É costume entre os brasileiros aproveitar os dias quentes do verão para levar o pet para um passeio, seja em parques ou praias. É de conhecimento comum que se deve ter cuidado com as patinhas dos animais no chão quente, mas o que nem todo mundo sabe é que os peludinhos podem ter problemas ocasionados pelos raios solares, assim como os seres humanos.
Por essa razão, a campanha Dezembro Laranja , focada nos seres humanos, também passou a sensibilizar os tutores sobre a importância da prevenção contra o câncer de pele nos pets.
A médica veterinária Marina Bonfim, especializada em dermatologia, explica que as altas temperaturas exigem cuidados especiais para os cãezinhos. “É bastante comum, durante o verão, um aumento substancial das queimaduras e dermatites ocasionadas pelo sol, especialmente nas patas e nos coxins”.
Ao levar seu cãozinho para passear, especialmente entre as 10 e 17 horas, é importante passar uma loção bloqueadora solar, que proteja a pele contra raios os UV: “O protetor deve ser aplicado nas áreas onde não há pelos, como barriga, patas e focinho”, explica a dermatologista.
Não compartilhe o seu protetor solar com o pet
A veterinária explica que os filtros solares para uso humano contêm em sua composição um filtro químico, que é responsável por formar os fatores de proteção, permitindo a penetração de raios UVA e UVB de acordo com a proteção solar oferecida pela marca. Ou seja, os de fatores menores favorecem maior penetração de raios, o que favorece o bronzeado, por exemplo. No caso dos animais isso não é necessário, além disso, os fatores químicos são tóxicos, levando a graves problemas de pele.
Para os pets se trabalha exclusivamente com fatores físicos, que não promovem nenhum tipo de penetração de raios UVA ou UVB, formando uma película protetora superficial através do dióxido de zinco e óxido de titânio. Além de ser seguro para cães e gatos, promove uma proteção solar duradoura, sendo necessário menor reaplicação que no caso dos humanos.
O que são os filtros físicos e químicos
Os filtros químicos são compostos orgânicos que favorecem uma penetração de pequena parte dos raios antes de sua dissipação. Já o filtro físico promove uma película protetora externa, esbranquiçada, não permitindo a penetração dos raios, fazendo o bloqueio total dos raios UVA e UVB.
Alguns protetores possuem as partículas de dióxido de cloro e óxido de titânio, que são responsáveis pelo efeito bloqueador, de forma microlisadas, facilitando a aplicação e melhorando a absorção imediata. Isso evita que cães e gatos removam grande quantidade do produto ao se lamber. Seguro e atóxico, pode ser usado nos pets antes dos passeios ou diariamente.
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Já o filtro químico transforma os raios UVs em calor, aumentando o calor local na pele e aumentando os riscos de manchas, piorando casos em que os usuários promovam alergia à exposição de luz. Já o filtro físico, por possuir aspecto esbranquiçado, é mais pesado para espalhar, e geralmente tem maior dificuldade na espalhabilidade, necessitando maior cuidado para a proteção solar.
“Os bloqueadores físicos não possuem um FPS comprovado, já que bloqueiam a penetração dos raios. Esses são os únicos seguros, testados e atóxicos quando utilizados na veterinária. Lembre-se: nunca compre produtos sem a orientação do seu médico veterinário de confiança. Opte sempre por produtos veterinários pois estes possuem confiabilidade e respaldo dos laboratórios que o produzem” completa.
Como aplicar o protetor no animal e periodicidade recomendada
Os animais já possuem uma proteção natural contra os raios solares, os pelos. Eles também protegem contra oscilações bruscas de calor, mantendo a temperatura interna ideal dos animais. Por isso não é necessário tosar os animais no calor. As áreas descobertas são as que precisamos nos preocupar: focinho, barriga, ponta das orelhas e até mesmo as patinhas.
O recomendado é aplicar uma pequena camada e espalhar bem. É indicada a reaplicação a cada 2 horas em animais constantemente expostos ao sol. Ou 15 minutos antes dos passeios, para os animais que só se exponham nessas condições. Para animais mais claros, é indicada a aplicação diária, independente da exposição solar, já que as luzes incandescentes também trazem malefícios.
“O mesmo vale para cães e gatos. Ambos precisam da proteção solar nos locais sem cobertura de pelagem, garantindo uma boa espalhabilidade do produto indicado pelo médico veterinário”, explica.
Doenças de pele
As doenças de pele que cães e gatos podem desenvolver pela exposição excessiva aos raios solares são, na maioria, semelhantes as dos seres humanos, como melanomas, carcinomas e outras lesões na pele.
"Devemos nos preocupar também com as dermatites actínicas solares, apesar de parecerem inofensivas, promovendo apenas vermelhidão local, pode levar o animal a perder a pele por agressão da lesão, além de desenvolver pruridos (coceiras) em locais não associados diretamente a lesão, dificultando o diagnóstico”, explica a veterinária.
Para os animais, vale o reforçar o cuidado com os parasitas externos, no verão, devido ao calor e umidade, temos um aumento significativo de pulgas e carrapatos, as doenças são graves além da infestação de difícil controle. O ideal é manter antipulgas e vermífugos em dia, principalmente nesse período. E, claro, não se deve esquecer dos malefícios de calor excessivo, que pode levar o animal a desmaios súbitos, desidratação e agravamento de problemas neurológicos.
Para prevenir, ofereça sempre água limpa e fresca, inclusive durante os passeios. Além de optar pelos horários mais frescos do dia, principalmente para animais com o focinho curto (braquicefálicos), que já possuem em sua fisiologia a dificuldade na respiração, aumentando ainda mais a incidência de problemas devido ao calor e estresse.