O KuneKune é uma raça de porcos original da Nova Zelândia e seu nome significa “gordo e redondo” em Maori, apesar de ser uma raça um pouco menor do que outras neozelandesas. Sua origem exata é incerta, pois seus registros iniciais não a diferenciavam de outras raças.
A estimativa mais aceita, de acordo com a Associação de KuneKune da Nova Zelândia, é que a raça tenha sido levada por baleeiros, por volta dos anos de 1800, e foram comercializados com o povo Maori.
Na Nova Zelândia, a história da raça é estreitamente ligada ao povo Maori, que valorizava a raça devido à sua natureza tranquila, se mantendo sempre próximos aos assentamentos e, dessa forma, se tornando bons animais domésticos. Também eram valorizados pela quantidade de carne e gordura, sendo a gordura utilizada para conservar alimentos.
O renascimento da raça
Ao final da década de 1970 havia apenas cerca de 50 porcos Kunekune em toda a Nova Zelândia. Com um trabalho de preservação realizado em 1978, usando apenas seis fêmeas e três machos, a raça foi recuperada.
Hoje existem milhares de porcos Kunekune pelo país e, graças a sua natureza calma e inteligente, eles são considerados animais de estimação.
Características físicas
O Kunekune é um porco de pernas e focinho curtos, com grande profundidade de gordura, proporcionando contornos corporais mais arredondados. As borlas, ou barba, têm aproximadamente 4 cm de comprimento e ficam penduradas nas laterais da mandíbula inferior.
Embora faça parte do gene dominante, nem todos os porcos da raça têm essa barba característica. Ocasionalmente, os leitões podem nascer com apenas uma borla ou, às vezes, podem perdê-las devido a lesões.
Para manter essa característica, muitos criadores preferem usar apenas porcos com borlas para reprodução. No entanto, quando um Kunekune com borlas é cruzado com outra raça, os filhotes também nascerão com borlas – ou seja, nem todos os porcos com borlas são Kunekune puro.
Pelagem
A cor e a textura da pelagem do Kunekune podem variar consideravelmente. As cores mais comuns são preto, preto e branco, marrom, dourado, bege e creme, às vezes com manchas de cores diferentes distribuídas aleatoriamente.
A textura da pelagem pode variar desde pelos curtos e sedosos, dando uma aparência elegante, até cachos longos e grossos, que dão uma aparência mais desleixada. A pelagem também varia de acordo com a época do ano, resultando em uma diferença marcante entre a pelagem no inverno e no verão, quando a queda de pelos é mais comum.
Comportamento
O Kunekune é um porco geralmente calmo e sociável que gosta de estar próximo aos humanos. Eles são inteligentes, engenhosos e afetuosos, gostam de receber carinho e são apaixonados por comida. É um animal que convive bem com outros pets e com crianças, por ser bastante dócil.
Existem Kunekunes no Brasil?
Apesar de muitos criadores venderem porcos denominados como Kunekune, a raça não existe oficialmente no Brasil. “O que temos aqui é um grande mestiço. O mini porco brasileiro é oriundo da cruza de diversas raças”, diz Izabelle Joanny de Oliveira, médica veterinária especialista em mini pigs, ao Canal do Pet .
“Os nossos criadores mais antigos trabalham a cerca de 25 anos no aprimoramento genéticos de raças de porcos brasileiros, especialmente o Caruncho. Eles são semelhantes, mas, na verdade, não existem KuneKunes no Brasil!”
Os principais cuidados com um porco de estimação
Conhecida como “Doutora Pig”, Izabelle diz quais são os principais cuidados que se deve tomar ao criar um porco como pet.
Ela alerta que é preciso tomar cuidado antes de adquirir um animal, já que existem muitas mentiras na internet, como anúncios em que dizem que o porco pesará no máximo 35 Kg, quando, na verdade, pode chegar a até 80Kg quando adulto. Se criado de forma saudável, um porco de estimação pode viver até 20 anos.
Cuidados com a higiene
Ao contrário do que muitos pensam em relação aos porcos, os banhos são sim necessários e devem ser dados ao menos uma vez por semana, tomando muito cuidado com excessos, para não prejudicar a pele do animal.
Os banhos devem ser dados unicamente com xampus e condicionadores próprios para a espécie, que respeite o PH natural da pele, entre outros fatores.
“Diferentemente dos cães, os porcos não têm glândulas sudoríparas, que são responsáveis pelo suor, e eles também têm poucas glândulas sebáceas, que são produtoras do sebo”, explica Izabelle.
Um diferencial dos cachorros, aponta a veterinária, é que eles têm muitas glândulas sebáceas “por isso, quem tem cachorros menores e de pelo comprido, como um Yorkshire , se não der banho semanalmente o pet ficará com aquele ‘cheirinho de cachorro’, que é decorrente do óleo que serve como proteção natural para a pele e o pelo.”
Xampus para cachorro ajudam a remover esse excesso, que os porcos não têm, portanto são muito agressivos para esses animais.
Limpeza dos olhos e ouvidos
A veterinária explica que os porcos apresentam secreções em cores mais avermelhadas ou amarronzadas, o que pode confundir e fazer o tutor acreditar que o pet esteja doente – ao contrário dos cães, que produzem secreções amareladas, semelhante a dos seres humanos.
Para a limpeza das orelhas, deve ser usado algodão ou gaze, limpando somente as áreas externas – somente até onde o dedo alcança, sem forçar. Jamais usar cotonetes ou introduzir qualquer objeto no condutor auditivo do animal.
Para a limpeza dos olhos, basta usar uma gaze umedecida com água, para remover as remelinhas.
Higiene bucal
Izabelle explica que os porcos, principalmente os machos, têm um crescimento constante das presas – os dentes caninos -, que devem ser aparados regularmente, em um procedimento chamado odontosecção (o corte do dente).
“Os suínos machos têm crescimento excessivo da presa. Isso acontece porque na natureza é o macho quem defende o território, ou mesmo o alimento. Então ele naturalmente precisa ter a presas grandes. O que não acontece dentro de casa”, pontua. “Se não for aparada, ele pode arranhar o tutor ao pedir carinho, ou mesmo machucar outro pet. Então nós fazemos a odontosecção.”
Corte das unhas (cascos)
O corte dos cascos “depende muito do piso no qual o animal vive”, diz Izabelle. Se o animal vive em um local de piso liso, como um apartamento – o que não é indicado pela especialista – ele não terá a abrasão suficiente para o gasto natural dos cascos. A veterinária recomenda que o animal seja levado para passear ao menos duas vezes ao dia, para que possa ter esse desgaste.
Ainda assim, é indicado que o tutor leve o animal ao veterinário especializado para que seja feito um casqueamento de forma periódica. “Além de aparar os cascos, dessa forma conseguimos fazer um ‘alinhamento’, corrigindo a pisada do animal, ajudando a evitar problemas articulares”, diz a veterinária.
Saúde
Para manter a saúde do animal em dia, existem cinco vacinas que dever ser aplicadas anualmente, e o vermífugo que deve ser dado a cada três meses. Além disso, o tutor deve levar o porco de estimação ao médico veterinário a cada seis ou oito meses, dependendo do estilo de vida do animal, para um checape completo.
Alimentação
A alimentação adequada para um porco pode variar de acordo com o proprietário. “É importante ressaltar que os porcos são animais onívoros, e eles precisam de uma alimentação balanceada que pode ser feita com a ajuda de um médico veterinário especialista”, avisa Izabelle.
“No mercado temos diversos tipos de ração para porcos, a grande maioria é ração de engorda e de lactação, ou ração de manutenção. Então, de acordo com o metabolismo e com a vivência desse animal, nós conseguimos escolher a dieta necessária”, afirma.
Atividades físicas
A especialista alerta que os exercícios físicos são essenciais para os porcos, embora eles precisem de um “empurrãozinho”. “Se o tutor deixar, o porco irá dormir o dia inteiro, assim como um gato. Então é preciso estimulá-lo a fazer uma atividade”, diz.
Izabelle diz ainda que os porcos só se sentem estimulados com alimentos, mesmo que eles pareçam se divertir com brinquedos, em pouco tempo vão notar que aquilo “não serve para nada” e vão perder o interesse.
“Se ele gosta de brincar com uma bolinha, por exemplo, o recomendado é usar uma bolinha com um petisco escondido dentro. Assim ele manterá o interesse e se exercitará por mais tempo. Só é preciso ter cuidado para que o animal não saia da dieta, já que cerca de 90% dos porcos sofrem com obesidade”, alerta.
O melhor ambiente para criar um porco
“O melhor ambiente para o animal viver é com terra”, diz Izabelle. “O porco gosta de chafurdar a terra, chafurdar a lama. É onde ele expressa seu comportamento natural. A partir do momento em que se impede que ele faça isso, é um grande erro.”
A veterinária recomenda que, quem não tem esse tipo de ambiente em casa, que leve o animal de estimação para um ambiente onde ele possa fazer isso, além de ter espaço para correr e passear.
No Brasil existem hotéis para mini porcos, nos quais os animais podem até mesmo passar férias, enquanto os tutores estão viajando – algo semelhante aos hotéis para cachorros.
Como é ter um porco de estimação
José Gabriel Bloise de Meira, de Itapetininga, São Paulo, é tutor de um porco chamado Piglet, com pouco mais de 2 anos de idade, o qual adotou com apenas dois meses de vida e admite que o pet “cresceu um pouco mais do que o esperado, mas continua um bebezão”.
O tutor conta ao Canal do Pet que o porquinho segue uma dieta com base em frutas e vegetais. “Ele come quirera de milho, cenoura, abobrinha, maçã, dentre outras frutas e verduras, e à noite maracujá antes de dormir”, diz ele, acrescentando que os banhos são dados uma vez por semana.
Muito inteligente, apesar de não ter passado por nenhum treinamento específico, José conta que, entre os truques, Piglet aprendeu a sentar para ganhar petisco e mostra onde está sua vasilha, quando perguntam onde é para colocar sua comida.
“Ele costuma dar algumas cabeçadas na porta quando está com fome, mas nem sempre é comida que ele quer: às vezes ele ouve a nossa voz e dá cabeçadas na porta, aí sentamos ao lado dele e ele se deita (risos), ele queria apenas companhia”, diz José.
A convivência com outros animais de estimação também é positiva: “As nossas cachorras gostam muito dele, quando tomam banho o Piglet começa a gritar e elas o acompanham no ‘escândalo’”, brinca o tutor.
José afirma ainda que a maior dificuldade na criação de um porco como pet é manter a dieta, mas que é preciso se manter firme para seguir o regime. “A veterinária diz que se controlarmos a obesidade ele pode viver cerca de 20 anos, mas se estiver muito obeso acaba tendo problemas nas patas, coração e até nos olhos. É uma luta porque ele é muito comilão”, brinca.
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