
No Zoológico de Cincinnati, a chimpanzé Kesi chamou a atenção ao parecer estar beijando à pequena filhote Daisy, demonstrando mais uma vez a natureza cooperativa desses primatas. Os bonobos praticam o aloparenting, um sistema de cuidado coletivo em que tias, irmãos e até membros não aparentados do grupo ajudam a criar os filhotes. Esse comportamento não apenas fortalece os laços sociais, mas também alivia a carga das mães e prepara os jovens para a futura parentalidade.
Enquanto isso, um estudo da Universidade de Durham, no Reino Unido, sugere que os orangotangos podem estar desvendando pistas sobre as origens da fala humana. Pesquisadores analisaram cerca de 4.500 "beijos" – sons produzidos por rangidos labiais – emitidos por 48 orangotangos selvagens. Esses ruídos, semelhantes a consoantes, carregam mensagens distintas, indicando uma possível conexão com a evolução da linguagem humana.
A pesquisa explica que os movimentos dos lábios, língua e mandíbula dos orangotangos imitam a produção de consoantes, elementos fundamentais da fala. "Esses sons podem representar um precursor rudimentar da linguagem complexa que desenvolvemos", afirma.
O estudo, publicado na Nature Human Behaviour, revelou ainda que os orangotangos usam diferentes "beijos" para transmitir a mesma mensagem, um fenômeno conhecido como redundância. Serge Wich, coautor da pesquisa, compara esse comportamento ao uso humano de sinônimos, como "carro" e "automóvel". Essa descoberta sugere que a linguagem pode ter evoluído a partir da necessidade de reforçar mensagens, e não apenas da formação de palavras complexas.
Enquanto os bonobos nos ensinam sobre cooperação e cuidado parental, os orangotangos oferecem insights valiosos sobre a comunicação humana. Juntos, esses primatas continuam a surpreender a ciência, mostrando que a evolução da socialização e da linguagem pode estar mais interligada do que imaginávamos.