Um estudo recente realizado em Portugal, pela Unidade de Ciências Biomoleculares Aplicadas (UCIBIO) revelou que alimentos crus comercializados para cães são fontes de bactérias resistentes aos efeitos de antibióticos, oferecendo sérios riscos para a saúde pública.
As conhecidas “superbactérias” se originam pelo uso abusivo de antibióticos na criação de gado e produção pecuária, para o controle de doenças. Para saber mais sobre os potenciais riscos do consumo de alimentos crus pelos animais de estimação no Brasil, o Canal do Pet traz as orientações da médica veterinária Mayra Susenko, para esclarecer os potenciais riscos do consumo de alimentos crus – naturais e industrializados – pelos animais de estimação.
De acordo com ela, o uso excessivo de antibióticos na produção pecuária é real e esse alerta é cada vez mais discutido pelas agências regulatórias e pelos próprios criadores. Sendo assim, todos os alimentos de origem animal não devem ser consumidos totalmente crus.
“Quando nos referimos a estes alimentos destinados aos pets, estamos pensando em alimentos transformados em rações e petiscos, quase todos passando por processos de alta temperatura e pressão, o que elimina ou reduz drasticamente as bactérias que podem interferir negativamente na saúde dos pets”, esclarece.
A veterinária ainda explica que a maioria dos alimentos industrializados do segmento pet são seguros para serem consumidos pelos animais de estimação, desde que sejam armazenados de forma correta e seguindo as recomendações diárias descritas nas embalagens e pelo médico veterinário. “Na grande maioria dos casos, o que pode ocorrer é aumento de peso do pet, por consumir quantidade maior do que a recomendada”, ressalta.
O mesmo não pode ser dito quanto aos alimentos produzidos para humanos, quando são fornecidos aos animais domésticos, pois estes podem conter conservantes, excesso de sódio, gordura, açúcares refinados e outros elementos que podem ser tóxicos para os animais, causando graves problemas de curto, médio ou longo prazo.
Cães e gatos são carnívoros, podem comer carne crua?
Mayra confirma que carne crua é um ambiente ideal para a proliferação de bactérias. Embora os ancestrais caninos e felinos se alimentassem de carnes cruas, com o convívio entre os seres humanos, isso se tornou quase inexistente. Atualmente, ao fornecer carne crua para o pet em casa, até mesmo ao receber o “lambeijo” do cachorro, é possível que o tutor seja contaminado.
O mesmo acontece caso o tutor lave o pote do animal, após consumir o alimento cru, com a mesma esponja que se lava os demais utensílios domésticos. A veterinária também alerta para o risco de parasitas no alimento, “alguns parasitas intestinais fazem seu ciclo reprodutivo com cistos formados na carne de animais. O consumo dessa carne crua pode gerar contaminação por parasitas intestinais e promover outros problemas”.
Por isso, é de extrema importância que estes alimentos sejam devidamente cozidos, para um consumo mais adequado.
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Antibióticos para o pet pode ser perigoso?
O uso indiscriminado de antibióticos, seja em dose incompatível com o peso, seja por período de tempo diferente do indicado pelo médico, pode promover resistência ao medicamento, o que pode acarretar na propagação das superbactérias, podendo piorar o estado de saúde do animal.
“É muito importante que seja obedecida a dose correta a ser administrada, o número de doses diárias, e a duração do tratamento. Se algum destes fatores falhar constantemente pode acarretar resistência bacteriana, maior demora para cura da doença, e até mesmo intoxicação quando usado em excesso”, alerta.
Importante saber
Os antibióticos são medicamentos extremamente seguros e eficazes quando utilizados de forma correta. Algumas bactérias que afetam os animais também afetam os seres humanos, por isso buscar um médico veterinário para cuidar da saúde do pet é uma forma de proteger não somente o animal de estimação, mas toda a família.
“Qualquer medicação só deve ser fornecida com a devida orientação do médico veterinário daquele animal, para aquela situação específica – nada de pegar a receita de outro pet, da família ou da vizinha”, finaliza.