Animais domésticos e silvestres podem adquitir noções de perigo
Reprodução/Pexels, Igor Cibulsky - 15.12.2022
Animais domésticos e silvestres podem adquitir noções de perigo

Os animais têm noção de perigo do fogo, altura ou água? A resposta é complexa e depende de cada animal. Isso porque cada raça ou espécie lida com esses estímulos de acordo com a sua história evolutiva — que exerce impacto genética e biologicamente em suas vidas.

De acordo com o Mauro Lantzman , médico-veterinário comportamentalista e professor assistente da PUC-SP, se o animal for um peixe ou uma tartaruga marinha , por exemplo, ele não terá medo de água. Se for uma ave , não terá medo de altura, e assim, sucessivamente.

Todos os animais têm noção de perigo, mas não são sempre conscientes. As noções de perigo que os animais têm são apenas as instintivas, a partir da noção de ameaça — da espécie da qual faz parte — como estar diante de um predador.

"Eles não têm consciência para uma noção de perigo, mas eles adquirem algumas noções de perigo por meio de uma observação da espécie. Além disso, um animal não conta para gente que tem medo, mas ele tem uma resposta comportamental que nos faz perceber que ele está sentindo medo."

Ao identificar um perigo, o especialista explica que os animais tendem a responder de três formas às situações ameaçadoras que os causam medo: fugir, lutar ou ficar paralisado. “Isso se aplica a mamíferos, répteis e anfíbios”.

Todavia, o alerta de perigo dos animais pode ser construído de duas maneiras: a partir de genética — quando repetem comportamentos de sobrevivência de sua espécie —, ou por meio de aprendizagem — quando recebem a atuação de outro ser humano para identificar outros perigos desconhecidos — Isso porque, de acordo com o médico-veterinário, os animais primeiro passam pela noção evolutiva de perigo e depois podem adquirir noções de perigo por meio de aprendizagem que adquirem ao longo de seu desenvolvimento particular.

Desse modo, para um animal doméstico ou silvestre conseguir reconhecer perigo de água, altura ou fogo, ele primeiro recebe a influência da espécie que faz parte e logo depois como isso se dá por meio de seu desenvolvimento particular — que pode dar para ele novas noções de perigo.

Porém, Lantzman ainda pontua que é preciso diferenciar a noção de ansiedade e de medo que os animais recebem ao se sentirem ameaçados. Medo, os animais sentem por reconhecerem perigos reais e que são originários de sua história evolutiva, como estar diante de um predador. Já a noção de ansiedade, surge quando há um alerta de perigo desconhecido e que seja muito diferente das condições normais que o animal pode identificar como ameaçadora.

“A ansiedade é uma antecipação apreensiva de um perigo futuro. Por exemplo, um animal que nunca ficou sozinho em casa e é bastante apegado ao tutor pode desenvolver ansiedade quando o tutor decide deixá-lo sozinho em casa pela primeira vez”, explica.

Por isso, o medo e a ansiedade podem ser resultados de uma aprendizagem — adquiridas por situações que o animal viveu ou aprendeu intencionalmente por meio de seu tutor.

“Um animal doméstico ou silvestre pode ser educado para reconhecer perigos por meio de um condicionamento operante , assim como os cachorros educados para reconhecer drogas ou armas no aeroporto”, afirma.

O condicionamento operante é um procedimento técnico aplicado ao animal para ele conseguir reconhecer os sinais e ter respostas diante daqueles sinais. Por exemplo, o fogo pode virar um perigo para ele, pois saberá que ao ter contato com a chama, o animal pode se acidentar.

Além disso, o veterinário ainda adiciona que um animal doméstico pode adquirir noções de perigo por meio da imitação. Não é um processo consciente, a nível da cognição, mas pode ser adquirido segundo o estado emocional e às respostas do tutor a alguma situação. 

“Um pet também pode acabar desenvolvendo o medo devido à convivência, caso tenha um tutor que seja medroso há certas coisas”.

Por esse motivo, cabe ao tutor saber qual a melhor forma de evitar que acidentes aconteçam , considerando a história evolutiva de seu animal doméstico; saber que as noções de perigo são baseadas nos instintos e que as novas só podem ser adquiridas por meio de uma aprendizagem: seja ela intencional ou não e, sobretudo, quais as adaptações são necessárias para que o animal não se acidente.

Seja adotar escadas ou rampas, rede de proteção nas janelas, grades ou portões, suporte para comedouros, dificultar o acesso a produtos como lixo, produtos químicos ou medicamentos, brinquedos, baldes de água cheio, piscina ou até mesmo do fogo. No fim do dia, o animal precisa tanto do auxílio do tutor para se proteger quanto o tutor dele.

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** Julio Cesar Ferreira é estudante de Jornalismo na PUC-SP. Venceu o 13.º Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão com a pauta “Brasil sob a fumaça da desinformação”. Em seus interesses estão Diretos Humanos, Cultura, Moda, Política, Cultura Pop e Entretenimento. Enquanto estagiário no iG, já passou pelas editorias de Último Segundo/Saúde, Delas/Receitas, e atualmente está em Queer/Pet/Turismo.

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