Os enforcadores, também chamados de colares de treinamento, são coleiras ou dispositivos para o pescoço do cachorro que tem por objetivo causar algum tipo de dor ou incômodo. Esses objetos foram criados para utilizar durante o adestramento e, quando o animal faz algo errado, o colar o machuca para repreendê-lo.
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Existem vários modelos de enforcadores . Alguns possuem garrinha na parte inferior, por exemplo, para provocar dor no pet, já outras são elétricas e emitem choque. Algumas pessoas ainda utilizam esses colares para adestrar seus pets e resolver problemas de comportamento, mas não é um objeto recomendado já que a probabilidade de causar danos ao animal é muito grande.
Inclusive, muitos países já proibiram o uso desses acessórios graças a todos os problemas que provocam. Por isso, os donos devem conhecer os danos físicos e psicológicos que essas peças trazem e como isso afeta a saúde do animal.
Tipos de enforcadores
1) Elétricos
Os colares elétricos possuem um dispositivo acoplado com diferentes níveis de intensidade, podendo emitir desde um choque até uma leve vibração. De qualquer forma, é extremamente incômodo, irritante e confuso para os caninos essa descarga diretamente no pescoço.
Receber uma corrente elétrica nessa área traz problemas muito maiores do que simplesmente sentir dor. Os nervos da garganta se conectam diretamente à medula espinhal e, portanto, com o restante do corpo e do cérebro. Dessa forma, levar um choque no pescoço terá repercussão em toda estrutura corporal.
2) Pontiagudas
Os colares pontiagudos possuem várias pontas ou garras ao redor da estrutura que tem por objetivo causar dor. Alguns modelos possuem plásticos nos dentes para reduzir o impacto com a pele, mas isso não diminui ou impede de causar danos ao pescoço.
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Na maioria das vezes o objeto provoca pequenos ferimentos e lesões na pele, mas as pontas podem chegar a perfurar a derme e acarreta na fricção contínua no pescoço, "rasgando" a estrutura. Além disso, a pressão contra a traqueia leva a uma tosse crônica e um colapso traqueal, afetando a capacidade de respiração. Em alguns casos até impede o animal de inspirar todo o oxigênio necessário.
Fora os problemas externos, os enforcadores causam outros internos. As glândulas secretoras de hormônios, por exemplo, tem seu funcionamento normal alterado devido à pressão dos espinhos, surgindo complicações na tireoide. O sistema linfático, circulatório e as doenças autoimunes também podem ser afetados.
É possível encontrar mais lesões nas costas de cachorros que utilizam essa coleira. Ou seja, é um acessório extremamente perigoso e ruim para o animal. A dor provocada não atrapalha só o bem estar e qualidade de vida, mas também o comportamento. O medo sentido pelo pet pode levar a atitudes agressivas.
3) Citronela
Diferente dos colares pontiagudos e elétricos, os de citronela são raros. Eles pulverizam um aerossol diretamente nas narinas do animal, geralmente composto de citronela. Aplicar um produto tão agressivo num local tão sensível pode irritar as membranas mucosas ou alterar o funcionamento do nariz, secando ou produzindo umidade excessiva, provocando dor e perda de sensibilidade.
Além disso, pode danificar as glândulas odoríferas, impedindo o cão de cheirar normalmente. Isso afetará também a comunicação com outros de sua espécie, já que necessita do olfato para isso. Lembre-se que um canino não pode ser feliz sem o faro, um sentido tão essencial para seu bem-estar e qualidade de vida.
Danos físicos
As coleiras são colocadas no pescoço, uma área delicada do corpo e fundamental no desenvolvimento neuronal e hormonal. Logo atrás da pele se localiza a garganta, um local cheio de glândulas secretoras de hormônios, como a tireoide. Fora isso, alguns dos principais nervos da medula espinhal são ramificados no pescoço. Ou seja, é uma área arriscada para usar os colares de treinamento.
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Fazer o animal utilizar esse acessório provoca estresse de maneira contínua, aumentando o nível de cortisol. O cortisol provoca mau humor e reduz os hormônios responsáveis pelo relaxamento, calma e felicidade. Isso tudo acarreta em irritabilidade, estado emocional exaltado e dificuldade para descansar.
Num geral, os colares não cumprem a função que prometem: resolver problemas de comportamento. As alterações hormonais acarretam num baixo autocontrole, ou seja, o cachorro desenvolve uma má conduta pior do que a anterior.
Danos psicológicos
Além das consequências físicas, os enforcadores também provocam sérios problemas psicológicos. O uso de punições durante o adestramento não funcionam e, na maioria das vezes, só pioram o comportamento. Na verdade, isso só leva a insegurança, estresse e medo. Fora isso, a presença da dor consegue agravar a situação.
Todos esses fatores reunidos podem tornar o animal violento e extremamente arisco a você. Medo e estresse são as causas mais frequentes de agressão e os principais gatilhos para ataques e mordidas.
Essa forma de adestramento provoca graves danos psicológicos, que raramente são revertidos. Usar punição é uma péssima forma de aprendizado, já que o cachorro associa erroneamente os comandos. Sem contar que muitas vezes não entende porquê está sendo punido. O uso do colar não passa nenhuma informação útil sobre qual deveria ser sua conduta.
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Ou seja, isso não soluciona o problema na raiz. Os enforcadores devem ser descartados logo que deseja adestrar seu animal. São muito perigosos para arriscar a vida do bichinho. Hoje em dia já existem técnicas muito melhores para treino e melhora de conduta. Contrate um profissional se precisar de ajuda para tornar o pet obediente.