Uma boa parte dos tutores de cachorros talvez não tenha parado para pensar, especialmente no caso dos cães machos, mas que está literalmente presente no dia a dia e pode trazer certas curiosidades sobre a vida e saúde dos animais de estimação.
As glândulas mamárias, ou simplesmente os mamilos dos cães que, em muitos casos, são quase imperceptíveis – como em animais com pelos longos – estão dispostos ao longo do abdômen dos pets.
A médica veterinária Fernanda Ambrosino explica que as fêmeas têm dez glândulas mamárias que são dispostas em duas fileiras, que vão desde a região torácica até a inguinal (virilha). Os machos também apresentam a mesma quantidade e disposição.
Uma curiosidade é que, embora seja raro, alguns cães podem apresentar um número ímpar de mamilos, com cinco de um lado e quatro do outro, por exemplo. “É pouco comum que o animal apresente uma quantidade diferente de mamilos, nestes casos, a causa pode ser um fator genético ou estar relacionado à formação do animal durante o desenvolvimento no útero”, explica a veterinária.
Nem todos os cães, machos e fêmeas, também contam com a mesma quantidade. Alguns animais podem ter de seis a até 12 mamilos. Há quem acredite que esse número determine a quantidade de filhotes que a fêmea poderá ter em uma ninhada, mas não é assim que funciona.
“Não existe uma relação entre o número de mamilos e quantidade de filhotes. O tamanho da ninhada dependerá de uma série de fatores, como a saúde do animal, idade, o amadurecimento do sistema reprodutor e até mesmo o porte”, conta Fernanda.
Conforme a veterinária explica, cães de pequeno porte, por exemplo, costumam gerar de dois a três filhotes. Já as fêmeas de grande porte podem ter ninhadas de até 12 filhotes. “Mas, é importante ressaltar que não existe um número exato. O tutor deverá acompanhar a gestação do animal junto ao médico veterinário para que seja possível avaliar o estado de saúde da mãe e dos filhotes durante todo o processo”.
As mudanças durante a gestação
As fêmeas passam por uma série de transformações durante esse período. O tutor poderá notar mudanças de comportamento, como apatia, falta de apetite e cansaço, além de mudanças físicas, como náuseas, ganho de peso e inchaço nas glândulas mamárias.
No caso dos mamilos em específico é possível notar o inchaço do tecido mamário, que assim como nos humanos, está se preparando para a lactação. Vale lembrar que a amamentação é sem dúvida fundamental nesta fase.
“O leite materno tem uma composição nutricional indispensável para o desenvolvimento dos pets. Após a amamentação e o fim da gestação, a glândula mamária voltará gradualmente ao tamanho normal”, explica.
Fernanda lembra que o tutor deve estar preparado para a prenhez da fêmea, pois o animal precisará de adaptações na rotina, como uma dieta equilibrada, exercícios, reforço na hidratação do pet, entre outros.
Doenças comuns - Câncer de mama
O câncer de mama é muito mais comum em fêmeas, pesquisas apontam que cerca de 45% são atingidas pela doença. Para os machos essa é uma condição rara, mas também vale a atenção do tutor.
“As mamas dos cães também produzem hormônios, como estrógeno e progesterona, mesmo em menor proporção eles também podem desenvolver a doença”, alerta.
“O câncer de mama é um dos tipos mais frequentes, sendo responsável por mais da metade dos diagnósticos nos pets. Nesse caso, a doença afeta a mama ou toda a cadeia mamária do animal”, explica a especialista.
(continue lendo logo abaixo)
Você viu?
A veterinária alerta que os animais afetados apresentam uma formação tumoral na região que pode ser benigna ou maligna. A doença costuma ser silenciosa e o animal pode demorar muito tempo até manifestar algum sintoma. “Um sinal de alerta é a presença de nódulo na região mamária, por isso, caso perceba qualquer alteração no toque da região o tutor deve buscar ajuda profissional”.
O diagnóstico do câncer, independentemente do tipo, deve ser feito por um médico veterinário. A confirmação da doença só pode ser realizada após exames clínicos e laboratoriais.
Idades propensas e causas
Os tumores de mama têm uma tendência a aparecer em cadelas adultas, entre quatro e 12 anos. “A incidência em animais mais jovens é pouco comum, mas eles também podem ter manifestações da doença”, ressalta.
A origem da doença é multifatorial, podendo ser genético, hormonal, nutricional e até mesmo motivado por causas ambientais, que podem afetar também o crescimento desordenado das células mamárias.
A prevenção é a melhor forma de evitar doenças nos pets e, no caso do câncer, não é diferente e a castração pode fazer a diferença entre a vida e a morte do animal. “No caso dos tumores mamários a castração, antes do primeiro cio, é a melhor forma de prevenção, pois normalmente as fêmeas não castradas são as que têm maior propensão ao desenvolvimento da doença”, continua.
A veterinária lembra que avaliações periódicas com um médico veterinário, mesmo que o animal aparente estar saudável, são fundamentais. “O especialista poderá identificar proativamente qualquer anomalia durante a consulta ou até mesmo solicitar exames de rotina que podem identificar se o animal possui alguma alteração de saúde. O diagnóstico precoce eleva os índices de sucesso no tratamento, garantindo mais bem-estar e aumentando a qualidade de vida dos animais”.
Mastite canina
A mastite é uma inflamação das glândulas mamárias, que pode ocorrer com ou sem infecção, sendo mais comum em dois períodos: durante a lactação ou em casos de gravidez psicológica, sendo nesse caso, menos frequentes.
“Como as defesas da fêmea diminuem após o parto, o pet fica mais suscetível à ação dos agentes associados a doenças, como as bactérias Staphylococcus aureus, Escherichia coli e Streptococcus sp”, explica.
Entre os sinais de mastite estão inchaço e endurecimento da mama, a recusa da fêmea em realizar a amamentação dos filhotes, secreções, apatia, falta de apetite, sensibilidade no local, entre outros.
“Ao notar qualquer alteração comportamental do cão, especialmente após a gestação, o tutor deverá buscar orientação profissional para que seja possível identificar o agente causador da mastite e iniciar o tratamento adequado para a doença” completa.