Os óleos essenciais costumam ser usados no tratamento de diverso problemas de saúde, sejam físicos ou emocionais. Isso também ocorre na medicina veterinária, geralmente associados a outros medicamentos, como um reforço para certos tratamentos.
Há também quem acredite que o uso de óleos essenciais ajudam a equilibrar a energia dos ambientes, assim como a dos próprios pets. Mas, afinal, esse uso é realmente seguro para os animais de estimação?
A médica-veterinária Carla Maion explica que esses óleos são extratos concentrados de plantas, utilizados por suas propriedades terapêuticas há séculos. Já na veterinária, embora seu uso esteja crescendo cada vez mais, sua real eficácia e segurança ainda estão sendo amplamente estudadas. Sendo assim, podem apresentar riscos e não devem ser usados sem a indicação de um médico-veterinário.
Para que servem os óleos essenciais
“Óleos essenciais como o de tea tree (Melaleuca alternifolia) e o de lavanda (Lavandula angustifolia) contam com propriedades antissépticas e antimicrobianas, podendo ser utilizados no tratamento de pequenas infecções cutâneas e feridas, promovendo a cicatrização e prevenindo infecções”, comenta Carla.
“Já óleos como o de camomila (Matricaria recutita) e o de lavanda têm propriedades anti-inflamatórias, ajudando a aliviar dores nos músculos e articulações.”
A veterinária destaca outros usos comuns dos óleos essenciais, especialmente para efeitos de calmante, na redução do estresse e da ansiedade nos animais. “O óleo de lavanda é particularmente eficaz nesse aspecto, podendo ser utilizado em difusores para criar um ambiente mais tranquilo, especialmente em situações de grande estresse, como tempestades ou fogos de artifício”.
Alguns óleos essenciais, como o de citronela (Cymbopogon nardus) e eucalipto citriodora, também pode ser usados como repelentes naturais para insetos, auxiliando na proteção dos pets contra picadas de mosquitos e outros parasitas proliferadores de doenças.
O uso dos óleos essenciais deve ser feito com cuidado
Carla Maion alerta que para a administração tópica (contato direto com a pele), os óleos essenciais devem ser diluídos em um óleo carreador - como óleo de coco ou azeite de oliva -, para evitar irritações cutâneas.
Já para o uso no ambiente, como aromaterapia, é necessário o uso de difusores, para que seja administrado de forma segura, desde que o ambiente seja bem ventilado e o pet possa se afastar da área de difusão quando quiser.
“No entanto, a ingestão de óleos essenciais é geralmente desencorajada sem orientação específica de um veterinário devido ao risco de toxicidade”, alerta a veterinária.
Óleos essenciais podem ser tóxicos para animais
Mesmo óleos essenciais considerados seguros para uso de forma tópica, ou aromática, podem ser perigosos para os animais de estimação quando administrados de maneira errada, mesmo que em pequenas quantidades.
“O óleo de tea tree é altamente tóxico para gatos e cães quando ingerido, podendo causar fraqueza, tremores, ataxia (falta de coordenação) e até coma, com sintomas como vômito, salivação excessiva e convulsões”, alerta Carla.
“O óleo de cânfora pode causar irritação na pele e, se ingerido, levar a convulsões e problemas hepáticos, com sintomas como vômito, diarreia e letargia”, continua.
“O óleo de menta (Mentha piperita) pode causar irritação gastrointestinal, problemas respiratórios e depressão do sistema nervoso central, com sintomas como vômito, diarreia, tremores e dificuldade respiratória. O óleo de eucalipto (Eucalyptus spp.) é altamente tóxico e pode causar salivação excessiva, vômito, diarreia, depressão e fraqueza, com sintomas como letargia, salivação excessiva e falta de apetite.”
A veterinária acrescenta: “Embora o óleo de lavanda (Lavandula angustifolia) seja geralmente considerado seguro em pequenas quantidades e diluído, pode causar problemas em alguns animais sensíveis, especialmente gatos, com sintomas como náusea, vômito e letargia.”
Outros óleos essenciais tóxicos para cães e gatos
- Canela
- Bétula
- Frutas cítricas
- Hortelã-pimenta
- Pinho
- Gaultéria
- Ylang ylang
- Tomilho
“O uso de óleos essenciais em animais de estimação deve ser feito com extrema cautela e sempre sob orientação de um médico-veterinário qualificado”, ressalta Carla.
A veterinária reforça que o risco de toxicidade é real e pode variar significativamente entre espécies e até entre indivíduos de uma mesma espécie - um cachorro pode ser alérgico a uma substância considerada segura para outros cães, por exemplo.
“É fundamental que o tutor realize uma pesquisa cuidadosa e consulte um especialista veterinário antes de introduzir qualquer óleo essencial no regime de cuidados de um animal de estimação”, finaliza.
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