É comum que os gatos tenham problemas de saúde por causa dos pelos . Seja porque ingeriram pelos demais enquanto se higienizavam ou porque os pelos podem camuflar uma obesidade. Mesmo assim, a tosa não é indicada para fatores estéticos, já que os malefícios dela ao gato superam os benefícios.
Segundo o veterinário Raphael Clímaco, da Plamev Pet, os gatos domiciliados perdem os hábitos que a espécie necessita, como a capacidade de atividade constante. Isso geralmente provoca um aumento constante do peso corporal do felino, levando-o a um quadro de obesidade – que também pode provocar outros problemas de saúde. Os pelos, principalmente os longos, podem camuflar o aumento dessa gordura, que geralmente fica concentrada na região do abdômen.
“Você olha e acha que ele está magro. Dá para ver e sentir as costelas dele. E, de fato, ele pode estar magro. Mas é na região abdominal que ele acumula a maior parte da gordura. E os gatos acabam tendo essa região coberta por pelos. O que pode atrapalhar a visibilidade”, diz o veterinário. De acordo com o médico, o tutor mais atento geralmente apalpa o gato e sente que ele está ganhando gordura nessa região da barriga.
Outro problema comum é a ingestão de pelos durante a higiene dos gatos, quando eles tomam banho, se lambendo por inteiros. “Quando o animal tem muitos pelos, ele acaba engolindo muito também. Isso é tido como um problema de saúde, porque o pelo pode ficar congestionado dentro do estômago e gerar problemas de obstrução, podendo levar a, inclusive, um caso cirúrgico”, afirma.
Em casos mais leves, o gato pode ficar vomitando bolas de pelos. Quando acontece com muita frequência, pode gerar outros problemas de saúde, como uma esofagite. “O esôfago é um órgão que não deveria ter a presença do suco gástrico, que é o líquido que fica dentro do estômago. Quando acontece o refluxo, obviamente esse suco acaba chegando até o esôfago e pode gerar uma esofagite”, diz o veterinário.
Apesar desses problemas de saúde estarem relacionados com o pelo dos gatos, a tosa não é capaz de solucioná-los.
“Estamos falando de tosa higiênica, que é o que nós fazemos, por exemplo, ao cortar o cabelo. A maioria de nós não fica careca, apenas apara. Logo, os gatos vão continuar ingerindo pelos. A tosa higiênica serve apenas para as épocas quentes do ano. Mas os benefícios dela não superam os malefícios, de muito estresse provocado no gato, ao levá-lo ao veterinário, que geralmente não é especializado em felinos”, afirma Clímaco.
A maior recomendação de tosa para os gatos são em casos específicos, quando o tutor não é capaz de cuidar sozinho do problema, mas, mesmo assim, muitos cuidados deverão ser tomados para evitar picos de estresse.
“Não é errado tosar o gato. Mas não é indicado para uma rotina de vida do animal, algo apenas pela estética. Mas se o gato fugiu, passou embaixo do carro, caiu graxa no pelo dele, ou óleo, e o tutor não tem como fazer a higiene adequada sozinho em casa. Aí, sim, deve-se procurar um lugar especializado e, muito provavelmente esse lugar vai utilizar artifícios como sedação e até anestesia para fazer esse procedimento de tosa, diminuindo esse possível pico de estresse”, explica.
De acordo com Clímaco, um gato pode entrar em colapso, em casos de muito estresse, e acabar morrendo. “Já vi isso acontecendo. O gato fez tanta força, com um nível enorme de adrenalina, num pico de estresse, que terminou morrendo. Algo que não é incomum acontecer”, diz.
A recomendação de cuidado do veterinário com os pelos do gato é a escovação diária, principalmente para aqueles animais de pelo longo ou médio. “Você vai destacar o pelo morto diariamente, deixando no gato apenas o pelo firme. Assim, toda vez que ele for tomar banho, o gato vai ingerir muito pouco pelo, porque a maioria já foi retirada com a escovação mecânica”, explica o médico.