Fanny, Violet e Scarlett, cadelas de estimação da cantora Barbra Streisand
Reprodução/Instagram/Barbra Streisand
Fanny, Violet e Scarlett, cadelas de estimação da cantora Barbra Streisand

A clonagem de animais já não é mais uma novidade, desde que os biólogos Keith Campbell e Ian Wilmut apresentaram a ovelha Dolly, em 1997, o que gerou uma grande revolução cientifica e social. Desde então, a clonagem de animais de estimação, como cães e gatos, vem ganhando força ao redor do mundo, o que também gera um grande debate sobre questões éticas.

Em 2014 uma empresa sul-coreana chamada Sooam Biotech realizou um concurso entre moradores do Reino Unido, no qual o prêmio seria um clone do animal de estimação. A vencedora foi uma mulher chamada Rebecca Smith, que colocou sua  cadela da raça Dachshund, chamada Winnie, para ser clonada.

O clone nasceu no dia 30 de março daquele ano e recebeu o nome de Mini-Winnie, sendo o primeiro cão clonado em toda a Grã-Bretanha. Segundo a tutora, o novo filhote era idêntico à original, tanto em aparência física quanto em personalidade. O custo do prêmio foi de £60 mil (equivalente a mais de R$ 375 mil, na cotação atual).

Personalidades famosas, como a cantora Barbra Streisand, também aderiu ao método e clonou sua cadela Samantha, da raça coton de tulear, falecida em 2017. Em entrevista à revista “Variety”, a cantora apresentou Miss Violet e Miss Scarlett, duas clones de Samantha, que faziam companhia a sua outra cadela, chamada Fanny.

No caso de Violet e Scarlett, segundo disse a cantora, as personalidades são diferentes da “original”, mas ela ainda estava esperando que ambas ficassem mais velhas, para que se tornassem mais semelhantes.

De acordo com Melania Rodriguez, gerente de atendimento ao cliente da empresa norte-americana especializada em clonagem de animais de estimação, ViaGen Pets and Equine, inaugurada em 2015, cada vez mais pessoas estão buscando pela clonagem de seus pets.

"Tem filhotes nascendo toda semana. Não fazemos muita propaganda, muito vem do 'boca a boca'", disse a gerente em entrevista à BBC, em março. Os custos para a prática ainda são altos, sendo US$ 30 mil (R$ 140 mil) para um gato, US$ 50 mil (R$ 233 mil) para um cão e US$ 85 mil (R$ 397 mil) para um cavalo.

Questões éticas

De acordo com os especialistas, a clonagem não traz qualquer beneficio médico para a saúde dos animais. Robert Klitzman, especialista em bioética da Universidade de Columbia, a taxa de sucesso em processos de clonagem é de apenas 20% w põe em risco a integridade dos animais que são submetidos à cirurgia, submetendo a “mãe de aluguel” a várias tentativas sem resultado.

“Estamos sujeitando os animais a danos enquanto o benefício não é essencial”, disse Robert em uma entrevista à revista ScienceWorld, em 2018.

Além disso, não há garantia de que os animais clonados venham a ser realmente semelhantes aos “originais”, já que não depende somente do DNA, mas também de todas as experiencias pelas quais o animal é submetido em vida.

“É a mesma composição genética, e a genética compõe todas as características do animal, mas não sabemos como isso afeta o comportamento. O que eu posso dizer é que fiquei extremamente surpreso com o quanto parece que o comportamento é controlado pela genética, com base no feedback dos clientes", disse Shaw Walker, diretor de ciência da iniciativa da ViaGen, à Massive Science.

Especialistas ainda ressaltam a importância da adoção de animais abandonados. “Recomendamos que qualquer pessoa que esteja procurando um novo animal de estimação para se tornar parte da sua família, adote um dos milhares de animais que procuram seu lar para sempre nos centros de resgates”, disse Penny Hawkings, especialista da Royal Society for the Prevention of Cruelty to Animals, à BBC.

Elisa Allen, diretora da organização não-governamental People for the Ethical Treatment of Animals (PETA) concorda e afirma que: “Personalidades, peculiaridades e essência dos animais não podem ser replicadas. E quando você considera que milhões de cães e gatos maravilhosos e adotáveis estão definhando em abrigos, ou morrendo de maneiras aterrorizantes vítimas de abandono, você percebe que a clonagem aumenta a crise de superpopulação de animais sem-teto”, declarou em entrevista à BBC

A clonagem por aqui

No Brasil, algumas empresas já oferecem o serviço de congelamento de material celular de animais de estimação, mas sem a clonagem de fato. No inicio dos anos 2000 a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) apresentou o primeiro clone da América Latina, uma bezerra chamada Vitória.

Em janeiro, a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados aprovou uma PL que visa regulamentar a pesquisa, produção e comercialização de animais clonados, mas apenas aqueles considerados de interesse zootécnico, como bovinos, cavalos, ovelhas, porcos e aves. Cães e gatos não foram incluídos. O projeto de lei ainda deve passar pelas comissões de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, de Constituição e Justiça e de Cidadania.

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