Quem nunca teve as canelas atacadas por um cachorro de pequeno porte pode se considerar uma pessoa com alguma sorte na vida - ou azar, caso a razão seja ela nunca ter visto um desses pequenos. O fato é que a máxima popular de que cães pequenos são bravos é tão real quanto a de que pitbulls e rottweilers também são. Mas até onde isso é verdade?
O primeiro a ser lembrado é que, independentemente de raça ou porte, os cães, assim como as pessoas, são individuais e não necessariamente são definidos por características gerais. O segundo é que sim, raças menores tendem a ser mais agressivas, mas isso tem uma explicação.
Diversos estudos já buscaram entender o porquê de cães menores serem pretensamente mais bravos e algumas explicações básicas foram encontradas, como a forma como os seres humanos tratam os cachorros menores em relação à forma como tratam os cães de maior porte.
Os estudos visam entender o comportamento de cães por meios da forma como são tratados, ambiente em que vivem e até mesmo o porte físico e formato do crânio. Um comportamento agressivo em um pinscher, por exemplo, é visto de maneira fofa, o que não acontece quando o mesmo comportamento é visto em um cão da raça pitbull, por exemplo.
As pessoas tendem a ser muito mais protetoras com cachorrinhos menores, estes são levados no colo ou em bolsas, em muitos casos eles não apressiam muito isso. Um estudo realizado em 2013, na Universidade de Sydney, na Austrália, encabeçado por Paul D. McGreevy, buscou entender se características externas dos cães estariam correlacionadas a esse comportamento.
Os estudos indicaram que cães de raças menores tendem a ser mais agressivos que cães maiores, demonstrando instinto de proteção, ciúme do dono, pedidos de comida, demarcação de território e necessidade de atenção. Contudo, não concluíam qual seria a exata.
Complexo de cachorro pequeno
Um estudo recente, de 2021, realizado pela Universidade de Helsinque, na Finlândia, estudou o comportamento de 9 mil cachorros, de 23 raças diferentes e a conclusão foi que cães de raças menores realmente são mais agressivos que cães maiores.
Os animais menores usam dessa agressividade como mecanismo de defesa. Eles podem se sentir mais vulneráveis e precisam mostrar aos animais maiores, assim como para as pessoas, que eles podem se defender. Por isso, é importante uma boa socialização dos pets com outros animais e a superproteção do tutor pode prejudicar o grau de comportamento do pet.
O estudo também indica que cães que convivem mais com outros animais tendem a ser mais calmos do que aqueles que vivem mais tempo apenas com humanos. Entre os cães que lideram a lista de agressivos estão os Poodles e os Schnauzers , enquanto na outra ponta da lista ficaram cães das raças labrador e Golden retriever, como os mais calmos.
Outro fator decisivo para a pesquisa foi o sentimento de medo que os cães sentem. Cães da raça Collie Áspero, por exemplo, se mostraram bastante medrosos e, consequentemente, com problemas mais severos de comportamento - mesmo eles não sendo exatamente pequenos.
Em uma conclusão básica, a relação do tutor para com o pet é decisiva para o comportamento do animal. Um dono protetor, que não deixa que o pet interaja e “veja o mundo lá fora”, terá um cãozinho que sentirá medo caso eventualmente encontre com outros animais e pessoas estranhas. Essa agressividade pode se reverter até mesmo para o próprio tutor, que ao “achar engraçado” um cachorrinho pequeno sendo agressivo, não irá impor sua liderança e o cachorro entenderá que ele precisa assumir esse papel para proteger a si e a toda a família.
Também não é comum que donos procurem adestradores comportamentais quando os problemas são relativos aos animais menores, por issso o mito de que cães menores são mais agressivos acaba se tornando algo mais verdadeiro do que realmente é.