A tricuríase é uma doença causada por parasitas que se instalam no intestino grosso dos animais. Também conhecida como a “doença do verme do chicote”, é transmitida pelo verme do tipo Trichuris , do qual fazem parte os Trichuris trichiura , Trichuris vulpis e Trichuris felis .
Essa doença pode acometer cães e gatos, mas, geralmente, uma espécie não transmite a doença para a outra, mesmo que um gato tenha contato com um cão infectado, ele não será acometido, assim como o contrário.
Conforme explica a médica veterinária Fernanda Ambrosino, esses vermes são chamados de “espécie-específicos”, sendo que os Trichuris vulpis são os responsáveis por infectar os cães e os Trichuris felis acometem os felinos.
“Isso quer dizer que se um felino entrar em contato com Trichuris vulpis é muito provável que ele não fique doente, assim como se um cão entrar em contato com o Trichuris felis . É importante destacar que a tricuríase é mais comum em cães do que em gatos”, explica.
Como a doença é transmitida
Os ovos do verme ficam alojados nas fezes dos animais infectados e podem sobreviver por meses ou até anos, contanto que estejam em condições favoráveis: quentes e úmidos.
Fernanda explica que o Trichuris vulpis é comum em canídeos silvestres, que podem contaminar o solo e o curso das águas com os ovos do parasita ao defecarem e o pet se infecta ao ingerir os ovos da água contaminada. Por isso é sempre recomendado que, ao levar o animal para passear, o tutor sempre leve uma garrafa com água especialmente para o animal.
A larva demora algumas semanas para se desenvolver no ovo e, assim que acontece, ela estará pronta para infectar o animal. Caso ingerida, a larva sai do ovo e se instala em uma parte do intestino grosso conhecida como ceco. Nessa área, a larva demora mais alguns meses para amadurecer e, já na forma adulta, prendem a cabeça na mucosa intestinal. Caso haja vermes machos e fêmeas, eles irão se acasalar e se reproduzir. Uma única fêmea pode pôr cerca de 3 mil ovos por dia, que serão expelidos pelas fezes do animal.
Esses vermes podem ficar por anos em um cachorro, se alimentando do sangue e do bolo intestinal do animal. Não há uma raça, sexo ou idade de animal mais propensa a ser acometida pela doença, porém os casos são mais comuns em países tropicais, como o Brasil.
Os principais sintomas
Ambrosino alerta que os sintomas só aparecem quando o animal apresenta uma grande infestação do verme. Em casos mais leves, o cão não apresentará nenhum sintoma, mas não deixa de ser um agente transmissor (por isso, o ideal é levar o pet ao veterinário periodicamente).
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“O pet pode apresentar distensão abdominal, dor e diarreia, que pode conter vestígios de sangue. “Às vezes, costuma causar irritação no ânus, o que faz com que o cão arraste esta parte de seu corpo pelo chão para aliviar a coceira”, salienta.
O verme pode necrosar a mucosa do intestino, causando a hemorragia (que leva ao sangue nas fezes), anemia e perda de peso. O verme impede também que os nutrientes sejam absorvidos pelo organismo do animal, que pode ficar desnutrido.
O diagnóstico, o tratamento e a prevenção
Fernanda explica que o diagnóstico é estabelecido pelo médico veterinário por meio de um exame de fezes (coproparasitológico) e o tratamento é realizado com a administração de vermífugo específico, respeitando as indicações de dose e período de administração determinados pelo profissional.
Para prevenir que a doença acometa o animal, a veterinária ressalta a importância de adotar medidas de biosseguridade, ou seja, manter uma boa higiene do local onde habita o animal de estimação. É preciso que o tutor evite o contato do pet com as fezes de outros animais e também recolha as fezes do cão durante os passeios – evitando assim também a infecção de outros cachorros.
A prevenção é o melhor meio para manter os animais protegidos, investindo sempre na vermifugação periódica.
“No caso dos cães filhotes, o procedimento deve ser realizado logo nas primeiras semanas de vida. Pois, os jovens animais podem ser contaminados durante a gestação ou na fase de amamentação e, como tem o sistema imunológico pouco desenvolvido, ficam mais suscetíveis à ação dos parasitas, o que pode inclusive colocar em risco o desenvolvimento do pet”, alerta a especialista.
Para os animais adultos, o protocolo irá depender do estilo de vida do animal e da avaliação feita pelo médico veterinário. Fernanda indica que o procedimento seja realizado, de preferência, a cada três ou seis meses.
Tricuríase em pessoas
Os casos de seres humanos infectados por Trichuris vulpis é muito raro, não sendo considerada uma zoonose (doença que pode ser transmitida de pessoas para animais e vice-versa).
No entanto, os humanos também podem ser acometidos pela doença que, neste caso, é causada pelo verme Trichuris trichiura . Os sintomas são semelhantes, como dor abdominal, diarreia, infecções intensas, anemia e desnutrição.
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