Ainda sem vacina ou tratamento definido, o novo coronavírus tem causado muita preocupação e até tensões políticas . Na tentativa de frear a disseminação do vírus Sars-CoV-2, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda reforçar a higiene e minimizar o contato social. Há também orientações para donos de animais de estimação - compilamos todas elas. Confira.
Animais de estimação podem ser contaminados ou transmitir o novo coronavírus?
De acordo com informações da Organização Mundial de Saúde (OMS), até o momento, não há evidências de que os pets possam ser infectados pelo coronavírus, nem que sejam capazes de transmitir a doença.
O caso do cachorro de Hong Kong que testou positivo em nível fraco para o coronavírus e morreu após sair da quarentena, indica apenas para uma contaminação ambiental, já que o animal não apresentou nenhum sintoma. Especialistas que acompanharam o caso acreditam que a causa óbito tenha sido o estresse do isolamento e a idade avançada - o lulu da pomerânia já estava com 17 anos.
Existem pesquisas que comprovam que os animais não transmitem o coronavírus?
Claudio Rossi, veterinário e Gerente Técnico da Unidade Pet da Ceva Saúde Animal, explica que como o vírus é novo, os estudos ainda estão em andamento. "No caso dos animais, a indicação é buscar informações nos boletins oficiais e atualizados que estão sendo divulgados pelas instituições, como a World Small Animal Veterinary Association (WSAVA), uma das entidades na qual os clínicos veterinários de todo o mundo se baseiam hoje", afirma.
Algum tipo de coronavírus atinge os pets?
Sim, mas a cepa do vírus é diferente da que causa a doença Covid-19, que assusta o mundo atualmente. "O coronavírus é apenas o nome de um vírus, seu sobrenome que difere a espécie acometida, transmissão, letalidade e caráter zoonótico. Os tipos asiáticos são o MERS e o SARS, já o canino é o CCoV e os felinos são o FECV e o FIPV ", explica Caroline Mouco, veterinária do Hospital Vet Popular.
Para o coronavírus canino e felino, que não são transmitidos para os humanos, já existe vacina e tratamento. Juliana Ferreiro Vieira, coordenadora clínica do Hospital Veterinário Prontvet, afirma que os animais vacinados possuem baixo risco de manifestar essas doenças.
Com a recomendação de ficar em casa, o que fazer se meu cão só faz as necessidades fisiológicas na rua?
O ideal é não sair e estimular o pet a fazer as necessidades em casa, com locais reservados e confortáveis para tal. Porém, não é todo animal que vai mudar os hábitos em poucos dias. Sabendo disso, o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) indica que os passeios sejam reduzidos e que, em último caso, sejam feitos em pequenas distâncias, apenas para atender às necessidades fisiológicas do animal. Evitar concentração em parques e praças, além do contato de um estranho com o cão também é importante. Ao voltar para casa, fazer a higienização das patas antes mesmo de entrar.
Como manter a higiene do animal durante esse período?
Evitar idas ao pet shop é a ordem. Banhos podem ser realizados em casa, com água morna e shampoo próprio para pets. A secagem deve ser feita com secador, sempre tomando cuidado para não queimar a pele do animal. Além disso, é importante manter a escovação da pelagem e dos dentes normalmente.
A tosa higiênica (corte dos pelos das regiões íntimas, das patas e perto dos olhos) pode ser feita em casa em último caso. A dica de Clara Pires, proprietária do Crystal Pet Spa, é utilizar uma tesoura sem ponta e pedir o auxílio de alguém para segurar o animal. O corte das unhas pode ser feito com cortadores específicos e sempre se atentando ao limite, já que a região é muito vascularizada. Peça dicas para seu veterinário de confiança.
Como distrair os pets durante a quarentena?
Para manter os animais entretidos a principal dica é criar uma rotina para eles
, por exemplo dar a alimentação sempre no mesmo horário e quantidade. Estimular o cognitivo com brincadeiras também ajuda, e pode ser feito inclusive na hora de comer, colocando a ração em mordedores recheáveis ou usando os grãos como recompensa de adestramento para comandos básicos como "senta", "fica" e "vem".
Enriquecer o ambiente doméstico com brinquedos e ter um momento de interação com o animal também ajuda. No caso dos cães, oferecer diferentes tipos de brinquedos e em momentos distintos pode manter o interesse. Criar novas diversões, como esconder petiscos pela casa para que eles encontrem também é uma forma de estimulá-los. Para os gatos, arranhadores, brinquedos com catnip e prateleiras livres para que eles possam observar o movimento (incomum) da casa é o ideal.
O que faço se meu pet ficar doente durante a quarentena?
A recomendação do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) é que clínica e hospitais veterinários não fechem as portas . Dessa forma, atendimentos de emergência ou urgência continuarão sendo realizados. Para evitar contaminações regras como evitar visita a animais internados e só ter um acompanhante por animal foram tomadas. Antes de sair de casa entre em contato com o veterinário de confiança para ficar a par de todo o protocolo a ser seguido.
Animais precisam usar máscara?
A veterinária Juliana Vieira explica que como os animais não apresentam evidências até o momento de desenvolverem a doença, não há nenhuma recomendação de uso de máscaras, mesmo porque esse acessório pode causar desconforto. Vale lembrar que até para os humanos a recomendação é que só usem máscaras os doentes e agentes da saúde - o uso em pessoas saudáveis pode até acarretar infecções fúngicas.
O que fazer quando o dono é diagnosticado com o novo coronavírus?
O mais indicado é que pessoas contaminadas não mantenham contato com o animal de estimação. "Caso não seja possível se afastar do pet, por conta do isolamento imposto pela doença, deve-se utilizar luvas e máscaras e lavar as mãos antes e depois de cuidar do animal, como forma de cuidado, precaução para com o pet", afirma Claudio Rossi.