Os cães-guia atuam como olhos para aqueles as pessoas que possuem algum tipo de deficiência visual, dessa forma trazem mais qualidade de vida, segurança e autonomia. Nesta sexta-feira (24) é comemorado o Dia Internacional do Cão-Guia, data que tem como objetivo mostrar a importância do trabalho deles e as iniciativas que os capacitam para isso. No Brasil isso se faz ainda mais necessário já que, de acordo com o IBGE, o país possui cerca de 7 milhões de pessoas com deficiência visual e, aproximadamente, 200 cães-guia na ativa.
Zircon, o labrador de Silvo Gois de Alcantara é um deles. Contemplado pelo projeto Cão-Guia de Cegos do Distrito Federal, o rapaz conta que depois do cão nada mais foi igual. “A minha vida mudou completamente. Tinha locais que eu não ia por falta de acessibilidade, mas a partir do momento que eu recebi o Zircon, que foi o meu primeiro cão-guia, aquelas preocupações que eu tinha de determinados tipos de ambientes, com muitos obstáculos, foram completamente superadas”, conta.
Mas não é só a questão da mobilidade. "A integração e inclusão social também melhoram muito, Muitas vezes o deficiente visual chega em um local e as pessoas têm receio de se aproximar ou não sabem como nos abordar. Quando a gente chega com o cão-guia é diferente, porque ele chama a atenção das pessoas e aí as conversas fluem naturalmente”, explica Silvo.
As iniciativas como a do projeto Cão-Guia de Cegos do Distrito Federal que treinam e dão esses animais de forma gartuita são recentes no Brasil. Há 20 anos era muito difícil ter um cão-guia no país. A advogada Thays Martinez contou em entrevista ao Canal do Pet que na época precisou buscar seu primeiro cão-guia nos Estados Unidos. Boris veio de um projeto que abriu vagas para brasileiros e, por sorte, Thays conseguiu entrar.
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Felizmente, hoje a realidade é diferente, mesmo que os cães-guia ainda sejam escassos. Isso acontece porque treinar o animal e fazer toda a socialização demora: cerca de um ano e três meses de socialização em casa de família hospedeira (voluntária), seguida por um ano de treinamento técnico até, enfim, estarem prontos para o trabalho. Não são todos os cães que completam o treinamento de fato e podem se tornar guias. Além disso, esses animais se aposentam quando estão com cerca de 10 anos por causa da agilidade e saúde, tendo que ser substituídos. Normalmente, os deficientes visuais que já possuem cão-guia têm prioridade na fila dos projetos.
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Apoiado há mais de 16 anos pelo Instituto PremieRpet, Cão-Guia de Cegos do DF já formou 54 cães. Atualmente, 5 estão em atuação, 4 em fase final de treinamento, 6 em família hospedeira, 3 em estágio de formação inicial e 2 aposentados. A maioria dos cães selecionados para o trabalho de guia são labradores, por uma questão de habilidade e temperamento.
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Zircon, o labrador de Silvio já faleceu, agora ele conta com a ajuda de Bia, outro labrador de 7 anos que também foi capacitada pelo projeto. É possível contribuir com a formação de cães-guias pelo projeto através de doações e/ou parcerias.