Você sabia que o Brasil é o terceiro país com mais animais de estimação no mundo? Atrás apenas de Estados Unidos e Reino Unido, o país tem mais 139 milhões de pets, de acordo com um censo realizado em 2019 pelo Instituto Pet Brasil, que também levou em conta dados do IBGE. Presentes em quase metade dos lares brasileiros, os animais podem ajudar — e muito — quem sofre com transtornos psicológicos, como a depressão e a ansiedade.
O Instituto Brasileiro de Educação e Terapia Assistida por Animais (IBETAA) é um centro de tratamento psicológico de Londrina, no Paraná, que utiliza cães e gatos dentro do método terapêutico. A psicóloga Karoline Emídio é uma das profissionais da instituição e atua com a terapia cognitiva comportamental (TCC) aliada à Terapia Assistida por Animais (TAA). Ela conta que os pacientes primeiro conhecem os animais do centro para escolherem os que mais se identificam, e a partir daí começam o processo terapêutico.
— Utilizamos o cão como um elemento facilitador e motivacional no processo da terapia, e conseguimos acessar o emocional do paciente de maneira mais rápida do que no método tradicional, em que participam somente o psicólogo e o paciente. Por exemplo, uma criança que poderia demorar a começar a falar sobre suas questões pode desenvolver um vínculo com o cachorro e aí já começar a falar nas primeiras sessões. Com adultos, não é diferente, ainda mais se eles estiverem passando por um processo de depressão e de ideações suicidas, em que é difícil levar essas demandas para o profissional — explica Karoline.
O IBETAA trabalha também com crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, que vivem em abrigos. Por estarem em condições de fragilidade emocional, o apoio do animal durante as sessões, especialmente para os mais novos, pode facilitar o processo terapêutico.
— Às vezes, a criança não quer ir para a sessão porque vai lidar com uma pessoa desconhecida, não é como um adulto que já vai chegar com uma demanda específica. A criança chega e quer fazer carinho, brincar com o cachorro, e a partir daí pode começar a se abrir. Também já atendi casos em que uma criança me disse que estava bem, mas o cachorro continuou do lado dela e teve uma sensibilidade de perceber que ela estava com questões emocionais que eu não consegui perceber na hora — relembra Karoline.
Animais de assistência emocional
Outra modalidade em que os pets podem ajudar as pessoas é especificamente nos casos em que um paciente sofre de transtornos como depressão, bipolaridade e ansiedade. São os chamados animais de assistência emocional. No Rio de Janeiro, há uma legislação em vigor que permite que os pets certificados por um laudo de um psicólogo ou psiquiatra acessem locais públicos ou privados de uso coletivo, como os transportes. A nível federal, hoje tramita um Projeto de Lei que expande o benefício para abranger animais de pequeno porte, não apenas cachorros.
A adestradora e diretora de bem-estar e comportamento animal do IBETAA, Luciane Sobral Bordini, dá mais detalhes sobre como obter o certificado para acessar os espaços com os animais:
— O cão de assistência emocional é considerado um cão de serviço e precisa passar por um teste de avaliação de perfil aplicado por um adestrador comportamentalista ou um zootecnista. Eles precisam responder a comandos de obediência e saber se portar nos lugares perante pessoas e objetos diferentes, situações adversas que vão encontrar, então, precisam de um adestramento básico.
A especialista também explica de que modo os animais podem ajudar quem tem quadros graves de transtornos psicológicos.
— Os benefícios são inúmeros. Para pessoas que sofrem com síndrome do pânico, depressão ou que se isolam socialmente, esses animais acabam fazendo com que seus tutores tenham uma interação social maior, quando precisam levá-los para passear, para ir ao pet shop, para comprar ração, então, acabam sendo forçadas a conviver socialmente e praticar alguma atividade física — avalia.
Quem pretende registrar seus dois cachorros, Paçoca e Amora, como animais de assistência emocional é a jornalista Gabriela Nolasco. Ela conta que, durante os momentos mais difíceis que passou em períodos de depressão, foram os dois que a ajudaram a sair de crises.
— Eu tive o Paçoca depois de uma tentativa de suicídio, em 2017. Na época, eu passava muito tempo sozinha em casa. Depois que ele chegou, a minha percepção sobre a vida mudou. Quando você tem depressão, é muito difícil, e ele me deu um ânimo gigantesco, me deu forças para seguir em frente. Eu não queria fazer nada, só queria ficar na cama, no escuro, mas o Paçoca me puxava para brincar com ele, para levá-lo para passear. Ele foi me dando combustível para sair deste lugar onde eu estava — conta.
Depois do isolamento social da pandemia da Covid-19, com a ajuda de Paçoca, Gabriela voltou a viajar e a ter compromissos de trabalho fora de casa. Foi quando Amora entrou em sua vida, para fazer companhia ao primeiro animal da jornalista:
— Eles me dão tanto amor e carinho, sempre estão comigo e sem querer nada em troca, só a minha companhia. Eu fui diagnosticada com bipolaridade, então tem dias que são muito difíceis para mim, porque minha alteração de humor é muito rápida, e eu não consigo lidar com essa rapidez. Mas eles sempre ficam do meu lado. As pessoas te questionam, enquanto os cachorros só querem te confortar. Acho que o mundo seria melhor se todo mundo soubesse o amor que os bichinhos têm. Eles me dão forças para seguir em frente todos os dias.
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