Surgido há mais de mil anos antes de Cristo, a atividade, também conhecida como cetraria, é praticada há milênios no Oriente Médio e é muito popular até hoje, em todo o mundo. Em 2010, a falcoaria foi considerada como Patrimônio Cultural Intangível da Humanidade, pela Unesco.
Um esporte muito nobre, considerado por povos de todo o mundo como uma forma de arte, devido ao alto grau de conhecimento e dedicação exigidos para a sua prática. Contudo, se engana quem acredita que é preciso ter um alto poder aquisitivo para ter a sensação de voar uma ave de rapina, como gaviões, falcões ou corujas .
Existem várias escolas de falcoaria pelo mundo, em que os visitantes não precisam ter qualquer experiência prévia para conhecer a atividade. Riuvânio Rodrigues é especialista no assunto e trabalha as partes histórica, educacional e terapêutica da arte da falcoaria, em uma escola localizada na região de Monte Verde, no sul de Minas Gerais.
Enquanto as aves não estão na ativa os falcoeiros as mantêm encapuzadas, para evitar que voem atrás de alguma presa, ou se assustem com algum movimento inesperado. Essas aves são excelentes caçadoras, com uma visão 10 vezes mais apuradas que a de um ser humano.
Segundo o Riuvânio, uma ave de rapina não pode ser domada, adestrada, ela apenas aceita a presença do ser humano: “A conexão entre a ave e o falcoeiro é tão grande que não há distinção entre um e outro, pois os dois se tornam ‘um só’”, explica. Contudo, mesmo com essa cumplicidade entre ave e falcoeiro, fica o alerta para quem venha a se atrair pela falcoaria e deseje possuir sua própria ave: se seu negócio é pet, uma ave de rapina não é uma opção.
“Uma ave de rapina não é um animal de estimação ou um brinquedo. Deve-se ter o respeito que se teria por um filho”, diz o professor.
A partir de que idade uma ave pode ser treinada
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Cada animal tem sua própria índole e gênio, cada animal é um individuo único e isso é respeitado para começar um treinamento. Ao início dos treinos, a ave fica ligada ao falcoeiro por um cabo de segurança chamado “fiador”, que evita que a ave venha a perder o foco e se perder, ou se machucar. Facilitando que o treinador recupere o animal.
Entre as principais atividades está a Interação Animal Assistida, indo do teórico ao prático da arte milenar, a ave – gavião ou coruja - pousa no punho por sua própria vontade, e não atrás de algum alimento ou algo que possa agradá-la.
Falcoaria para iniciantes
Assistir a um voo dessas aves é encantador e não há necessidade de experiência para conhecer e começar a praticar o esporte, mas se engana quem acha que pode ser uma tarefa fácil. É preciso muita dedicação para chegar a ser um falcoeiro. “Por diversas causas, um iniciante na arte não consegue chegar muito longe no processo. Em muitas vezes, ele desiste ou perde o interesse”, conta Riuvânio.
A escola de falcoaria é aberta ao público, com visitas agendadas, por questões de segurança das pessoas e das próprias aves. A escola atende a alunos universitários em estágio supervisionado e um curso de extensão de manejo, visando exclusivamente a reabilitação das aves de rapina.
Há um trabalho ambiental, junto à Polícia Militar e ao Ministério Público, para reabilitação das aves que são resgatadas em operações policiais. Essas aves, após recuperadas, são devolvidas à natureza em seu local de origem.
Curiosidade
O nome "ave de rapina" vem principalmente de suas garras, que podem capturar uma presa ou objeto em alta velocidade. Assim é conhecido o ato de "rapinar".