Muitas pessoas se questionam sobre a relação dos animais quanto ao campo espiritual, se eles de fato têm consciência, sentem e sofrem. Não é difícil concluir que sim apenas ao observá-los e, especialmente, ao conviver com eles de maneira mais próxima.
Ainda assim, muitos estudiosos, seja nos campos da ciência ou da espiritualidade, abordam a fundo o assunto e afirmam que sim. Há também a visão religiosa (segundo a Bíblia) que também denota que os animais são seres com alma e capazes de sentir e de aprender, como os seres humanos.
O que a Bíblia diz?
Primeiro é preciso entender o que é uma alma, de acordo com a perspectiva humana, nós seríamos divididos em três partes: corpo, alma e espírito.
O corpo seria um receptáculo (uma concha), o espírito seria o que permite a comunicação com o divino – de acordo com a religião cristã – e a alma corresponde ao que entendemos como mente, ou seja, responsável por aquilo que pensamos e entendemos do mundo – em resumos, quem nós somos.
O escritor Clarence L. Haynes Jr. em “Estudos da Bíblia”, ressalta o capítulo Levítico 11, em que o Deus bíblico costuma utilizar a figura de animais para descrever outros seres, destacando Isaías 53:3 – em que diz que todos nós somos como ovelhas desgarradas – e 1 Pedro 5:8 – em que pede para que andemos com a mente sóbria, pois o diabo seria como um leão que busca alguém para devorar.
Segundo o Espiritismo, de acordo com o Allan Kardec, em “O Livro dos Espíritos”, os animais também passam pelo processo de reencarnação (vida pós a morte), assim como os seres humanos.
Alma e espírito não é a mesma coisa?
Alguns escritores estudiosos da Bíblia apontam, pensando pelo campo da religiosidade, que os animais não seriam detentores de espírito (existem controversas em relação a esse pensamento). Para Haynes Jr., por exemplo, os animais não iriam para o que a religião entende como céu (ou paraíso), porém, ele aborda unicamente a crença bíblica sobre como Deus teria criado o mundo, os animais e o homem – nesse ponto de vista religioso, toda a questão científica sobre a evolução seria totalmente descartada.
Contudo, é um pensamento quase unânime afirmar que os animais têm sim alma e, nesse aspecto, não se diferem de um ser humano. Ao contrário do pensamento comum de que o ser humano é a espécie dominante de todas as outras, conhecida como o “Reino Hominal”.
A médica veterinária e pesquisadora Irvênia Luiza de Santis Prada traz uma visão espírita sobre a relação do que seria a alma e considera os animais como espíritos em contante evolução - o que inclui o próprio ser humano.
Em entrevista ao podcast Angelini ela diz que: “O ser humano é apenas mais uma das espécies do reino animal, não existe o chamado ‘reino hominal’ e não somos a espécie final do processo evolutivo”.
No ponto de vista do espíritismo, a alma pode se separar do corpo (desencarnar), mas a evolução das espécies, de modo científico, não é descartada.
Outro fator que se aponta para entendermos a alma dos animais é a forma como eles reagem quando os tutores chegam em casa, como lamentam por uma perda – não é raro se ver alguma notícia de que um animal de estimação acompanhou o tutor doente ao hospital, ou se deitou sobre seu túmulo em um cemitério e ficou por dias lá.
Mesmo na natureza, é possível observar a forma como eles protegem aos seus filhotes e reagem ao mundo. São sentimentos, mesmo que sem o senso moral imposto pela sociedade humana, exatamente como os nossos e que são originados do que se entende como alma.
Uma justificativa para a crueldade
Em Theosophy World (Mundo da Teosofia) se aponta que a descrença sobre a existência de almas nos animais levou à crueldade. Ou seja, por se acreditar que os animais não são passíveis de sofrimento como um ser humano, não haveria problema usá-los em pesquisas científicas, em abates para o consumo (fornecimento carne e pele), em sacrifícios para divindades religiosas ou simplesmente com o sofrimento em forma de entretenimento – como touradas, rodeios, vaquejadas, rinhas, entre outras.
De acordo com a visão de ética espírita, Irvênia Prada ressalta que “nenhum animal nasce para ser morto, ou para ser maltratado”, e destaca que os animais são seres em evolução. “Hoje já está confirmado por vários tipos de exames que os animais têm inteligência, memória e todos os atributos da senciência”. “Nós temos o direito de dispor deles como ainda fazemos, considerando que eles sofrem física e mentalmente?”, questiona.
Pensando em animais como os bovinos de corte, que são criados para servir de alimento, ativistas de proteção animal questionam sobre o fato de a grande maioria da produção de grãos serem utilizados para alimentar o gado, ao invés de irem para o prato das pessoas.
De acordo com dados do IBGE, hoje existem mais de 215 milhões de pessoas no Brasil, contra mais de 224 milhões de cabeças de gado.
“Cada boi pesa, em média, sete vezes mais que uma pessoa. Então toda a produção de grãos que se faz aqui no Brasil (soja, milho, entre outras) é destinada em maior parte para alimentar animais, para depois o ser humano comer, do que propriamente para alimentar o ser humano”, apontou Irvênia.
A questão primordial é: a produção de alimentos usados para manter os rebanhos poderia alimentar muito mais pessoas do que o próprio gado de corte em si, o que também diminuiria a crueldade contra os animais.
A consciência de sofrimento da alma e do corpo
Alguns teosofistas apontam que a experiencia de sofrimento dos animais faz parte de uma experiência de aprendizado, não apenas do indivíduo em si, como de toda a espécie.
De acordo com a crença, os animais não vão se lembrar de uma experiência de sofrimento a menos que vejam o instrumento de sua dor – objeto de trauma -, diferentemente do ser humano, que pode armazenar e remoer memórias em sua mente sem necessariamente precisar de estímulos. Porém, muitos estudiosos afirmam que sim, os animais também têm memórias do passado.
Irvênia lembra que, apesar de a doutrina espírita considerar os animais como seres espirituais, grande parte das pessoas não têm consciência sobre o sofrimento que eles sentem e, por isso, não têm a responsabilidade moral em poupar o sofrimento físico e mental dos animais. Mas aponta que, conforme a sociedade em geral toma conhecimento disso, ela tende a respeitar mais o direito à vida que esses seres também tem.
Almas compartilhadas
A escritora teósofa Annie Wood Besant e o sacerdote Charles Webster Leadbeater acreditavam na teoria de que os animais possuíam almas compartilhadas em grupos. Nesse sentido, a experiência vivida por um único animal serviria de aprendizado para todo um grupo, o que explicaria a evolução das espécies e de seus instintos.
Um estudo do biólogo Rupert Sheldrake propõe a teoria de ressonância mórfica, ou seja, os animais seriam capazes de transmitir experiências por meio de um subconsciente, ou conexão de almas – quando um animal aprende algo, outro indivíduo de mesma espécie teria maior facilidade de aprendizado ao se deparar com uma situação semelhante em qualquer outro lugar do mundo.
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