Eles não usam farda, mas estão sempre prontos para agir ao lado dos bombeiros em situações de risco.
Os cães de busca e salvamento desempenham um papel fundamental em operações de resgate e, por trás de cada animal, há um processo rigoroso de seleção, treinamento e muito carinho envolvido.
O Capitão André Marinho de Godoy do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Espírito Santo(CBMES) explica que a escolha de cada cão passa por uma análise minuciosa de diversos aspectos.
“A seleção é criteriosa e leva em conta características como instinto de caça e de presa, coragem, independência e determinação”, detalha o capitão.
Segundo ele, também é fundamental que o animal tenha um temperamento firme e equilibrado, sendo capaz de tomar decisões de forma autônoma durante as missões.
Embora qualquer cão com essas qualidades possa ser treinado, algumas raças têm mais destaque nesse tipo de serviço.
“O CBMES utiliza principalmente pastores alemães e pastores belgas malinois, porque são raças com resistência, inteligência, equilíbrio emocional e um forte instinto de caça”, explica.
Treinos
Além da seleção criteriosa, o desempenho dos cães em operações depende de um treinamento contínuo e altamente especializado.
Desde filhotes, eles passam por uma preparação intensa que desenvolve suas habilidades e os capacita para atuar em situações reais com precisão e eficiência. O treinamento começa cedo, ainda na fase de filhote, por volta dos 60 dias de vida.
“Nesse período, o foco é a socialização e a exposição a diversos estímulos. À medida que crescem, os cães são treinados em técnicas específicas de busca, como rastreio e venteio” , conta o Capitão.
Os exercícios são realizados sempre de maneira lúdica, com brinquedos como recompensa para reforçar os comportamentos desejados. O preparo completo leva tempo.
“São cerca de dois anos até que o cão esteja realmente pronto para atuar em operações reais”, destaca André.
Rotina
Mesmo fora das missões, o trabalho continua. Os cães seguem uma rotina diária de treinamentos e cuidados com a saúde, essencial para manter o preparo físico e mental.
“Eles fazem exercícios físicos, simulações de busca e interações sociais para manter o condicionamento físico e também o mental” , diz.
Muito além de companheiros de trabalho, esses cães fazem parte da vida de seus condutores. Em vez de ficarem isolados em canis, eles moram com os seus condutores, compartilhando a rotina dentro e fora das missões.
“Esse modelo fortalece o vínculo entre ambos. A convivência diária facilita a comunicação e aumenta a confiança, o que reflete diretamente na eficácia das operações”, explica.
Esse laço especial é conhecido como " binômio " e é considerado uma das principais chaves para o sucesso da dupla em campo. A alimentação também é acompanhada de perto.
“Os cães recebem uma dieta especial, balanceada de acordo com as necessidades energéticas. Tudo com acompanhamento de médicos veterinários” , explica o capitão.
Aposentadoria
Após anos de trabalho intenso, dedicação e parceria, também chega a hora de desacelerar. Assim como qualquer profissional, os cães de serviço têm seu momento de descanso reconhecido com carinho e respeito.
“Geralmente, eles se aposentam por volta dos 8 anos de idade. Muitos continuam vivendo com seus condutores", explica.
A relação entre o cão e seu bombeiro vai muito além do treinamento.
“É uma parceria de confiança. A comunicação e o entendimento mútuo entre ambos são essenciais durante as missões”, finaliza o cabo.