Cães são animais ativos que precisam gastar energia constantemente para manter seu bem-estar. Por isso, durante o momento de isolamento social que estamos vivendo, passear com o pet e fazer atividades ao ar livre com ele pode ser perigoso e, por isso, muitos donos optam por colocar seus animais de estimação em um hotel que possa dar todas essas atividades sem risco à saúde do tutor e do cãozinho.

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Segundo Bruno Moreno, adestrador e idealizador do hotel e day care Mundo dos Cães, a escolha de deixar o cão em um hotelzinho vai além da preocupação com o novo coronavírus (Sars-Cov-2). “Muitos tutores pararam de passear com os seus pets e optaram por deixá-los conosco porque temos estrutura física e treinamento para mantê-los entretidos, além de seguirmos a rotina que eles já tinham em suas casas, o que é um fator extremamente importante para evitar problemas de comportamento”, explica.

Quando o dono começa a fazer home office e passa muito mais tempo em casa, o cão, que já estava adaptado a ficar algumas horas sozinho, se acostuma com a presença do humano e, quando o tutor for retomar a rotina, o pet poderá sofrer muito mais, tendo crises de separação. “Nesses últimos meses tivemos aumento de 40% na hospedagem dos animais. Muitos donos já deixavam os animais aqui para day care, e optaram por incorporar o serviço durante a pandemia”, diz Bruno.

Esse foi o caso de Pipa, uma golden retriever de 7 anos. A dona, Beatriz Luz, conta que por indicação da própria veterinária, ela deveria deixar de passear com Pipa durante um tempo. “Nossa cachorra é muito agitada e precisa gastar energia, sem os passeios diários não conseguiríamos atender essa necessidade dela”, diz. “Quando colocamos ela no hotel, achávamos que a situação duraria menos tempo. Agora, a saudade aperta, mas sabemos que ela está sendo super bem tratada, jogará a bolinha que ela tanto gosta, e gastará a energia necessária.”

Houve aumento de 40% nas hospedagens de cães em hotéis especializados
reprodução shutterstock
Houve aumento de 40% nas hospedagens de cães em hotéis especializados

Mesmo assim, Beatriz conta que não sabe se ela ou Pipa estão mais protegidas, porém sabe que sua cadela está menos estressada do que se estivesse em casa. O importante, também, é saber como os funcionários do hotelzinho estão se protegendo do contágio, já que continuam trabalhando para manter os pets entretidos. “Todos os funcionários trocam de roupa quando chegam, passam a utilizar botas e o uniforme lavado e higienizado. Mantemos o distanciamento, e utilizamos álcool em gel após manipulação e atividades com os cães”, completa Bruno.

 Já no Clube de Cãompo, um sítio para cães e donos passarem momentos de lazer, a movimentação foi diferente. Aldo Macellaro, dono do local, conta que como o setor de turismo foi afetado pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2), as visitas diminuíram. “Muitas pessoas vinham passar suas férias aqui. Agora, com a situação atual, o que aumentou mesmo foram os donos que deixam os cães aos nossos cuidados porque a rotina obrigou”, conta.

“Os cães estão acostumados a sair, dar uma volta, e por causa da pandemia e desinformação de órgãos oficiais, os donos ficam com medo de sair de casa, e mandam seus pets para cá”, explica. Aldo reforça que, sem passeios e brincadeiras, os pets ficam estressados. “O cachorro fica agressivo, começa a destruir a casa, e os donos preferem deixá-los aqui para que o animal se divirta”, completa.

O interessante é que muitos dos donos estão visitando o Clube de Cãompo durante a semana para interagirem com seus pets. “Temos uma área de lazer enorme e muitos tutores estão vindo durante a semana para passear com o cão, fazer aula de agility, interagir no geral”, diz Aldo. “Como todos os funcionários moram no sítio, sempre estivemos ‘quarentenados’, o que dificulta o contágio”, finaliza.

Por isso que Dalva Dâmaso deixou sua golden retriever Mila, de 2 anos, aos cuidados de Aldo e sua equipe. “Coloquei a Mila no Clube de Cãompo para processar com calma todas as informações sobre a Covid-19. Eu precisava absorver tudo de forma correta para proteger ela e minha família”, conta. “Se ela não sai na rua, fica inconsolável.”

Mila fica assim quando não pode passear
Reprodução/ Dalva Dâmaso
Mila fica assim quando não pode passear


E, por ter que mudar toda a rotina de passeios com máscara, plásticos, luvas, e toda a proteção, ficou cada vez mais difícil levar a cadela para fora do apartamento. “No hotel ela tem um enorme espaço para brincar, e nós estamos mais confiantes com a proteção para evitar o contágio”, finaliza.

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