Boa parte do comportamento dos gatos é explicada pela genética, conclui a primeira grande pesquisa feita nessa área no mundo, realizada por cientistas da Universidade de Helsinque (Finlândia). Apresentado na revista “Scientific Reports” e abordado pela revista “Cosmos”, o estudo revelou que diferentes raças de gatos se comportam de maneiras diferentes, e quase metade dessas diferenças provém de gerações anteriores.
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Segundo a equipe finlandesa, todas as características de comportamento estudadas nos gatos se mostraram moderadas ou altamente hereditárias, e fatores de personalidade – como extroversão, medo e agressão – são compostos de características fenotípicas e geneticamente correlacionadas.
Os cientistas reuniram informações sobre 5.726 gatos, de 40 raças, e encontraram diferenças de comportamento entre raças em cinco áreas específicas: nível de atividade, sociabilidade com humanos, timidez, agressividade e comportamento estereotipado. Enquanto o nível de atividade registrava as maiores diferenças, as menores ficaram no item comportamento estereotipado.
“Desde cerca de duas semanas de idade, a atividade é um traço razoavelmente permanente, enquanto o comportamento estereotípico é afetado por muitos fatores ambientais no início da vida do gato, bem como mais tarde. Isso pode explicar as diferenças observadas”, diz Hannes Lohi, professor de biociências veterinárias e principal pesquisador do grupo de pesquisa genética em felinos.
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Segundo os pesquisadores, as estimativas de herdabilidade (qualidade do que é herdável) são bem semelhantes entre raças de gatos, independentemente das diferenças genéticas entre as raças.
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O gato de pêlo curto inglês apresentou a maior probabilidade de reduzir o contato com as pessoas; nesse sentido, o Korat ficou no extremo oposto. No quesito agressividade contra as pessoas, o Van turco foi o principal destaque. Em relação à timidez com estranhos, o gato azul russo foi o que exibiu maior probabilidade, enquanto o birmanês registrou a menor.
No nível de atividade, o destaque positivo ficou com as raças Cornish Rex, Korat e gato-de-bengala; já o gato de pêlo curto inglês foi o menos ativo. No item timidez em relação a objetos novos, o azul russo foi o que se mostrou mais propenso a manifestar timidez em relação a objetos novos.
“Os gatos domésticos foram, comparados com o gato de raça pura comum, moderadamente ativos, bastante agressivos em relação às pessoas e a outros gatos, e tímidos diante de novos objetos e estranhos”, escrevem os pesquisadores. “Além disso, eles mostraram uma alta probabilidade de sucção de lã, mas os donos provavelmente não afirmariam que o gato tem um problema de comportamento.”
Lohi e seus colegas consideram que há várias explicações para as diferenças comportamentais. É possível, por exemplo, que o comportamento tenha sido sujeito a seleção na criação de gatos, mas os traços de comportamento também podem “pegar carona” com algum outro gene selecionado, como o gene da pele ou a cor dos olhos.
“Por outro lado, as raças de gatos foram criadas a partir de populações locais, que continuam a se assemelhar geneticamente”, afirma a estudante de doutorado Milla Salonen. “Em consequência, o comportamento de raças descendentes de gatos na mesma região pode assemelhar-se mutuamente devido à sua história comum.”