A polifagia ou hiperfagia é uma desordem alimentar que faz o animal comer exageradamente itens sólidos (comida caseira ou ração). Essa exacerbada ingestão ultrapassa o necessário para atender a demanda energética do organismo e pode demandar muito tempo do dia a dia, levando o pet a interromper atividades rotineiras.
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Para quem não conhece esse distúrbio, num primeiro momento acredita que o cachorro é apenas guloso. No entanto, se ele tem sempre um apetite insaciável, come rapidamente a ração do pratinho e está sempre pedindo por mais, fique atento. Ele provavelmente está sofrendo de polifagia , um problema que trará sérias consequências para a saúde.
O que provoca a polifagia?
Existe muitos motivos que acarretam a compulsão alimentar, mas é importante saber que nenhum cão nasce assim. Ele vai se tornando por inúmeras razões, geralmente se relacionando com a criação ou o modo de cuidar. Uma das principais causas são os maus hábitos que os integrantes da família desenvolvem, oferecendo comida em horários aleatórios ou durante as próprias refeições.
Outra razão é quando a ração oferecida não cobre todas as necessidades nutricionais. O animal não será saciado e sempre pedirá por mais, o que provoca uma fome interminável. Se o cachorro não pratica atividade física suficiente, ele encontrará na comida um refúgio. Comer será visto como uma satisfação para tanta energia acumulada.
Além disso, ansiedade, estresse, depressão, carência afetiva e alterações hormonais também provocam o distúrbio. Cães com esse problema geralmente são bem carentes e competitivos, então desejam todos os brinquedos para eles e querem atenção a todo o momento. Por último, parasitas internos e outras doenças. Nesses casos, a fome insaciável é um sintoma da enfermidade.
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Como saber se o cão está comendo demais?
Quem convive com o cachorro logo começará a perceber que algo está errado com suas ações. Ele começará a exibir um comportamento inquieto e bem diferente do tradicional. Um exemplo é roubar a ração do outro animal da casa, revirar o lixo ou pegar itens em cima da mesa. Alguns chegam até a revirar armários, abrir a geladeira e pegar diretamente da sua mão.
É comum que exibam maior cansaço, respiração ofegante, salivação excessiva e até indícios de que irá vomitar, mesmo que não chegue de fato a fazer. De todos os sintomas, o mais revelador é a distensão abdominal perceptível ao toque. Em raças com longa pelagem, o aumento da área fica mais escondido aos olhos, mas basta passar a mão para sentir.
Se notar qualquer uma dessas alterações, leve o animal ao veterinário. O auxilio de um profissional é muito importante porque, além da polifagia, esses sintomas podem indicar algo mais grave, como a síndrome da dilatação vólvulo gástrica (ou torção gástrica). Cães com esse problema tem o estômago literalmente torcido, prendendo os gases e alimentos no estômago. O atendimento médico é necessário para desobstruir o órgão e recuperar o fluxo sanguíneo.
Além de comer em excesso, o cão não mastiga e ingere rápido
Comer rápido e sem mastigar é um problema que costuma derivar do distúrbio alimentar. Normalmente, cães que com polifagia acabam engolindo as refeições muito rápidas, sem parar e sem respirar. Engolir sem mastigar é uma atitude instintiva, oriunda de seus antepassados lobos. O problema é que, no caso dos caninos, esse ato pode provocar sérios problemas intestinais.
Quando não há a trituração dos alimentos, a ração ou ossos de boi ou frango, no caso de refeições caseiras, podem ficar presos na garganta causando afogamento. Além disso, como o animal está tragando ar, desencadeará problemas gástricos, arrotos e gases.
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De todos esses problemas provocados pela falta de mastigação, o mais grave é — novamente — a torção gástrica. É uma doença extremamente grave e com alta taxa de mortalidade. O animal precisa ser atendido com urgência para garantir bons resultados.
Resolvendo o problema
Para resolver de vez esse distúrbio, é imprescindível o atendimento médico para o dignóstico correto e descobrir quais outros problemas foram desencadeados. A partir daí, o tratamento será iniciado e cabe ao dono seguir fielmente as indicações do veterinário.
No entanto, existem algumas dicas que devem ser seguidas em casa para evitar que a desordem alimentar retorne. O primeiro é reduzir a quantidade de comida e aumentar as porções. Divida a quantidade de ração em doses menores, de modo a melhorar a digestão e não deixar o estômago do cão vazio. Dessa forma, a fome será reduzida consideravelmente.
Talvez seja necessário mudar completamente a dieta do animal, pois a atual não supre todas as necessidades nutricionais. Consulte o veterinário antes de alterar para saber qual marca de ração é a mais adequada ou, se for oferecer alimentos caseiros, descobrir quais itens são os indicados e a quantidade.
Evite deixar comida à vontade na casa. Então, não largue ração no comedouro, retire os restos das refeições da mesa, sele a geladeira e lacre os armários mais baixos ou mude os alimentos de lugar. Avise os membros da casa para não oferecer comida fora do horário das refeições. Não permita o acesso a lixos e, em casos mais sérios, impeça a entrada do pet na cozinha.
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Para quem tem mais de um cachorro na casa, alimente primeiro os animais saudáveis e por último o que tem poligafia . Isso irá evitar que ele roube ração de seus companheiros. Por fim, lembre-se de aumentar as brincadeiras e atividade física. O gasto de energia é imprescindível para manter o peso em dia, a boa saúde e evitar a fome excessiva.