
Teddy , o cão de serviço de Alice, uma menina autista de 12 anos, conseguiu embarcar para Portugal após três tentativas frustradas. O voo para Lisboa saiu do Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão, no Rio, nesta sexta-feira (30).
O animal foi acompanhado pelo treinador, Ricardo Cazarotte, e a irmã da menina, Hayanne Porto. O trio foi o primeiro a entrar na aeronave da TAP, que havia contrariado uma decisão judicial e impedido o embarque do cachorro nas oportunidades anteriores.
A família está no país europeu há dois meses, e tentava fazer com que Teddy chegasse à garota desde então. A ideia inicial era que o labrador fosse junto, mas a companhia vetou o embarque.

À imprensa presente no aeroporto do Rio de Janeiro, a irmã de Alice externou a apreensão pelo reencontro da menina com o cão, que é treinado para ajudá-la no dia a dia.
“Até a gente embarcar, sentar na aeronave e desembarcar lá, o coração vai estar batendo mais forte. [...] Ela passou a semana inteira me procurando e procurando ele pela casa. Agora a gente vai concluir isso."
A negociação para o embarque de Teddy foi conduzida entre Ministério dos Portos e Aeroportos, a família e a empresa TAP.
A proibição do embarque de Teddy
A família de Alice tentou viajar com Teddy em 8 de abril, quando ocorreu a primeira recusa. Apesar de ter inicialmente aprovado, a TAP vetou a entrada do cão no momento do embarque sob alegação de que a documentação apresentada para o animal não seria aceita em Portugal.
A segunda tentativa foi em 24 de maio, com a família já em Lisboa. O cão de apoio seria levado pela irmã. Hayanne portava a documentação solicitada pela companhia, além de uma ordem judicial.
No entanto, a empresa voltou a negar. A TAP alegou que Teddy não poderia embarcar na cabine por não estar com a pessoa para quem ele presta assistência. A empresa disponibilizou o bagageiro, e a família recusou.
Na terceira tentativa, no mesmo dia, o impasse seguiu. Como consequência do descumprimento da decisão judicial, o voo entre o Rio de Janeiro e Lisboa foi cancelado. A Polícia Federal foi quem impediu a decolagem.
A versão da empresa
"A prioridade número 1 da TAP sempre será a segurança dos nossos passageiros e tripulação.
Devido a uma ordem judicial de autoridades brasileiras, que violaria o Manual de Operações de Voo da TAP Air Portugal, aprovado pelas autoridades competentes portuguesas, e que colocaria em risco a segurança a bordo, lamentamos informar que fomos obrigados a cancelar o voo TP74.
Este cancelamento foi devido a obrigação judicial de transporte em cabine de animal que não cumpre com a regulamentação aérea acima mencionada.
Foram dadas alternativas de transporte para o animal, que não foram aceitas pelo tutor.
Informamos ainda, que a pessoa que necessita de acompanhamento do referido animal não realizaria a viagem neste voo. Sendo o animal acompanhado por passageira que não necessita do referido serviço.
A TAP lamenta a situação, que lhe é totalmente alheia, mas reforçamos que jamais poremos em risco a segurança dos nossos passageiros, nem mesmo por ordem judicial".