Cuidar da saúde dos pets vai muito além de banho, alimentação e vacinas. Um detalhe que muitos tutores ainda deixam de lado pode ser o responsável por uma série de doenças silenciosas: a higiene bucal.
O acúmulo de tártaro, o mau hálito e a gengivite são apenas o começo de uma lista de problemas que afetam cães e gatos quando os dentes não recebem a atenção necessária.
Apesar de parecer um cuidado simples, a escovação dos dentes é um hábito que ainda está longe de fazer parte da rotina da maioria dos tutores.
Segundo a veterinária Ingrid Santoro, “a grande maioria dos cães e gatos desenvolve algum tipo de problema bucal em algum momento da vida por falta da higienização”.
Ela explica que mais de 80% dos pets apresentam alguma doença bucal ao longo da vida e o pior é que muitos tutores só percebem quando o quadro já está avançado.
De acordo com a especialista, as doenças mais comuns são tártaro, gengivite, halitose, infecções e até fraturas dentárias.
“Essas condições, se não tratadas, podem causar dor intensa e até comprometer outros órgãos do animal” , alerta.
Sinais de alerta
O mau hálito é um dos sintomas mais conhecidos, mas está longe de ser o único.
A veterinária destaca que os tutores devem ficar atentos a “ dificuldade para mastigar, sangramento nas gengivas, dentes moles ou caindo, salivação em excesso e até mudanças no apetite do animal”.
Em casos mais graves, podem surgir inchaços na boca ou no rosto, indicando infecções profundas.
Engana-se quem pensa que os problemas bucais afetam apenas a boca. “A má higiene bucal pode permitir que bactérias entrem na corrente sanguínea, afetando órgãos importantes como coração, rins, fígado e pulmões”, explica Ingrid.
Essas bactérias podem causar endocardite infecciosa, doença renal crônica e até pneumonia.
“As bactérias bucais podem levar o fígado a produzir mais proteínas inflamatórias, como a Proteína C Reativa”, completa a veterinária, ressaltando que o impacto é muito mais amplo do que muitos imaginam.
Dor e comportamento
Além das complicações físicas, o desconforto bucal também interfere no comportamento.
“A dor pode deixar o animal mais estressado e até agressivo, especialmente durante a alimentação ou ao ser tocado na região da boca”, pontua Ingrid.
Escovação diária é essencial
O segredo da prevenção é simples, mas exige constância. “O ideal é fazer a escovação diariamente. No máximo, a cada 48 horas, para evitar o acúmulo de placa bacteriana”, orienta a veterinária.
Ela também explica que, embora petiscos e brinquedos de mastigação ajudem, “a escovação é o método mais eficaz de todos”. No entanto, Ingrid faz um alerta: “ossos duros e brinquedos muito rígidos não são recomendados, pois podem causar fraturas dentárias”.
Mas o cuidado com os dentes deve começar ainda cedo. “A partir dos seis meses de idade, quando os dentes permanentes já nasceram, é indicado começar as avaliações odontológicas com um veterinário”, recomenda.
Embora os cuidados básicos sejam semelhantes para cães e gatos, algumas raças têm maior predisposição a doenças periodontais.
“Entre os cães, raças como Poodle, Yorkshire Terrier e Dachshund são mais suscetíveis. Entre os gatos, Persa, Maine Coon e Siamês merecem atenção redobrada” , explica.
Um gesto de amor
Manter a saúde bucal dos pets é, acima de tudo, uma forma de carinho e cuidado. Uma rotina de escovação, aliada a visitas regulares ao veterinário, pode garantir mais qualidade de vida, longevidade e bem-estar.
Como reforça Ingrid Santoro, “ cuidar dos dentes dos pets é tão importante quanto vacinar ou alimentar bem. É uma atitude simples, mas que faz toda a diferença na vida deles.”