O hipotireoidismo em cães é tão comum quanto a sua incidência em humanos, onde a glândula tireoide, que tem formato de gravata-borboleta e está localizada na garganta, provoca a redução na produção de hormônios, resultando em uma doença autoimune, nem sempre de fácil diagnóstico e que exige tratamento contínuo.
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"Essa é uma doença endócrina resultante da produção e secreções deficientes dos hormônios Tiroxina(T4) e Triiodotironina(T3) pela glândula tireoide. O hipotireoidismo em cães apresenta um dos maiores desafios diagnósticos dentre as doenças endócrinas, mas quando devidamente diagnosticado e tratado, apresenta excelente prognóstico a longo prazo", explica a veterinária Bianca Vale de Oliveira, que atua em nutrologia veterinária, Reiki, fitoenergética, aromaterapia e é fundadora da empresa NamasBicho, em Lavras - MG.
Desta forma, a diminuição ou a não produção destes hormônios pela tireoide caracteriza o hipotireoidismo, que pode ser classificado como primário, secundário, terciário, congênito, iatrogênico e por neoplasia, conforme sua origem e local de ocorrência no organismo animal.
A doença atinge principalmente cães de meia-idade e idosos, com 4 a 10 anos. Todas as raças podem desenvolver a doença, mas os cães puros são os mais comumente afetados por terem uma predisposição genética.
As raças descritas como mais predispostas são Golden Retriver, Labrador, Cocker Spaniel, Beagle, Schnauzer miniatura, Teckel, SetterIrlandes, Boxer, Borzói, Dobermann Pinscher e Dogue-Alemão. "Pesquisas mostram que parece não haver predisposição sexual e cães castrados são mais predispostos", completa doutora Bianca.
O tratamento precoce é uma das formas de aumentar a expectativa de vida e com muito mais qualidade e saúde para os pets.
Os sinais do hipotireoidismo em cães que o tutor deve ficar atento
Os sintomas podem variar conforme a raça ou a predisposição genética do pet, pois alguns também aparecem em outras patologias.
Mesmo assim, o tutor deve ficar atento aos principais, para poder relatar ao veterinário, ao notar que os sintomas são constantes:
- Apatia: o peludo não tem disposição para atividades prazerosas, como as caminhadas, brincadeiras e agrados dos tutores. A falta ou baixa produção dos hormônios são a causa dessa aparente depressão.
- Obesidade: cerca de 60% dos cães apresentam aumento de peso devido a falta de atividade física. Há também o aumento da taxa do colesterol.
- Problemas de pele: ocorre ressecamento da pele e, por isso, aumentam os riscos de cortes e sangramentos, além da queda excessiva de pelos.
- Intolerância ao frio: a temperatura corporal cai e o pet mostra sinais de estar com muito frio.
Como cuidar e prevenir o hipotireoidismo em cachorros
Infelizmente, esta é uma doença difícil de prevenir, já que acredita-se que as causas são predominantemente devido a uma predisposição genética.
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Porém, é possível prevenir que a doença chegue ao nível avançado. Isso precisa ser feito antes dos exames apresentarem grandes alterações e que o animal começar a manifestar os sintomas clássicos.
É nessa prevenção que entra a medicina integrativa e o conhecimento em nutrição, pois é possível auxiliar o pet de forma natural, para que não dependa de medicação para uma vida inteira.
A doutora Bianca Vale destaca que "se a tireoide do animal está só desgastada, é possível regenerá-la usando formas mais naturais de reposição hormonal. A alimentação do paciente (principalmente a ingestão de iodo e tirosina) e a redução da exposição a toxinas ambientais e farmacológicas são peças fundamentais no tratamento".
"De forma geral, todos os cães com função da tireoide reduzida deveriam receber Alimentação Natural , que é composta por alimentos frescos e não processados, por possuir inúmeros benefícios e por respeitar a individualidade biológica", completa a veterinária.
Porém isso não se aplica a forma autoimune da doença (menos comum), que quando identificada deve ser imediatamente tratada para retardar a progressão.
O hipotireoidismo é uma doença plenamente tratável que, quando controlada, não oferece riscos de morte aos pets. Mas, se não houver tratamento adequado, pode comprometer a qualidade de vida dos peludos. O acompanhamento veterinário é essencial para o controle da doença e sucesso do tratamento.
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O que o cretinismo tem a ver com o hipotireoidismo em cães?
O cretinismo nada mais é do que o hipotireoidismo em filhotes. Nessa faixa etária, os sinais clínicos mais evidentes são o baixo desenvolvimento mental e o crescimento retardado. Com cabeças grandes e largas, línguas mais compridas e espessas, e membros curtos, os cães com cretinismo têm um corpo desproporcional.
Os filhotes adoentados geralmente são os maiores da ninhada, mas começam a estacionar seu crescimento em relação a seus irmãos dentro de 3 a 8 semanas.
Estudos realizados apontam que os filhotes gravemente acometidos pelo hipotireoidismo em cães morrem nas primeiras semanas de vida.