O imprinting ocorre a partir do momento em que o filhote nasce e passa a reconhecer a mãe e a aprender com ela. É durante esse período que o filhote “aprende a ser cachorro” e constrói uma personalidade própria. Por isso, é fundamental que o animal passe o máximo de tempo possível ao lado da mãe e dos outros filhotes da ninhada.
Um cachorro que não cumpre esse tempo devidamente pode adquirir problemas futuros de comportamento, como se assustar ao ser cheirado por outro cão ao sair para um passeio, por exemplo, já que ele não entenderá o que está acontecendo ali.
Este fenômeno faz referência ao desenvolvimento dos filhotes caninos e dura cerca de 60 dias, conforme explica a médica veterinária Fernanda Ambrosino. “É nessa fase que a personalidade do animal é formada por meio dos exemplos aos quais ele é exposto”, diz.
A importância para o animal
O tempo em que acontece o imprinting é de grande importância e está diretamente conectado ao relacionamento entre a mãe canina e os filhotes. É durante a convivência com a fêmea que acontecem os primeiros aprendizados do cão, que vai seguir o exemplo, aprendendo a se socializar com outros animais por meio da observação do comportamento da fêmea canina, que é seu ponto de referência.
“É fundamental que animais convivam com a ninhada e com a fêmea pelo menos até os três meses, dessa forma o pet se desenvolverá plenamente e isso evitará que ele tenha mais chance de ter problemas de comportamento”, alerta a veterinária, ressaltando que, sem completar essa fase adequadamente, o animal poderá ficar mais vulnerável ao estresse, ansiedade ou medo.
Imprinting com outras espécies
Esse fenômeno também ocorre com outros animais, como gatos que devem ficar um tempo suficiente com a mãe para se desenvolverem e até mesmo seres humanos, que adquirem parte da personalidade dos pais ou de pessoas de convivência mais próxima.
Não é raro vermos na internet fotos e vídeos de cães que “pensam ser gatos’, ou mesmo gatos que se comportem como cães. É possível que um animal adquira os hábitos de uma outra espécie como ocorre com o imprinting.
Fernanda explica que os cães são extremamente inteligentes e, por isso, eles podem imitar o comportamento de outras espécies como forma de interagir com elas. “Mas é importante que o desenvolvimento do cão seja feito com sua ninhada. Por isso, é indispensável que o filhote fique com a fêmea o máximo de tempo possível”, ressalta.
Essa convivência maior evitará que o cão desenvolva problemas comportamentais que podem impactar seu convívio social e consequentemente seu bem-estar.
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O ser humano no imprinting canino
O período mínimo indicado para que o cão passe junto da ninhada, geralmente, é de 90 dias, para que ele tenha um desenvolvimento completo de sua personalidade canina, antes de ir para a nova casa. Na chegada ao lar, o cão se adapta à nova rotina, conhecendo seu novo espaço, novas atividades e os limites estabelecidos.
“O tutor será responsável por completar a fase de ensinamento do cão, estimulando-o por meio da socialização, mostrando os limites, entre outros”, explica. “Além disso, ele deve buscar orientação do médico veterinário sobre outras medidas necessárias nessa fase de desenvolvimento do cão”, diz a veterinária.
Lembrando que, sempre que possível, é importante que se ensine tudo o que será importante para o cachorro em todas as fases da vida, como onde pode fazer as necessidades e a não comer os móveis da casa, por exemplo.
Acostumando o pet aos sons do dia a dia
Alguns animais podem se assustar e ter problemas com sons comuns, como barulho de veículos passando na rua ou estalos mais fortes. Nessa fase, o tutor também pode habituar o pet para que ele entenda que não precisa se preocupar.
“Os filhotes são curiosos por natureza, por isso costumam ser mais receptivos às novas situações e sons nessa fase. Para que ele se sinta seguro diante de barulhos desconhecidos o ideal é que eles sejam introduzidos de forma natural em sua rotina”, conta Fernanda.
A veterinária explica que o tutor pode investir em uma exposição gradual: “Uma dica é buscar o efeito sonoro na internet e reproduzi-lo baixinho no celular e sempre associar a situação a um estímulo positivo, como uma brincadeira ou petisco”.
A exposição deve ir aumentando gradativamente até que fique o mais próximo possível da situação real e assim, ao ouvir aquele som, o animal saberá que está tudo bem.
Dicas ao tutor
Após a chegada e adaptação ao novo lar, é o momento em que os tutores devem mostrar ao filhote o que ele pode ou não fazer. “O animal jovem aprende com facilidade, por isso é imprescindível que ele seja ensinado sobre as rotinas básicas, como o local correto de fazer xixi, o horário da alimentação e dos passeios, com quais itens ele pode brincar, onde ele não pode ir, entre outros”, ensina.
Outro ponto importante que sempre deve ser observado é a socialização do pet com outras pessoas, outros animais e com o ambiente.
“O ideal é que o pet seja apresentado, de forma gradual e positiva, a diversos estímulos, como pessoas diferentes, outros animais, objetos e barulhos. Assim, ele vai se acostumar a essas situações e se tornar um adulto mais bem preparado para conviver com elas”, completa.