A castração é uma prática benéfica para a saúde dos animais domésticos, sejam machos ou fêmeas. Mas por falta de informação, muitos donos acabam decidindo utilizar as injeções anticoncepcionais para gatas . Só que diferente do que muitos pensam, esse método contraceptivo não funciona em animais da mesma forma que funciona nos humanos.
A aplicação de anticoncepcionais para gatas traz diversos problemas, tanto a longo quanto a curto prazo. Para esclarecer o por quê de não optar por esse tipo de medicação, o Professor do curso de Medicina Veterinária da Anhanguera de Anápolis, Gabriel de A. Pfrimer, respondeu algumas dúvidas sobre o assunto.
Existem anticoncepcionais para animais ou são os mesmos utilizados em humanas?
Segundo Gabriel, sim, existe esse tipo de medicamento próprio para animais. "Existem de fato anticoncepcionais para animais, e isso não é uma ideia comercial. Por um tempo funcionava, mas hoje as pessoas percebem que existem outros métodos mais benéficos aos animais de estimação, pois o uso a longo prazo desse medicamento prejudica a saúde da fêmea", afirma.
Como os anticoncepcionais funcionam no organismo felino?
Aplicado de forma subcutânea, esse medicamento é dosado em grande quantidade de uma vez, e vai sendo liberado no corpo do animal aos poucos. Diferente do contraceptivo humano, o anticoncepcional animal é feito apenas de um hormônio: a progesterona, que naturalmente já é muito presente no organismo das gatas. O objetivo dos donos com ainda mais dessa substância no sangue do pet é evitar que o óvulo seja fertilizado.
Porém, muitas vezes essa "infertilização" tem um preço alto para a saúde felina. A hiperplasia mamária - quando o crescimento das células das "tetinhas" é muito maior do que o normal - é o efeito colateral mais comum quando o medicamento é ministrado nas fêmas. "No momento que nós oferecemos esse hormônio de forma externa, ou seja, aplicando via medicamentosa, a progesterona do anticoncepcional acaba influenciando o aumento do crescimento das células da glândula mamária, o que pode causar tumores", revela Gabriel.
O motivo para o efeito do anticoncepcional ser tão prejudicial para gatas também está ligado ao metabolismo do animal. "Por ser muito mais acelerado, o metabolismo felino responde diferente a dose que para as mulheres não causa nenhum prejuízo. Nos animais domésticos os efeitos colaterais aparecem de imediato", explica o veterinário.
Além do aumento das mamas e dos efeitos colaterais, também pode ocorrer a piometra, que é a infecção de útero. O risco de diabetes devido o uso contínuo de anticoncepcionais também aumenta nas gatas.
Mas se esse método é tão prejudicial para os animais, por que tantos donos optaram por ele? Segundo Gabriel, o motivo disso é a falta de informação. "Acredita-se que a opção do anticoncepcional no primeiro momento é por ser mais barato e de efeito a curto prazo", explica. Muita gente também evitava a castração por acreditar que era um procedimento caro.
Hoje em dia, com a modernização dos medicamentos e técnicas cirúrgicas, isso mudou. "A castração é um procedimento cirúrgico invasivo, que envolve uma equipe multidisciplinar, o que acabava gerando um alto custo para a população. Com o aperfeiçoamento da medicina veterinária, houve uma diminuição nos valores. Agora, a população está ciente na relação aos custos vs benefícios do procedimento. Com um único gasto, as pessoas conseguem evitar uma série de transtornos que a anticoncepcional causa nas fêmeas", completa o Professor.
Ele ainda reforça a importância da castração, tanto em fêmeas quanto em machos, cães ou gatos
. "A castração é um ato de amor e não de penitência, não é uma mutilação, é apenas uma forma saudável de se manter o controle populacional e evitar os prejuízos que os anticoncepcionais causam nos animais."
E apesar do anticoncepcional ainda ser uma prática "comum", Gabriel afirma que não existe profissional que recomende a aplicação desse tipo de medicamento. "Hoje, dentro da classe da Medicina Veterinária, nenhum profissional recomenda o uso de anticoncepcionais para gatas , pois os efeitos prejudiciais são bem maiores que os benefícios", completa.