A forma como os animais de estimação são tratados mudou muito nos últimos anos - hoje eles são vistos como verdadeiros membros da família, usam roupinhas, ganham muitos mimos e alguns até andam de carrinho na rua, como se fossem um bebê. Não há problema nenhum em dar carinho para o pet, mas esse tratamento excessivo pode causar problemas comportamentais como a ansiedade de separação
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Casos de cachorros que latem alto, choram muito, uivam e destroem vários objetos quando estão sozinhos em casa são muito comuns. O que poucos donos se atentam é que esses são os principais sintomas da ansiedade de separação , ou seja, esses problemas podem ser corrigidos pela mudança no tratamento que o animal recebe no dia a dia.
"A ansiedade é causada por donos que superprotegem, que excedem o carinho. O cachorro acaba se acostumando com isso e não quer ficar sozinho de jeito nenhum", explica Cleber Santos, especialista em comportamento animal e proprietário da ComportPet. "Na maioria dos casos, o pet é tão mimado que está sempre no colo ou dentro do carrinho e não gasta energia, não é estimulado. A mente vazia também contribui para esse problema", acrescenta.
Dessa forma, o dono que sofre reclamações dos vizinhos ou sempre encontra uma bagunça diferente quando chega em casa precisa repensar a forma como o cão está sendo trato. De acordo com Cleber Santos alguns dos principais erros cometidos são:
Momento em que o cão é adotado/ comprado
Ter um novo animal de estimação requer planejamento, já que o pet necessita de cuidados e atenção. O problema é que o momento escolhido para levar o novo animal para casa pode não ser o ideal.
"O período de adaptação do cachorro ser durante as férias do dono é um grande erro. O dono fica 30 dias com o animal, que aprende que é normal ter gente em casa o dia inteiro, mas aí a rotina volta ao normal, o tutor volta a trabalhar e o pet fica sozinho durante um período do dia. Essa mudança é muito brusca e o animal pode acabar desenvolvendo ansiedade por separação", explica Cleber.
Assim, o novo cachorro deve ser inserido diretamente na rotina normal da casa, para se acostumar desde o início.
"Fazer festa" quando chega em casa
Cleber conta que "é muito comum as pessoas chegarem em casa e encherem o cachorro de carinho e atenção enquanto ele está agitado e latindo. Isso prejudica e piora a ansiedade porque é uma recompensa para o cão, por um comportamento que não é saudável ele ter".
O ideal é esperar o cachorro se acalmar, para só então fazer carinho e dar atenção.
Se despedir do cachorro quando vai sair de casa
Outro comportamento dos donos que influencia para os problemas comportamentais do pet é se despedir quando sai de casa . "Falar 'eu vou trabalhar e já volto, me espera' deixa o cachorro ansioso", conta Cleber.
Isso acontece porque o ato de falar com o pet faz com que ele crie uma expectativa de sair para passear ou ganhar um petisco, por exemplo. Mas o que realmente acontece é que o dono sai e deixa o cão sozinho, assim o cão precisa encontrar alguma forma de gastar a energia que foi criada.
O especialista em comportamento animal indica o uso de brinquedos educativos nesse momento. "Pouco antes de sair coloque a ração do cão em um Kong e não se despeça. O pet estará entretido com a brincadeira e só perceberá a ausência do dono após 10, 15 minutos. Isso impede que ele sofra com o momento da saída."
Não impor regras ao pet
Um comportamento comum dos donos que mimam muito o animal é a falta de imposição de regras. Muitos acham lindo tudo que o pet faz e não colocam um limite para nada. Porém, exercitar o raciocínio do cão é muito importante porque a ansiedade também "é causada por uma mente vazia". Assim, "quanto mais atividade mental, menor é a chance de o cachorro desenvolver o problema".
Como resolver o problema de ansiedade de separação nos cães?
Os donos devem se preocupar em suprir necessidades como a convivência com outros animais e o gasto de energia com atividades físicas e mentais, isso vai ajudar na redução da ansiedade do animal.
Para aqueles que não têm muito tempo para isso, duas opções disponíveis no mercado podem ajudar. A primeira delas é o serviço de dog walker, uma pessoa que vai passear com o cachorro todos os dias. "Além de garantir o gasto de energia, o cão vai se acostumar a conviver com outras pessoas que não o dono e a passear ao lado de outros animais. O ideal são dois ou três passeios por dia com uma média de 30 minutos para cachorros de pequeno porte e uma hora para os de grande por passeio", afirma Cleber.
A segunda opção disponível para melhorar a ansiedade de separação é a creche, onde o animal pode passar o período do dia que ficaria sozinho em casa. "O ambiente é mais descontraído e permite a convivência com outras pessoas e animais, o que ensina ao pet a saber dividir um brinquedo, por exemplo. O indicado são duas vezes por semana para cães de pequeno porte e de três a quatro vezes para os de grande porte."