enriquecimento ambiental para coelhos

Enriquecimento ambiental para coelhos de estimação
Enriquecimento ambiental para coelhos de estimação
Enriquecimento ambiental para coelhos de estimação
Enriquecimento ambiental para coelhos de estimação
Enriquecimento ambiental para coelhos de estimação
Enriquecimento ambiental para coelhos de estimação
Enriquecimento ambiental para coelhos de estimação
Enriquecimento ambiental para coelhos de estimação

Embora o pet não deva sair para passeios em ambientes externos, como parques, praças ou areia da praia, não significa que ele não possa ter entretenimento para uma vida saudável e sem tédio.

“Uso de tocas e canos de PVC grandes são ideais para eles se sentirem seguros”, aponta Aline, que ressalta que por serem são presas na natureza os coelhos “se sentem ameaçados o tempo todo”.

“Os coelhos precisam ser estimulados, mantidos física e mentalmente ativos, a fim de não terem problemas de comportamento e saúde. O enriquecimento ambiental é importante para o local mais agradável, aconchegante, menos estressante, de forma segura, com muita diversão e despertando a curiosidade do coelhinho”, diz Fabíola.

Proprietária da Coelhoucos, especializada em artigos para coelhos, a bióloga explica ainda que é importante que o pet seja livre para explorar a casa. No entanto, os tutores devem ter atenção em detalhes, para garantir a segurança do animal, como usar organizador de fios e não deixar objetos, como chinelos, espalhados pelo chão.

“Eles roem tudo o que pode causar obstrução intestinal, além de levar choque”, aponta a especialista, que lista algumas dicas para um melhor enriquecimento ambiental para coelhos dentro de casa, especialmente para os que vivem em apartamento.

  • Túneis e Tocas: coelhos adoram esconderijos e passagens em diferentes lugares. Para isso, o ambiente natural de um coelho pode ser imitado, fornecendo tocas e túneis. Também servirá de abrigo e/ou um esconderijo para os momentos que ele quer ficar quietinho, sem ser incomodado e até mesmo quando se sentir ameaçado por algo;
  • Brinquedos de madeira de pinus: mantêm os animais ativos; evita o estresse, tédio e a depressão; ameniza o instinto de mastigar e roer mantêm os dentes limpos e auxilia no desgaste dos dentes;
  • Dispenser/comedouro de ração ou petiscos interativos: promove alimentação de forma pausada e descontraída; diminui o estresse; desperta a curiosidade e é um excelente aliado para passar o tempo, fazendo o que o coelhos mais gostam: comer;
  • Porta feno: excelente para estimular o coelho a comer mais feno. Alguns são interativos, mantendo-os fisicamente ativos.

“Alterne os brinquedos e acessórios sempre que puder, a fim de manter o interesse e a curiosidade do seu coelho”, completa Fabíola.

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