
Em um dia ensolarado, após um passeio relaxante com seu cachorro, você decide parar em um café para tomar uma bebida. No local, encontra uma tigela de água à disposição dos pets. A cena parece inofensiva, mas especialistas alertam: compartilhar recipientes pode representar perigos à saúde dos animais. As informações são de Jacqueline Boyd, Palestrante Sênior em Ciência Animal, em artigo ao The Conversation.
A limpeza dos recipientes é fundamental. Recomenda-se lavá-los diariamente com água quente ou na máquina de lavar louça para evitar a proliferação de bactérias nocivas, como a Escherichia coli resistente a antibióticos, já identificada em potes de alimentação canina. Essa prática é crucial tanto para a saúde dos pets quanto para a de seus tutores.
Riscos do uso compartilhado de tigelas
Quando vários cães utilizam os mesmos recipientes, aumenta-se o risco de transmissão de patógenos perigosos, como o MRSA (Staphylococcus aureus resistente à meticilina), que causa infecções cutâneas e pode ser de difícil tratamento devido à resistência antibiótica. Além disso, doenças respiratórias — tanto bacterianas quanto virais — podem ser facilmente disseminadas por meio da saliva ou secreções nasais presentes em tigelas contaminadas.
A tosse dos canis, por exemplo, é uma infecção altamente contagiosa que se propaga rapidamente em ambientes com aglomeração de animais. Caracterizada por uma tosse seca e intensa, ela pode ser transmitida não apenas pelo contato direto, mas também por objetos contaminados, como brinquedos, camas e, principalmente, potes de água. O desafio no controle dessa doença está na diversidade de agentes causadores, incluindo a Bordetella bronchiseptica e o vírus da gripe canina, o que dificulta o diagnóstico e o tratamento.
Outra ameaça são os adenovírus, que podem contaminar a água por meio de resíduos fecais e desencadear desde hepatite até infecções respiratórias graves. Por isso, a higienização adequada dos recipientes é uma medida preventiva indispensável.
Proteção para cães
Cães com imunidade baixa — como filhotes, idosos ou não vacinados — devem evitar o contato com tigelas coletivas. Da mesma forma, pessoas com sistema imunológico comprometido precisam ter cuidado redobrado, já que algumas zoonoses podem ser transmitidas por meio de objetos contaminados.
Embora seja difícil controlar todos os hábitos dos pets — como beber de poças ou ingerir restos inadequados —, é possível minimizar os riscos levando água fresca e um recipiente limpo durante passeios. Se for necessário utilizar tigelas compartilhadas, verifique se foram higienizadas recentemente e se a água foi trocada. Pequenas atitudes como essas podem prevenir diversas doenças e garantir o bem-estar do animal.