Não são raros os casos de medicamentos para humanos serem receitados para animais de estimação. Existem muitos medicamentos, tanto para uso humano quanto veterinário, que servem para basicamente as mesmas enfermidades. Por isso pode-se entender que esses produtos são basicamente os mesmos, mas será isso mesmo?
O médico veterinário Raphael Clímaco explica que a diferença entre os medicamentos para uso veterinário e uso humano está na legislação seguida por cada um, para serem disponibilizados no mercado. Uma pessoa não irá procurar na bula de um medicamento humano se há indicação para animais, para citar um exemplo.
“Tudo o que rege as legislações, as informações da bula e as liberações pela Anvisa foram pensadas em humanos. Da mesma forma que, quando pensamos em medicamentos veterinários, todas as regras para sua produção foram pensadas para animais”, explica.
No caso da droga, a matéria-prima utilizada na manipulação do medicamento (como dipirona ou omeprazol, por exemplo), servem tanto para humanos, quanto para animais, a diferença está na apresentação do produto. “Quando vamos prescrever algo para um animal, a apresentação desse medicamento tem uma concentração menor porque um cão, na grande maioria das vezes, tem um peso menor. Portanto, a concentração do ativo do produto – como analgésico, antibiótico e anti-inflamatório – acabam sendo menores”, explica.
É comum que os veterinários indiquem medicamentos humanos para uso em animais por uma questão de acessibilidade. Medicamentos humanos, geralmente, têm um preço mais baixo que o equivalente veterinário, além de serem encontrados com maior facilidade e com maior diversidade. “Além disso, nem todos as apresentações de antibióticos que precisamos utilizar em nos pets estão disponíveis na linha veterinária, por isso muitos medicamentos da área humana são usados sem nenhuma restrição para isso”, conta.
“O que deve se ter em mente é que precisamos respeitar a dosagem e a concentração do medicamento. Quando não ocorre essa equiparação, nós podemos utilizar a formulação manipulada. Assim conseguimos usar a mesma substância, porém com doses diferentes”, explica.
Um exemplo básico para isso também é que, caso um ser humano precise tomar um omeprazol, por exemplo, não haverá problema contanto que a miligramagem presente seja a mesma necessária. A droga utilizada em sua produção é exatamente a mesma encontrada em um medicamento comprado em uma farmácia humana.
O veterinário explica que, no fim das contas, o que diferencia é sempre a concentração da medicação. “Isso varia não apenas de humanos para animais, como para adultos, crianças e diversos portes e espécies de animais como cães, cavalos, bois e outros”.
Você viu?
Vale a atenção
Se houver indicação médica, concentração adequada e as vias de absorção forem as mesmas, não há risco algum. Contudo, às vezes os medicamentos veterinários possuem sabores, como carne e frango. Esses saborizantes não foram testados em humanos. Embora os princípios ativos sejam os mesmos.
O que muda é a apresentação e a miligramagem: os medicamentos para humanos são creditados pela Anvisa e Ministério da Saúde, enquanto os veterinários são creditados pelo Ministério da Agricultura.
E, como vale sempre ressaltar, nenhum medicamento, humano ou veterinário, deve ser tomado sem prescrição de um profissional.