O câncer em cães é uma doença que sempre existiu, e hoje a incidência só é mais notável por três principais motivos: a forma de criar ani­mais de estimação mudou , a população e a estimativa de vida dos cães tiveram um aumento significativo e os recursos de diagnóstico e tratamento avançaram. Isso fez com que nos últimos anos, a oncologia se tornasse uma especialidade bastante requisitada no mer­cado veterinário.

O câncer em cães é uma doença que sempre existiu
Reprodução Facebook
O câncer em cães é uma doença que sempre existiu

O veterinário Rodrigo Ubukata explica que os cães passaram a viver mais tempo porque seus donos estão mais preocupados com a prevenção das doenças e fazem vacinação e vermifugação constantemente. “Em áreas mais nobres já não há mais tantas doenças infecciosas e desnutrição porque temos alimentação comercial balanceada e com isso os animais vão atingindo idades mais avançadas”, explica. E com a idade avançada, surgem as doenças relativas à terceira idade, o câncer em cães é uma delas.

Mas a doença não é exclusiva de animais idosos. “Alguns tumores carregam a questão da hereditariedade e os fatores ligados à raça. A frequência é maior em animais idosos, mas atendemos também muitos animais jovens ou até mesmo pediátricos com câncer”, alerta o especialista. Entre esses tumores, o mais frequente na rotina da oncologia veterinária no Brasil é o mamário, seguido pelos de origem sanguínea e pelos de pele.

O câncer mamário é muito comum em cadelas não castradas antes do primeiro cio.  A castração precoce, por volta dos 5 ou 6 meses de idade, previne o desenvolvi­mento do tumor. De acordo com estudos científicos, cadelas não castradas pre­cocemente têm chance de desenvolver câncer de mama acima de 99,95%. “Os tumores mamários têm origem genética também, mas ocorrem principalmente por questões hormonais”, diz Ubukata. Quando se retira os ovários e o útero da cadela, não há influência hormonal sobre o tecido mamário, evitando a estimulação de genes dependentes de hormônio.

O câncer afeta muito a vida dos cães
Reprodução
O câncer afeta muito a vida dos cães

Para os tumores de origem sanguínea, que aparecem em segundo lugar entre os mais comuns em cães, não há medidas de prevenção. Cerca de 80% deles correspondem ao linfoma, enquanto os 20% restantes dos casos se referem às doenças ligadas à medula óssea, como a leucemia. Já os de pele podem ter sua incidência reduzida com medidas simples como evitar a exposição dos cães à radiação solar e a utilização de protetores solares específi­cos para animais.

Algumas raças possuem uma predisposição maior para o câncer . De acordo com Ubukata, os linfomas são muito comuns em Labradores, Golden Retriver,  Pit Bulls, Rottweiler, Poodle, Sch­nauzer, Teckel, Basset houd, SRDs e Ter­riers. Quando se fala em tumores de pele, as raças caninas mais acometidas são Boxer, Labrador, Poodle, SRDs e Teckel. “É um padrão para fazer o diagnóstico, mas não descartamos um tumor em cães que não pertençam a estas raças”, destaca.

Embora ainda não tenha cura, o câncer é uma doença que pode ser controlada, dependendo do estágio em que ela se encontra quando é feito o diagnóstico. Por isso exames de prevenção regulares são tão importante, já que é fundamental que a descoberta aconte­ça o mais cedo possível.

A ultrassonografista veterinária Mirian Halasc Vac diz que os donos de cães têm sido cada vez mais cuidadosos na prevenção de doenças. “Tenho feito muito ultras­som de check-up preventivo, especial­mente em cães com idade acima de sete ou oito anos. Isso faz com que se descubram doenças como tumores mui­to mais cedo. Os equipamentos foram se modernizando ano a ano. Antigamen­te não enxergávamos detalhes. Hoje, conseguimos detectar nódulos de 1 mm. Vemos coisas menores mais precoce­mente”.  

O ultrassom é usado para detectar o câncer em cães
Reprodução
O ultrassom é usado para detectar o câncer em cães

Ubukata explica que o ultrassom é um aparelho que revolucionou o diagnósti­co por imagem na medicina veterinária. Junto com ele, outros exames ajudam a dar maior segurança nos resultados, entre os quais se destacam o raio X e a tomografia. Graças a todo esse avanço tecnológico é possível determinar o tipo de tumor e o que ele causou no paciente para que se faça a abordagem terapêutica necessária.

Qualidade de vida para cães com câncer

Durante o tratamento de um paciente com câncer, o principal objetivo é que a qualidade de vida do cão seja mantida. Por isso, sua rotina é pouco modificada e a orientação é que ele tenha a vida mais normal possível. “É preferível que um cão fique um mês vivendo bem ao lado do dono a um ano sofrendo e a família sofrendo junto. Os donos têm os animais como membros da família e querem algum tipo de tratamento que mantenha a qualidade de vida e que controle a doença”, explica Ubukata.

O mesmo vale para pacientes com a doença em estágio avançado. Para o especialista, o tratamento é iniciado apenas quando há chances de trazer maior qualidade de vida ao cão. “Muitas vezes, é melhor tratar a dor e minimizar o desconforto”, explica ele, justificando que pacientes com câncer são os que mais sofrem com dor crônica. Hoje, a medicina veterinária, assim como a humana, já conta com uma especialidade para tratar dores crônicas.

Tratamento padrão

A cirurgia ainda é o principal método de tratamento para maioria dos câncer em cães, com exceção dos tipos de origem sanguínea, cujo tratamento principal é o quimioterápico. Segundo Ubukata, pacientes com linfoma ou leucemia são os que melhor respondem ao tratamento quimioterápico, em que aproximada­mente 90% dos pacientes apresentam respostas satisfatórias. Estes geralmente têm uma sobrevida maior dependendo do tipo do tumor e do momento do diagnóstico do câncer em cães.

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!