Também conhecida como traqueobronquite infecciosa canina ou traqueíte, a tosse dos canis é uma das doenças mais comuns entre os cachorros. Além dos sintomas serem muito parecidos com a gripe humana, ela é considerada uma zoonose, ou seja, pode ser transmitida dos animais para as pessoas. É altamente contagiosa e a incidência aumenta em climas frios.
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O nome tosse dos canis vem exatamente dessa fácil propagação. Em locais com grandes aglomerações de animais, como os abrigos, a doença se torna muito comum. Por esse motivo é importante diagnosticar e tratar rapidamente o primeiro animal que apresentar os sintomas. A veterinária Fabiana Zerbini responde as principais perguntas para tornar essa ação mais eficaz.
O que é a tosse dos canis?
É uma síndrome respiratória complexa que pode ser causada tanto por vírus, como por bactérias. Essa ultima é mais preocupante. A doença sazonal ocorre com maior frequência em climas frios, como no inverno.
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Como ocorre a transmissão?
As formas de transmissão mais comuns da tosse dos canis se dão pelo contato direto entre um cão saudável e um contaminado, ou contato indireto, pelo ar, através de secreções respiratórias. O vírus ou a bactéria se locomovem facilmente devido a grande quantidade de espirros e tosses. Os agentes podem ainda ser representados por caminhas, casinhas, vasilhas e brinquedos.
Atinge quais animais?
Acomete principalmente os cães. O agente que causa uma infecção secundária na Tosse dos Canis, a Bordetella bronchiseptica , pode estar associada ao Complexo Respiratório Felino (uma infecção do trato respiratório), porém, há poucas informações sobre a intensidade que a patogenicidade alcança nos gatos. Dessa forma, a importância clínica não é conhecida, já que essa bactéria é isolada de muitos gatos sadios.
Quais são os sintomas?
Os principais sintomas são tosse em variados graus, espirros, secreção nasal purulenta e falta de apetite. Esses sinais podem se agravar caso ocorra uma infecção secundária, observando-se febre, anorexia e dispnéia. Pode haver também situações de engasgo, ânsia e vômito.
Nos casos mais graves pode ser observadas tonsilite, rinite, conjuntivite, pneumonia intersticial e broncopneumonia. Vale lembrar que tudo isso piora mediante a exercícios físicos.
Como é feito o diagnóstico?
Caso os sintomas citados acima se assemelham com a condição do animal, é muito importante levá-lo ao veterinário. Alguns exames serão feitos para um diagnóstico exato, entre eles uma anamnese metódica e um exame físico. Informações sobre o habitat do animal, os locais anteriormente visitados, situações anteriores de estresse, contato com animais infectados e o cumprimento das vacinas necessárias também são importantes.
Na maioria dos casos clínicos não se procura um diagnóstico definitivo, mas uma avaliação da gravidade da doença e a presença de infecções secundárias. Hemograma de rotina e provas bioquímicas são auxiliares para monitorar a saúde do animal.
Qual o tratamento?
O tratamento vai variar de acordo com o estágio que a tosse dos canis se encontra. Nos casos mais brandos, por exemplo, o próprio organismo do animal pode se defender e desaparecer com os sintomas dentro de 4 dias e 3 semanas sem nenhum tipo de tratamento. Mas o desconforto que a doença causa para os animais e para os proprietários justifica o uso de medicamentos.
Os cães com sinais mais graves ou que persistirem por mais de 2 semanas devem ser avaliados para complicações secundárias ou para reavaliação do diagnóstico. Geralmente, nesses casos é adotada uma terapia de suporte acompanhada de antibióticos, corticosteróides, mucolíticos, broncodilatadores ou antitússicos.
A tosse dos canis pode ser fatal?
Sim, é possível que o animal venha ao óbito, mas esses são casos mais isolados. O risco só é real quando há uma associação entre agentes que causam a infecção, como, por exemplo, a presença da bactéria Bordetella bronchiseptica juntamente com o vírus. Esses quadros costumam ser mais graves devido a uma maior lesão respiratória e a uma infecção secundária .
Como evitar a doença?
A prevenção ocorre por meio da vacinação. A mais indicada é a vacina CH(A2)PPi/LR que protege contra o vírus parainfluenza e reduz os sintomas da infecção secundária. Além disso, é necessário um controle ambiental. Lugares arejados, limpos e com poucos animais diminuem muito a probabilidade de contágio.
No caso de suspeita, recomenda-se que o animal seja isolado, para evitar a proliferação da doença. A desinfecção do ambiente (com hipoclorito de sódio) também é recomendada.
Por que a doença é mais presente no inverno?
O frio é o ambiente perfeito para o transporte do vírus ou da bactéria. O tempo seco dificulta a dispersão das partículas e secreções, que acabam suspensas no ar por mais tempo. Além disso a resistência imunológica dos animais diminui com as baixas temperaturas e as vias aéreas ficam ressecadas pela pouca umidade do ar, perdendo a proteção natural do nariz.
Todos os cães podem ser contaminados?
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Os cachorros que frequentam locais com grande concentração de animais como pet shops, canis, hotéis e abrigos estão mais predispostos a contrair a tosse dos canis.