Com o isolamento físico do novo coronavírus , as pessoas estão ficando mais tempo perto dos animais de estimação. Isso está sendo muito bom para estreitar os laços, mas pode acabar prejudicando o pet quando a rotina voltar ao normal. A bióloga mestrada em comportamento animal, Luiza Cervenka, explica que o animal estará muito acostumado com a presença do dono, e uma mudança repetina pode causar distúrbios de comportamento, como ansiedade de separação.
Luiza conta que o pet pode criar um maior laço emocional muito forte com os donos em casa o tempo todo. A rotina está atrelada ao animal, fazendo com que ele esteja sempre por perto e, diferente de antes, não tenha um tempo sozinho. Há ainda quem deposita a carência no bicho, que irá absorver e acabar por sentir o mesmo.
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Portanto, quando a fase de isolamento acabar e a rotina de todos voltar ao normal, o animal de estimação pode acabar tendo mudanças em seu comportamento e consequentemente em sua saúde. "O cachorro passa a se sentir confortável e seguro unicamente com a presença do tutor, então sua ausência começa a demonstrar que algo não está certo. Com isso, ele passa a se sentir inseguro, ficar sem comer, sem fazer xixi", explica a bióloga. Além disso, o animal também pode roer coisas que não deve e fazer as necessidades em locais inadequados.
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Por isso, um treinamento desde já, de forma a acostumar o pet com a ausência dos donos é extremamente importante. A sugestão de Luiza é deixar o animal sozinho por um tempo, sem ninguém por perto. Isso pode ser nos momentos de pequenas saídas para farmácia, mercado, ou até mesmo na hora do banho. Nesses momentos é importante deixar ele com algum brinquedo, algo que possa fazer sozinho, que seja gratificante. Outra alternativa é trancar o animal sozinho em um cômodo por um tempo, ou o tutor ficar isolado, e deixar o animal solto pela casa.
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Para que a mudança não seja brusca, é importante que o processo aconteça aos poucos, começando por cerca de 5 ou 10 minutos e ir aumentando depois. Caso contrário, o efeito de insegurança e medo pode acontecer da mesma forma.
Outro ponto destacado pela bióloga é que o respeito ao espaço do pet deve acontecer de forma regrada. "Eu não vou ficar trocando olhares com ele, não vou ficar passando e olhando, não vou ficar interagindo com ele enquanto eu passo em um local em que ele estiver confinado, por exemplo. Eu vou respeitar o espaço dele para que ele se sinta confortável, isolado e separado."
O afeto para com os bichinhos pode e deve acontecer, mas com esse treinamento adequado e regrado desde já, seu animal de estimação não terá problemas quando a rotina voltar ao normal.